Pra Quê Palavras?

Quando grande é o sentimento
As palavras nos limitam
São pobres ou muito curtas
São faces nunca desnudas
Da verdadeira expressão

Quando grande é o sentimento
O alfabeto é muito pouco
As frases viram um sufoco
Sem nos dar rumo ou direção

É aí que entra o olhar
O sorriso, o corpo quente
Para dizer que entre a gente
Há muito forte a emoção

Quando os olhos se encontram
E o brilho nos reflete
A verdade se esclarece
Sob a forma de paixão

Quando o sorriso se equipara
Tanto ao meu quanto ao seu
Sabe que se compreendeu
O firme elo desta união

Quando os corpos se encontram
Aquecem juntos frio de saudade
Não se desfazem da liberdade
Tampouco divergem a compaixão

Palavras são poucas demais
Nem sequer focam o meu sentido
Preciso lhe mostrar bem mais preciso
De fato o que sente meu coração

Por isso cruzo olhar contigo
Sorrio, lhe aqueço, lhe desejo
Pois quando grande é o sentimento
Nunca escute o que eu digo
Espere a voz que sai por dentro
Lhe dizer, em seu ouvido
O quanto doce é seu beijo
O quanto é bom cada momento

O quanto é forte a emoção

Paixão Profissional

Se aqui estou acordado
Sem que doa o meu refúgio
Do prazer de um sono amado
À delícia da ideia surgida
Significa que sou grato
Ao destino concedido
Pelo fruto já colhido
De um trabalho compensado

Já não fujo deste medo
De sofrer pelo ocorrido
Ao qual senti-me abatido
De perder um tanto cedo
Um futuro planejado

Já não choro sem sentido
Por fracasso surpreendido
Nem por estar pouco mais longe
Do meu destino ontem esculpido
Previamente desenhado

Agora sou mais que desejo
Larguei de mão meu iludido
Sou processo e satisfação
Por um enorme aprendizado
Perdi o infantil da esperança
Porém ganhei educação
De certa forma, o que era criança
Em mim tornou-se superação

Eu agradeço por ter errado
E condenado à perseverança
Pois sei que agora em mim avança
Um sentimento de ter lutado
E compreendido a relevância
Da coerência e da relação
Que agora unidas desde então
Criaram um perfil de liderança

Confirmando a base da minha paixão
De amar minha carreira, e muito obrigado
Mesmo que pese o resultado
Sei que eu já venci
Por ter um maior controle
De tudo que está por vir

Então me sinto relaxado
Mas nem um pouco desleixado
Se perdi músculo noites acordado
Ganhei neurônios eletrificados
Que servirão para dar a luz
A brainstorms mais apurados

E o novo destino eu já propus
Mas nem por isso esperarei sentado
Lutarei sempre para poder crescer
Tornar-me gigante pelo que me conduz
Tornar-me forte pelo carregado
Fazer da sorte somente um agrado
Abusar do corte como a cicatriz
De quem já teve com o que sofrer

Hoje aprendi,

Que só depende de mim,

Fazer acontecer

O que eu havia sonhado.

Acordado De Verdades

Se acordo há um instante
Percebo o vão tão agravante
De um sonho transparente

Vivo a fé do militante
Ou a crença do engenheiro
Num navio de cabo armeiro

Vivo a dor da alegria
Piso em mar na rodovia
Me encolho na estante

Não há lúcida utopia
Que me acenda a luz farsante
De uma vida sem veleiro
Que me leve ao consciente

Vivo à flor da meia idade
Mas não digo a muita gente
Meu sintoma da verdade
É o próprio inconsciente

E se luto ferozmente
À defesa do atacante
Fico sempre mais distante
Desta pobre realidade

Já que pronto eu estou
De acordar da minha mente
Dormirei daqui pra frente
Abrindo os olhos com vontade

Cegando à luz do mundo inteiro
Descrente da Sociedade

Mudar Um Desafio

Se alcanço o topo desconfio
Da possível pedra lisa
Que fará cair sob o vazio
O meu corpo

Se estou no alto sinto frio
Não percebo a delícia
De sentir que me surgiu
Da vida, um sopro

Por este árduo desafio
Espero são continuar de novo
A minha fé não padeceu
Mas mereceu mudar um pouco

O que me aflige é não estar só
E mesmo assim carecer abrigo

Só não quero criar um nó
Num laço tão bonito.

