Cegueira

Senso não há, mesmo que refutem
Para uns é infinito, não muda, não pára
Por mais que queiramos é incoerente
Amar e pensar que o amor é pra sempre

Nascemos ligados à união da família
Em maioria amamos a quem nos concebe
Porém é errado pensarmos num elo
Infinito e imortal, mesmo tão sincero

Calçamos de paz, harmonia e desejo
O fruto do amor como a maior natureza
Ilusão que nos cega por sua beleza

Pensamos que não há, na vida, maior cortejo
A emoção do amar parece de extrema pureza
Ilusão que nos cega por sua certeza

Esquecemos que amar, de tão belo é passageiro
Floresce no inverno por abraçarmos os quentes
E termina ao verão quando não somos carentes
Ou acaba quando conhecemos as diferenças da gente

A paixão nos encanta, domina e esquenta
O amor nos consagra, confia e acalenta
E a possibilidade de ambos aluírem
Pode ser pouca, baixa ou lenta
Mas existe
Não há como escapar

A emoção nos cega, renova e inova
Parece maior que a própria razão
O fato é que há a dualidade sublime
Entre o racional e a nossa paixão
Que insiste
Em desequilibrar

Por mais que queiramos, o amor nos oprime
De entender a emoção como ela é, passageira
Se quisermos conhecer a verdade por inteira
Devemos calçar razão à nossa maneira de amar.