Céu Azul

Marchando e proclamando
Palavras ditas ao ar
Sem pensar, sem pensar
Marchando e atirando
Sobre inocentes ao mar
Sem pensar, sem pensar

Todo o destino antes traçado fora rejeitado
E agora mais de mil homens serão dizimados
Por aquele que nunca amou, mas é amado
E o que sobrará serão apenas restos inflamados
Coopere, então, se não quiser ser aniquilado

Céu Azul
Transforme essa gente em mais que humanos
Transforme as mentes em simples pensamentos
Transforme o sangue frio em calda de chocolate
Transforme o mau em bondade

Céu Azul
Erga sua misteriosa mão e toque a cidade
Com o toque da imunidade, do amar
Destrua, em todas as pessoas, a insanidade
Reorganize as palavras ditas sem pensar

E assim seremos livres
E assim seremos unidos
E assim enriqueceremos
Todos os livros de receita não lidos

Por favor
Transforme o mar incolor
Numa vida sem dor

Céu Azul
Transforme essa gente em mais que humanos
Transforme as mentes em simples pensamentos
Transforme o sangue frio em calda de chocolate
Transforme o mau em bondade

Céu Azul
Erga sua misteriosa mão e toque a cidade
Com o toque da imunidade, do amar
Destrua, em todas as pessoas, a insanidade
Reorganize as palavras ditas sem pensar

Marchando e reclamando
Fazendo da vida, a morte
Sem pensar, só dizer
Marchando e morrendo
Só continuarão a viver
Aqueles que ainda têm sorte
Pois não precisa ser forte
Para fugir do sofrer
Basta conter-se com um corte
E sangrar até morrer

Apocalipse (ou Aquecimento Global)

Quando as estrelas caírem na Terra
Eu estarei em pé ouvindo seus sons
Olhando suas próprias luzes brilhantes
Sentindo seus calores intensos

Quando o mar invadir o continente
Eu nadarei sobre águas frias e duras
Explicarei a vida num só sonho
Formaria a minha própria correnteza

Quando o sol apagar no universo
Eu acenderei minha alma
Iluminarei meus pensamentos
Para que não viva sobre o escuro

Quando a música terminar
Eu criarei sempre mais uma
Pra apenas voltar a cantar
E não deixar que minha vida suma

Relatividade da Esperança

A dor é ocasional
O sofrimento é efêmero
Se desfaz com o tempo

Há atitude casual
Tingida de infinita
Se desfaz ao lamento

Cor é sina do real
Mas não precisa ser bonita
Para criar um sentimento

Vida é um abstrato mortal
Doença desde a nascênça
Sempre levada ao vento

Não há nada tão habitual
Quanto amar ao próximo
E rogar-lhe o mal, antes isento

O céu só muda de cor
Quando atinge um ramal
Onde não há mais dor
Nem sofrimento
O céu só muda de cor
Quando percebe que há mal
Pior que o amor
Em qualquer relacionamento

Mas o céu não muda sua cor
Ao notar que o amar ideal
É fazer jus à liberdade
Manter firme a saudade
E o afirmamento, de obter a Paz
e, Jamais
O raso entristecimento da verdade
Ou a verdadeira razão da tristeza
Porque quem sabe a proeza
De definir um futuro plausível
Terá a beleza de conhecer
Um momento inesquecível
E poder conviver, com aquilo que seja
Portanto não pare de olhar, Veja
O horizonte é pleno e está perto
A esperança é relativa, mas não há deserto
O caminho pode ser difícil, mas nunca incompleto
E com perseverança se descobre
Que não há amor mais certo
Daquele movido por sincero afeto

Onde matam lobos
Estão os cegos da saudade
Dizem saber o que querem
Mas como sempre ferem: a verdade

Decepção

Vem, meu amor
Chora em meus braços
Chora o elo de seu amado perdido
Chore a dor dos prazeres escassos

Eu não lhe digo: Pare!
Pois por mais que eu fale,
Usas em mim a indiferença ardida

Ao meu ouvido: Chore!
Pois por mais que sare,
Não morrem aqui suas lembranças de vida

Agora largo meu ombro, Deixo-lhe ao chão
Rogo praga ao lembrar de tua ingratidão
Cuidei de ti, sofri, lhe ofereci paixão
Hoje não peça nem que aqueça o teu frio colchão

À tua morte, digo forte
Que por ti chorei em vão
Ninguém condena a própria sorte
Por medo de azaração
Mas a alma verdadeiramente forte
É aquela que cospe e não cai no chão
É aquela que usa o doce do mar
Para salgar a razão
É aquela que se faz de exata para amar
E se perde na mais vil ilusão
É aquela que se estreita no vasto deserto
E procura espaços num cerrado
O verdadeiro corpo não é o que se faz de esperto
É o que sabe a diferença do errado
E do certo.