Duas e Meia do Amanhã

Hoje eu tive um sonho
Muito fácil de entender
Que não me deixou dormir

Não sei bem se era sonho
Na verdade, quero dizer
Não sei nem se eu sorri

Ou a fantasia me fez crer
Que, no meu sonho, eu vivi
Tão mais feliz ao conhecer
Tão mais sincero ao me iludir

E acordei sobre o vazio
Não entendendo a amplidão
De tanto amor, por que sozinho
Me sinto agora ao meu colchão?

Já foi mais fácil viver a mim
Sem quem firmar elo união
Mas com esse sonho, redescobri
Que o meu desejo é um coração
Capaz de ouvir e me sentir
Sem intuito de me possuir
Mas possuindo minha paixão

Eu acordei e não entendi
Se sorri ou lacrimejei
Porque, de fato, eu mesmo sei
O quanto espero por ser feliz
Com um alguém que eu sempre quis
Mas nunca ao menos encontrei

Agora volto a dormir
Sem medo do que irei sonhar
Pois a emoção que me faz rir, também me faz chorar

E, não que chegue a incomodar,
Mas é tão chato esperar aqui
Por um coração capaz de ouvir, me possuir
Me apaixonar

Expresso Amigo

Se é difícil de pensar
Atue às horas em que for feliz
Quando é difícil de agir
Pense naquilo que você sempre quis

Porque é mais fácil refutar
A própria vida quando ela não diz
Os caminhos que lhe fazem procurar
Por um atalho inexistente aqui

Se o poder do seu instinto
Saber olhar sem se perder
Lhe fará tudo conhecer
Desde uma nota a consoante

Se o almejo da luxúria
Fazer do pobre uma lamúria
Já não és rico de entender
O quanto o nada é bastante

Se falta luz para você
Não culpe a lâmpada queimada
Que continua sempre acesa
Mesmo aparente apagada

Pois fora a própria ansiedade
Sua que ligou com intensidade
A luz tão forte da verdade
Tornando cegos os seus olhos
E surda a sua capacidade
De intuir

Já não demora a possibilidade
De arcar com os erros da sua idade
De olhar pra frente sem ansiedade
Deixando pra trás a sua estante
Cheia de fotos de farsantes
Que irá ruir

Se for mais fácil pra mudar
Prepare tudo antes de olhar as horas
Para não agir sem demora
Para entender o que o aflora
E saber crer no que lhe salva
De todo perigo que, lá fora
Parece doce mas lhe salga
Ou de tão vil já lhe devora
Sem tempo para reagir

Se perde o fruto da saudade
Esquece as mágoas que permutam
Entre a tristeza que lhe dão
E a certeza que lhe roubam

Se ganha o fruto da amizade
Floresce as mãos que lhe ajudam
Bem carregadas de paixão
Capaz de amarem a quem lhe encantam

Com muita dó e piedade.

Braço Amigo

A vontade que me agarra
Muitas vezes é de praxe
Saber de amores e desastres
Dos meus grandes amigos

Queria sentir, à amizade
O que aflige meus corações
Para ajudá-los a todo momento

Falo em plural, pois é verdade
Meu peito bate várias canções
Tanto amor quanto sofrimento

Quero estar sempre por perto
Quero pode viver contigo
Se eu não sei quando estou certo
Só saberei num braço amigo

Não pense nunca em esquecer
Todo o bem que já vivemos
Se for difícil entender
Basta ver
Que nós crescemos.

