Possibilidade

Rezo-me ao mar onde prego-lhe canções
Vendo-lhe minha alma como vendo as emoções
Cedo-me à ti então arcado estas prisões
Onde corre-se em mim o doce mel de suas paixões

Mesmo em árdua dor contínua percorro são este caminho
Fosse leve o frio que me abate quando eu estou sozinho
Ao qual me gusto de sabor o calor quente de seu ninho
Seduzir-me-á tão macio delírio de teu corpo quanto o vinho

Queimo-me em brasas sob imagens raras de sua beleza
Não há, pois sei, na natureza, tão leve canora ilusão
A raça que me impôe um forte instinto tal como um cão

Me rege, domina, és tão fina e bela a sua pureza
Tal que me castiga o destino de não poder resistir
À tua flecha, certeza, de que o meu coração irá ferir

Será que estou podendo novamente sentir
O poder da paixão que luta presa a mim?
Ou será que preciso buscar outra má proeza
Que defina em mim a fragilidade da minha defesa?