Castre-se!

Eu digo: "Castre o homem!"
"Não!" respondem, afasto de espanto
"Por quê?" me perguntam, para quê?

Aqui onde castram cães
Tudo é invertido, sem noção
Dar o que se tem é insano
Negar o que se deve é solução

"Não!" respondem, afasto de idéias
"Tens solução para a nagação da dívida do epírito?"
Que espírito?
E, que espírito.

Por anos cães sofrem
Pelas atitudes dos seres-homens
Dizem que agressividade se previne assim
Enfim,
Castrem os homens.

Dá e deixa o que é do cão
Pois teu rosnar é puro instinto
Quem mais precisa ser castrado, extinto
É o bixo homem, que já se perdeu
Por isso eu digo o que sinto
"Abaixe o cinto e corte o teu!"

(...)

A Estrela Menina

Minha estrela vazia
Dorme na escuridão
Já não mais brilha
Por falta de paixão

A estrela menina
Dorme sem muita fé
Espera encontrar
Algo que lhe faça amar

A estrela menina
Dorme como quiser
Pois só se pode deitar
Já não sabe se apaixonar

A estrela menina
Pensa que príncipes virão
Pensa que há fantasia
Neste mundo ilusão

Ela sempre sonhou com alegria
Nunca fez-se de satisfeita
Ela sempre dormia para sonhar
Nunca desfez a própria cama
E essa menina ganhou fama
Da sonhadora incompleta
Que sonha em um longo caminhar
Um caminho sem muita reta
Se desfaz às curvas dos problemas, das falsidades
E, logo, as mais belas cenas do sonho
Se tingem de realidade
E destroem o contexto da fantasia
A menina agora sabia
Conhecer a verdade
Neste mundo de harmonia
E desigualdade.

Ninguém Pede Pra Nascer

Me disseram, eu já sabia
Que o amor é incerto
Não há valia
Para quem ama: o perto
É tão longe como a via
Que nos distancia
Que nos distancia...

Não há concreto
Nem abstrato
Amor deserto
Sem beijo e tato

Não há, espero
Um tudo ou nada
Há apenas o lero
Lábia jogada

Inda que minha poesia te faça crer
O quanto eu não amo você
Saiba que a hipocrisia vai envolver
Toda a minha valia do teu sofrer

E não ache que estou errado
Tenha certeza
Mas no bem bom do meu sorriso
Tá tudo beleza
Saber que nosso chão está tão liso
Quanto a minha clareza
E a minha consciência, antes pesada
Tá uma leveza

Quem seria tão genial
Para amar quem não se pode
Pois só quem se fode
É aquele que espera o mal

Quem seria tão imortal
De nunca morrer por um amor
Pois a ilusão é uma dor
E dói demais, namoral

Onde está o arco-íris colorido?
Perdeste a cor?
Talvez esteja escondido
Neste planeta incolor...

E quem consegue ver o sol,
Quem sabe ver o mar
Não pediu para nascer
Não pediu pra amar
Só pediu pra crescer
E poder ver um sol raiar

Buscar

Se as águas ardem como ácido
Pra quê plantar?
Se o sol queima como fogo
Pra quê expôr?
Se a vida anda como a morte
Pra quê amor?
Se o azar tem as mesmas chances da sorte?
Pra quê jogar?

O quanto vivemos em busca dos sonhos
É como se estivéssemos sempre à busca
Nunca paramos
Nem quando os conquistamos.
Nunca há satisfação por aquilo que nos torna felizes
É preciso sempre mais e mais
Cada vez muito mais
Até chegarmos em um nível de arrogância
Capaz de inferiorizar os que nos ajudam

Não é preciso ter tudo o que se quer
Basta gostar de tudo o que se tem
E o sonho estará diante do próprio nariz.

Não é preciso querer fazer tudo o que puder
Basta poder fazer tudo o que quer
O quadro negro é a vida, você será o giz.