Flecha Sem Direção

Quero uma ocupação
Que me faça esquecer
Do cotidiano resquício
Quero um coração
Que bata mais forte
E não sofra o explícito
Momento de afastar-se do vício
Momento de arraigar-se à sorte

Sinto estar repleto sem o completo
Sinto-me dizer que sinto me dizer
Sinto olhar à frente e esquecer
Porque já não sinto mais prazer

Penso estar ao norte quando o sul vem atrás de mim
Confunde-me o caminho que já desisti
A ordem entre o querer e precisar desequilibrei
Já me perdi

Queria um coração forte para me fazer seguir
Queria não arcar com a fragilidade do sentir
Podia deixar de lado o que já sofri
Mas a flecha insiste em me ferir

Se eu soubesse onde estão os atalhos
Para chegar mais rápido ao longe
Não escolheria o mesmo rumo de sempre

Se eu esquecesse os retalhos
Para não embelezar o monte
Escolheria um rumo diferente

Queria um sinal
Que me aponte você
Queria descobrir
Onde lhe conhecer

Estão me atingindo com flechas, sem ponta nem direção
Queria ao menos um rumo para encontrar seu coração.

Cegueira

Senso não há, mesmo que refutem
Para uns é infinito, não muda, não pára
Por mais que queiramos é incoerente
Amar e pensar que o amor é pra sempre

Nascemos ligados à união da família
Em maioria amamos a quem nos concebe
Porém é errado pensarmos num elo
Infinito e imortal, mesmo tão sincero

Calçamos de paz, harmonia e desejo
O fruto do amor como a maior natureza
Ilusão que nos cega por sua beleza

Pensamos que não há, na vida, maior cortejo
A emoção do amar parece de extrema pureza
Ilusão que nos cega por sua certeza

Esquecemos que amar, de tão belo é passageiro
Floresce no inverno por abraçarmos os quentes
E termina ao verão quando não somos carentes
Ou acaba quando conhecemos as diferenças da gente

A paixão nos encanta, domina e esquenta
O amor nos consagra, confia e acalenta
E a possibilidade de ambos aluírem
Pode ser pouca, baixa ou lenta
Mas existe
Não há como escapar

A emoção nos cega, renova e inova
Parece maior que a própria razão
O fato é que há a dualidade sublime
Entre o racional e a nossa paixão
Que insiste
Em desequilibrar

Por mais que queiramos, o amor nos oprime
De entender a emoção como ela é, passageira
Se quisermos conhecer a verdade por inteira
Devemos calçar razão à nossa maneira de amar.

Para Os que Têm.

Tão nobre por tão pouco
Acorrentado ao preço
Faz-se de solto mesmo preso ao mundo

Tão novo já tão rouco
Grita por desejos, pede e perde tudo

Fala sem entender a própria mudez
Não por incapacidade
Sim pelo que na verdade todos amigos
Demonstram a surdez
Daquele que fala sem pedir vez
Daquele que ergue-se acima dos desnutridos

Cospe no chão do egoísmo
Calça brasa e pisa nos descalços
Compreende o narcisismo
Por não haver motivos de laços

Já está amarrado
Em um elástico
Que segura dez, vinte, cem

Já está derrubado
Sonhando com o drástico
Momento de dizer que tem
tem, tem, tem.

Em Festa de Penetra não entra Convidado (Canção)

Ninguém me avisou do possível
Inventaram festejar assim
Ganharam um minuto a mais
E perderam muito mais de mim

Joguei toda a minha fé no invisível
Acreditei no que investi
Só mesmo a sorte me diria como se faz
Para poder fugir

Me disseram o caminho
Me mostraram o perigo
Me chamaram de amigo
Mas eu não queria ouvir

Hoje fecham o abrigo
Me transmitem o sofrido
Se acordo vão dormir

Alcancei o topo do baixo nível
Aumentei pernas, mas sequer subi
Na fila que havia à minha frente
Eu nem mesmo via o fim

Me disseram o caminho
Me mostraram o perigo
Me chamaram de amigo
Mas eu não queria ouvir

Hoje fecham o abrigo
Me transmitem o sofrido
Se acordo vão dormir

Se acordo vão dormir
Se eu durmo falam mal de mim
Se acordo todos vão dormir
Mas juro, juro, juro
Eu não queria ouvir

Sono Lento

Hoje vou dormir bem
Não porque estou cansado demais
Nem porque trabalhei o dia inteiro
Muitos menos por puro desespero

