Prefácio do Futuro

Sem força não devo perder meu intuito
Porque se há pouco quem me dera então se fosse muito
No vago eu vago e não sei se é pleno
O desejo que mata a minha boa vontade

Ela vem sempre antes me falando somente
Dessa triste dor de quem espera a saudade
Como um soco que avisa o que há pela frente
Mas nunca acalma o susto da realidade

Não conheço o desespero
Nem espero trazê-lo
A mim eu só confio em ter a certeza
Que estão por vir muitos bons momentos

Se não houver clareza
Me apego a terceiros
Que expliquem a proeza de meus sentimentos
E me indiquem o melhor fim destes tantos meios.

Esgoto-me

Laço o outro com discurso
Falo antes e escuto
Ouço claro e me atenho
Um percurso curto e culto

Curto a voz do inimigo
Ouço ideias já dispostas
Faço a mim um novo amigo
Quando expressa uma resposta

Já não aceito mais o surdo
Nem que esteja só ouvindo
Minha paciência tá sumindo
A quem preza pra ser mudo

Na intriga me acanho
Saio são de quem é vão
Quando falta opinião

No calor de meu deserto
Dou valor só ao esperto
Que respeita a discussão

Calado, estás errado

O silêncio dos que têm medo de estar errado dá mais volume aos gritos de quem anseia estar correto. No final das contas, quem se cala já errou - ao achar que o erro é o fim da solução, quando na verdade é a ferramenta dos espertos.