Quem de mais

Quem de mais seria tão ingênuo?
Em não pereceber a verdade do real
Quem saberia o que é certo ou errado
Quem estou? Onde sou eu?

Quando relembro o passado, me pergunto
O que foi meu passado?
Quem estava comigo, junto?
Ninguém percebe o real sem pisar na terra.

Não voe demais, nem ateie guerra
Sem antes prender seu pé ao chão
Sabendo que nesse mundo não há coração
Há mentes, mentes, mentes, manipulação.

A inocência é a maior virtude do ser humano
E perde logo à infância, sem esperança de renascer
Quando o universo menos promete a ausência
Mais as pessoas começam a crescer

E crescem, lutam, rugem.
Mudam.
Nada.

Com a fé que se precisa, alcança o infinito
Mas é preciso saber o que é mais bonito:
Errar e ganhar? Ou Acertar e perder?
O que é bom para você?

Talvez nunca se desvende o segredo da vida
Aquele que nos faz feliz, uns poucos, uns mais
A tristeza é opção e nunca necessária, Jamais!
Quem busca alegria, mantém a paz.
Quem busca ousadia, provoca discórdia
O Ego de quem merece a morte
Se desfaz com sorte?
Onde iremos parar.

Sei que a verdade é um corte no imaginário
A verdade é um forte para quem sabe amar
E um fraco para otário que quer ganhar.

Quem nunca teve a chance de se arrepender
É porquê nunca teve uma vida para lutar
Não pode viver o incerto e a injustiça
Viveu com falsa unha postiça.
Falsa unha postiça.

Minhas saudades.
Por quanto tempo irei nadar
Sem saber para onde vou,
Sem saber onde irei parar.
Sem saber onde estou,
Sem nem poder falar...
Minhas verdades.

Ouvindo apenas falsas unhas postiças
Ouvindo apenas mentiras
Ouvindo apenas manipulação
Plantando felicidade e colhendo solidão.

Me diga, irmão
Onde encontro a porta da verdade?
Me faça essa caridade,
Me diga, irmão... se você é fruto da realidade.

As portas da emoção se fecham
Não abrem
As janelas do infinito se fecham
Ou abrem

Você é você?
Ou finge ser você?
Voce vive?
Ou finge viver?
Voce sabe o quanto
Me esforcei pra lhe ter?
Você sabe a verdade?
Ou ainda quer a conhecer?
Você morre de saudade?
Ou a saudade morre por você?

Quem é você?
Para onde vai?
Irá morrer?
Ou se desfará feito poeira no ar?
Morrerá afogado na beira do mar?

Meus olhos dizem coisas
Que não devo acreditar
A verdade é mentira
O amor não sabe amar.

O Sol

Áspero meio onde certo é inexistente
Falsas vidas em pró de si própria
Acabam por matar a si mesmas
Abrangendo à cópias da mídia
Falsas vidas que tristes inundam
O deserto mais quente da ilusão
Conformam-se em ver apenas a visão
De um simples objeto
Que em imagens se traz completo
Repleto de notícias, decerto sei
Que o certo ainda é inexistente
Portanto concreto não me conformo
De ver tanta pobre gente ao sofá
Assistindo uma janela de cortinas
Onde não podem ver o sol raiar
Apenas vêem lábios se entrelaçar
Sem mente consciente, nada puro
Apenas máquinas sob o muro
Que usam o cérebro para sentir
E não em pró do pensar
Usam o coração pra sorrir
Mas por dentro querem gritar
Usam as pálpebras pra dormir
Mas na verdade nunca querem acordar
E insistem em fugir da realidade que paira no ar

Sabendo apenas que o sol raia
Mas nunca viram um sol raiar

Passou.

Aquele mundo, só meu
Voou... Dos meus braços
Fugiu como arte perdida
Fugiu dos meus laços
Aquela minha vida encardida
Hoje morre ao que se perdeu
Mas não me preocupo com lembranças
Elas, sim, devem ser contidas
Nunca desejadas
Pois as lâminas das espadas
Cortam a rocha mais dura
E não dá pra sarar a morte
Não há cura.

Por mais que o vento bata
Estamos aí continuando o real
Aquilo que sonhamos, conquistamos
Aquilo que não sonhamos, queremos
E o que temos de pesadelo
Fica congelado ao gelo
Fica ardido na mente até o vento levar
A areia do mar
Tão seca como a terra
Tão leve como o ar