Hoje vou dormir bem
Não porque perdi a sorte
Nem porque estou à beira da morte
Tampouco pelo excesso de esporte

Hoje vou dormir bem
Não porque livrei-me da tristeza
Nem porque minha cama é realeza
Banhada a ouro da nobreza

Hoje durmo bem, porque preenchi a minha essência
E sem desdém agradeci a natureza
Por conceber-me a riqueza da alma

Hoje durmo além do que as seis horas diárias
Pois sei que estou seguindo o rumo
De todas minhas várias
aspirações

Hoje durmo bem, pois meus objetivos alcancei
E sim eu sei que haverão outras missões
Mas nem por isso bato palma

Hoje eu durmo bem, mesmo sabendo o que me falta
Pois sei que hei de usufruir
Toda esta paz que me acalma

E só por isso eu dormirei
Sem medo do que virá a mim
Pois sei que força adquiri pelo suor

Se hoje amei ou se sofri
Mesmo esquecendo de sorrir
Não me importo, eu entendi
Que sempre há a possibilidade
De fazer um amanhã melhor

Não é

Não é a dor que me disseca
Tampouco o ar que me renova
O que me muda ou me transforma
É a realidade da nova guia

Sou o mesmo de sempre, e não importa
Se há controvérsias do meu estilo
Sou um pouco aqui e um pouco ali
Eu me contorno a qualquer presença

Me faço igual ou diferente
Minha face é máscara de tanta gente
Mas mesmo assim não me comporto
Com o coração sou eu mesmo sempre

Para uns há luz, outros escuridão
Para poucos há raiva, outros paixão
Para muitos há névoa, outros viagens
Para todos há o mesmo, mesmo que pareça invenção

Não é a cor que me rotula
Tampouco a voz que me inova
O que me muda ou me transforma
São as amizades da minha vida

O Desentendido

Parte a fúria com desdém de quem amou e odiou alguém
Do mesmo prato a que convém comer, de fato, a sua lamúria
Da mesma forma que à fúria se rasga o que já não mais tem

Reage em pró da congruência de amor e penitência
Faz-se entendido no discurso a quem se ouve mesmo mudo
Esquece a voz do já sofrido pelo orgulho exacerbado

Queima em brasa o seu ouvido, apenas à gosto do odiado
Não há sequer o percebido olhar do pobre conhecido
E se quiser o ardor sentido, faz-se de desentendido

Chama-o de fardo
Quando consumido
E de amargo o doce
Recém-surgido,
Descontrolado.

Por Mais Sempre Haverá

Por mais que haja desilusão
Sempre há um motivo para sonhar
Seja uma lembrança ou algo que nos faça imaginar

Por mais que haja solidão
Sempre há alguém para contar
Seja conhecido ou não, só precisa compartilhar

Por mais que haja má intenção
Sempre há uma escolha a se fazer
Seja ela fácil, difícil ou impossível de compreender

Por mais que haja a dúvida
Sempre há repostas
Mesmo que elas demorem de chegar a você

Por mais que haja o abismo
Sempre haverá um atalho a se cruzar
Mesmo que seja perigoso, longo ou cansativo

Por mais que haja escuridão
Sempre há uma luz para nos guiar
Seja ela o sol, a lua ou o brilho do seu olhar

Num, somos Dois

Arde o peito quando um desejo
Vem ao seu leito entregar-se à paixão
Tal como uma esfera de luz se libera
Novamente ao seu corpo explodindo emoção

A leveza de um livre e adoçado beijo
Mostra-se quente por dentro da gente
Quando conhecemos a nossa união
Verdadeira posse do fruto paixão

A certeza de um futuro não precisa ser lida
Pois conforme o destino seguiremos então
Livres em conjunto, na fé de estar junto
Sem corda, só ritmo - de prazer e gratidão

O apego é forte, mas não combate à posse
O melhor se faz com nossa asa aberta
Hoje lhe pego, lhe vejo, lhe tenho e desejo
Um contínuo laço entre a paz de oferta
E a demanda de uma junção correta

Não existe união baseada em diferença
Acaba adquirindo a indiferença incerta
Daí a tristeza corrói falsos sentimentos
Destrói todo o apego do relacionamento

Mas a relação que se faz à base do igual
Torna-se imortal pelo fato da semelhança
Que nos calça de amor, liberdade e esperança
Justo por gostarmos de um mesmo ideal

Sou muito feliz por lhe ter afinal
Igual como eu, só você: ponto final

A Brisa

Ao alcance da paz espiritual
Corre em minhas veias um sangue morno
Sangue leve, mas não quente
Sangue livre, dentro da gente

Como uma brisa vem e refresca
Nos deita ao leito de um leite branco
Nos beija um beijo de puro encanto
Nos livra o sono em um manto duro
Transforma-o em fofo colchão de santo
Transmite-nos sonhos em um sussurro

Não mais com pés pisa o chão
Não mais as mãos cerram punhos
Somente só nunca mais será
Somente só, nunca mais então

Pouco vale a fé neste sentimento
Tal qual não resume um único momento
Tal tipo de brisa, diferente do vento
Compõe a nova era, um renascimento

Impossível taxar com pouca descrição
Efeito este que é tão simples, genial
Impossível atar agora livre as mãos
De quem sentiu a brisa do prazer imortal

Impossível, afinal
Não há como prender-se ao que se foi
Não há como render-se ao que virá
Não existe quem seja contra
Ao sensacional

Sinto as minhas asas e tenho pena
Daqueles não crentes deste prazer
Vejo a minha alma viver um dilema:
Nesta vida, Ser ou não Ser?

Eis a questão, já resolvida
Sinta a brisa
Para entender

Não Deixe

Não deixe de seguir seu caminho
Rasgar livros mal escritos
Impedir os gritos do vizinho
Livrar-se do mal sozinho

Não deixe de sentir frio
De sentir o calor do vazio
De esvaziar as águas do rio
De viver por um fio

Não deixe de pensar
De plantar, deixar crescer
Reproduzir e morrer
Não deixe de amar

Não deixe de resolver
Seus piores medos, problemas
Ou deixe para depois resolver
Mas não esqueça-os debaixo da cama

Não perca por esperar
Um novo caminho a trilhar
Não deixe de andar
Enquanto se deixa levar
Pelo ar.

Ando, Sigo

Não sei ao certo
Se há realmente
Uma vida na gente
Capaz de preencher o deserto

Estendo o complexo
Da razão ao desconexo
Do vago ao repleto
De um deserto incompleto

Não entendo o consciente
Me confunde, brinca comigo
Me desentende, finge de amigo
E depois some completamente

Estendo a minha mão para o ar
Em busca de algo encontrar
De algo aparecer
À minha personalidade

Enfrento o coração, tento acelerar
O ritmo do batimento
Só para evitar
Que ele pare em algum momento

Tento conhecer a verdade
De como sopra o vento
Da minha vida

Tento resgatar a saudade
Da minha memória esquecida

Tento dar a face desentendida
Ao prazer
Tento argumentar com uma cor desconhecida
O quanto estou cego pra ver

Apago as chamas do comodismo
E reacendo a fogueira do risco
Pois este estou pronto para correr

Me surpreender
Comigo.

Use o Cinto

Não há brilho mais no céu
Se de tudo já me perdi
Em um minuto que não vi
Aquilo próximo a mim

Não há mais o que viver
E já me pego a mentir
Que não pensei, mas sei que sim
Antes mesmo de sofrer

Acidentei-me e caí
Levei comigo o bem querer
Que a todo o tempo eu colhi
E hoje sei que destruí

Insegurança, só por isso
Relaxei e desmenti
Ri, gargalhei, muito bebi
Sem perceber meu sacrifício

Parei, sentei e fui sair
Voltar a quem quis mais de mim
Que um saco podre na estrada

Chorei, chorei, daí senti
Mas não posso me redimir
Agora sou uma vida passada

Vivo sempre ao seu lado
Ouvindo fraco a sua voz
Não mais casal, mesmo que sós
Este é o meu triste e longo fardo
Que guardarei sempre a mim

Eu sinto muito, muito mesmo
Sei que não era a hora do fim
Criei em ti a dor da mágoa

Me desespero, me desprezo
Sei que falhei quando morri
Ao misturar álcool e estrada

Eu me ignoro, mas lhe desejo
Espero mais uma chance, na esperança
De outra vida sem que eu me esqueça
De um simples cinto de segurança

Não mais eu choro, mas lacrimejo
Perdi você e as crianças
Hoje lhe olho e lhe almejo
Digo "te amo" mesmo calado
Tento um beijo, Sinto o seu cheiro
Mesmo sem você nunca mais ter usado
A nossa fragrância.

Perdi meu amor, por ignorância.

Deleite do Mesmo

Nunca se sabe como arde
Um simples sonho perdido
Do recriar de uma arte
Ao vazio do não lido

No que transparece leveza
Pesa a mais em natureza
Que um mundo imenso
Carregado de sangue tenso

E se desaparece a fortaleza
Vê-se a mim com clareza
Dói em si a tua surpresa
De me olhar à aparência

Descobre então um vil desgaste
De ideias nobres agora pobres
De pedaços ouro que viraram cobre
Sem nenhuma possibilidade de resgate

Descobre aqui a minha parte perdida
Escondida pela pele
No que ela a transfere
Amargo sabor de uma alma sofrida
Cheia de teias

E no mais triste encanto, ela morre
Sem esperanças de voltar a uma vida
Tal qual lhes fora desiludida
Pelo vermelho sangue que já não mais corre
Em minhas veias.

Semiologia

A visão de uma realidade
Posta à prática da verdade
Comum se encontra entre indivíduos

Relacionada ao signo
Trazem consigo
O significado de leitores assíduos

Destes que compõem o real
Ao próprio método usual
De si

Destes que recriam o natural
Tendo como base
O aqui

São eles que dissertam seus testamentos
Desenvolvem conceitos do vento
Para abranger a dor de um furacão

São os mesmos que só por dizer já lamento
Fazem parte do afirmamento
De um significado atrelado à ilusão

E de seus próprios ancestrais
Julgam o ritmo do conhecimento
Não pelos signos astrais
Mas sim pelos signos amostrais
Do que têm como entendimento
Eficaz.

Formigas Gigantes

Ínfimas de percepção, elas escondem
O grau de um gigantismo colossal
Aos olhos comuns do pobre homem
Escurecem a luz de uma força descomunal

Recebidas sem dor nem pena
São esmagadas sob pena de morte
Acusadas de simplesmente viver
Perto da humanidade

Às comidas todas fazem cena
Levam felizardas sobras da sorte
Armadas para simplesmente viver
Perto da tempestade

Diferente de outros animais
Que comem sem pensar
E morrem sem comer
Após o inverno começar

Com o passar dos anos evoluem
Tomam forma e tamanho
Equivalente ao raciocinar

Gigantes, destroem o mundo
Pisam o pé forte e fundo
Nos pequenos humanos indefesos
Criando uma verdadeira lambança
Desta vez, os homens, não sairão ilesos
Desta vingança.

O Negócio

Qualé da boa, diga aí irmão
Levante esta sua marra de negão
Qual é o negóxio?

Qualé de mermo, sabichão
Mostre sua cara e me fale então
Qual é o negóxio?

O negóxio, o negóxio...
Num sei o que é não.

Tá com medo, seu fudido?
Se perdeu desiludido?
Fale logo qual é o negóxio
Senão vai tomar uma porrêta!

Ok ok, não quero treta.
Sabe qual é o negóxio?

É CUMÊ CÚ E BUXÊTA!

O Dia de Amanhã

Seria preciso
Um dia sequer no tempo
Vinte e quatro horas de lamento
Para me entender

Um dia consigo
Perder a face no vento
Sentir brisa num sopro lento
Para conhecer
A mim

Resgato o lírico
Mas o Eu já não tento
Supero um sofrimento
Mas volto a saber
Que perdi

Se um novo dia surgir
Quem dirá o que virá a mim?
Quem virá e o que dirá de mim?

Se o amanhã falir
Não suportarei meu passado
Triste caminharei sobre o fim
Esperando que o chão volte a pisar em mim

Se o amanhã sucumbir
Não enfrentarei outros passos
Triste cortarei os laços
Para esquecer que nasci.

Invasões Intergaláticas

Enquanto o verde for composto
De composto químico industrial
A natureza sempre sofrerá
Frente à humanidade irracional

Carentes do próprio contexto
Esquecem de seus eixos
E continuam a devastar

Doentes do próprio ego
Prevalece o desejo
De matar

E quando menos esperarem
Virá de bem longe a voar
Uma estranha máquina à margem
Do pior ambiente de cada lugar

A Terra finalmente conhecerá
Personagens de uma galáxia distante
E gritarão, sem titubear: Avante!
Com suas armas apontarão para o ar
Distribuirão células de gás hilariante
Farão os homens rirem de si mesmo
Como sempre riram, até nunca mais parar
E o sarcasmo adulterado nesta arma
Rasgarão das faces uma careta
Transformarão em pó toda alma
Humana no planeta.

Só então, ao voltar
Esta tribo intergalática entenderá
Que depois dos homens usarem demais
A fauna e flora ambientais
O mundo estará livre finalmente
Da pior das pragas nascentes:
O ser humano.

JR

Os anos preenchem uma grande questão
A questão se há no mundo algo tão forte
Capaz de moer uma amizade sem corte
Como a nossa que sara pela compreensão

Sem medo nem dor, juntos estaremos
Como sempre vivemos distantes ou não
Pois a força que temos em nossa união
Sela o amor dos momentos bons que passamos

Não há, tenho certeza, acontecimento
Que promova algum discernimento entre nós
Desde o inicio reconheci o ideal da nossa foz:
Recomeça no ciclo do próprio nascimento

Há vinte anos, nesta data, você nasceu
Cresceu e, aos treze, conheceu a mim
Desde esse dia percebo o quanto cresceu
E por estar ao seu lado, me desenvolvi

Sem sequer uma permuta, jogo-lhe o
Desejo de muito querer que você fique
Para sempre dentro do meu coração

E já que falamos em aniversário,
No meu, comprar presente: evite
Pois já sou grato de lhe ter como um irmão.

Toque Frio

Há momentos em que passa um vento
Abatendo sofrimentos e boas risadas
Colorindo uma vida cheia de lamentos
Contrastando a realidade de ilusões escassas

Nestas horas não há como separar
A verdadeira arte de viver, e descansar
É como se dormíssemos à sombra de nós mesmos
Esperando a felicidade chegar

Nestas horas as lágrimas decidem cair
Os olhos emudecem e libertam o que não esqueci
Vão descendo gotas até inundar o peito
E secar o coração de sofrimento

Para poder bater novamente, mais leve e vazio
Prestes a caber novos momentos felizes ou não
Assim vou vivendo, não me importo com este vento de solidão
Pois ele me esquenta do frio que congela a paixão
Ele me ensina a viver sem os erros que já cometi
Ele me ensina a ser o melhor de mim

Ele me diz o que ainda preciso conhecer
Mesmo que não haja razão.

Desligamento

Antes perdeste o tempo à utilidade
De algo que o faça crer na possibilidade
De em mundo novo transformar-se
Este vazio imenso da humanidade

Até ver além dos seus limites
Perderá tempo com o que só dizem
Não fluirá em mente aquilo que acredita
Pois de vísceras completa estará a sua vida

Imagens vem em ondas e não vão parar
Enquanto fechado esteja em seu conforto
Assimilando o que querem lhe assimilar

Desligue-se do mundo e verá
Quanto mais desligado, mais perceberá
A ausência do equilíbrio que estamos a enfrentar

Desligue,
Imagens vem em mais de mil cores a sustentar
Uma realidade tão verdadeira quanto o sonhar
E enquanto criam seus sonhos, você passa a acreditar
Em uma vida longe daquela que está perto de lhe sugar

Até um dia perder o tempo, a escolha e a respiração
Para colocar no lugar a morte de uma nação
Que podia viver simples sem titubear
Mas morreu triste por faltar (ou sobrar) coração.