Remi e Hzla

Se um dia eu a tinha, sei que perdi
Hoje não me lembro momentos que vivi
Não mais reconheço o que estão dizendo
Onde foram parar as lembranças que sofri?

Sei que a estou perdendo, ou já perdi
Pareço estar morrendo, mas sobrevivi
E vivo em pensamentos dos quais não conheço
Ou, se já os conheci, não me lembro.

Já sabia que ia perder-me um dia assim
Mas não sabia que tão rápido chegaria o fim
Hoje sei que estou perto de não mais lembrar
Nem sequer dos dias em que chorei ou que sorri.

Para os outros parece fantasia minha ou ilusão
Mas ninguém sabe mesmo o quanto estou sofrendo
As memórias que tanto prezava em estar lembrando
Estou esquecendo.

Para os outros isso tudo é fato da solidão
Mas nem a mim mesmo estou podendo ficar junto
Pois perto de mim já esqueci quem eu sou
Então o meu próprio ser eu mesmo estou
Desconhecendo.

Pode rir de mim, pode fazer graça do esquecimento
Nem vou lembrar mesmo deste sofrimento
Percebeu?

O que dói em mim é saber que tudo o que estou vivendo
Ficará guardado em seu pensamento
Não no meu.

Isto arde tão quente em meu sangue
Que me faz parar
De lembrar
Se já vivi

Hoje respiro um ar
E nem sei
Se morri.

Ao Longe de Mim

Suas mensagens confortam-me à saudade que me agonia
Mas eu na verdade queria você de verdade aqui
Pois não mais o vazio sentiria fixado à mim
Apenas a liberdade do nosso amor eu usaria

E, pode ter certeza, quando chegar enfim
Não farei sequer economia da sua beleza
Vou lhe mostrar quanta saudade senti
Sem usar as palavras, nem mesmo pureza

Você não faz idéia do quanto falta à mim
O seu corpo quente e a sua pele macia
Por favor, nunca me deixe mais assim
Sozinho, vazio, com saudade de ti

Sem o seu rosto eu esqueço quem sou
Esqueço a vontade
De um sonho que me chama

Sem a sua voz eu sei que surdo estou
Pois não ouço os desejos
De alguém que me ama

Sem o seu carinho eu sinto a dor de
Estar sozinho sem aquela
Que me acende a chama
Do amor.

Minhalice

Se o céu descolorido fosse
Voaria eu até a lua
Encontraria na sua pele nua
Brilho intenso de uma magia

Se o sol queimar o chão
Derretendo o teto da escuridão sombria
Andaria eu pela mesma rua
Debaixo da sua Sombra protetora de energia

Se o inverno calar a primavera
E abrir o calabouço da quimera
Enfrentaria eu qualquer criatura
Frente à sua sublime cidadela

Entenda, então, que não há mais solidão
Jamais lhe deixarei vagar sob o esquecido
Na paz estaremos sempre que eu estiver contigo
Pois desinibido é o fervor de nossa vontade

Não se preocupe, nem se ocupe
Em pensar na dúvida da pura verdade
Não perca a calma, nem siga contra
O verdadeiro sentido da felicidade

Triste seria eu se você não tivesse sido
A chama que me esquenta a alma
A luz que da escuridão me salva
A cura da minha saudade

Minha vida é cor quando estou contigo
E quem gozar desta realidade
Já disse,
Reclamo

Caminhos do amor, eu sempre sigo
E digo algo que você já sabe
Alice,
Eu te amo.

O que seria?

Se tudo fosse fácil, no inverno flores cairiam do céu
Bem como o amor reinaria forte no peito de todos
Enquanto a lua daria luz até demais na escuridão
Os pássaros não mais fugiriam da ventania
Nem o vento assolaria mais a calmaria da solidão
O vazio se preencheria com vida e alegria
Enquanto o tempo daria tempo para vivermos mais então

Mas nada disso sequer poderia acontecer
Porquê os desafios controlam toda a euforia
Dos sonhos emocionados escassos de razão

E por mais difícil que possa parecer
Não devemos escolher o desleixo como sabedoria
Pois ele mata toda a nossa sede de emoção

E o que seria do nosso destino
Sem sentimentos racionais
Ou razões de coração?

O que seria da Poesia
Sem o escrivão?

Ingratidão

Se ao teu acalento
A resposta lhe vem com desprezo
Descarregue a mão que afaga
E, contra o vento
Ame a si mesmo

Quando lhe ataca a Emoção

Quando você menos espera
A emoção lhe ataca a cabeça
E sua boca só expressa
Inverdades

Sempre que algo acontece
Por causa da emoção
O racional se destrói
E você não tem razão

Sempre que a mente adormece
E fala mais alto o coração
O seu corpo se enfurece
Da adrenalinda vem o furacão

É aí que você perde
Todas suas conquistas
E se transforma em um cão
Que vive de instintos

E morre na solidão.

Sonho esquecido

Vai-se o tempo e só lamento
Fiquei somente na espera do vento
As tardes emotivas, pensei em movimento
Mas jaz minha força no gélido tormento

Vai-se a miséria da injustiça transparente
Tentei me manter firme, forte e consciente
Continuo na luta, mas desta vez, somente
À espera de que tudo mude do frio para o quente

Vai-se a certeza da minha ira contra os barbados
Contra os carecas, contra os pintados
Da tinta que colore o nosso arco-íris social
Alienado pelas cores da humanidade ideal

Vai-se o meu caminho de ataques aos putados
Morre a minha história indefinida e sem certeza
Penso assim que não, não seguirei até a masmorra
Se com uma simples espada não alcanço a multidão
Quem dirá a realeza?

Corra! Então,
Até onde não existir mais
Avareza.

SAL dade

Olhos tão brilhantes
Não têm preço, nem pudor
Para pagar, basta amar
Para vestir, fazer amor

Destes olhos incandescentes
Eu retiro-lhe uma lágrima
Cavando a saudade no interior

Desta relação tão diferente
Eu me apego ao colo quente
Tapando a mágoa no seu frescor

Nem mesmo estas janelas
Da alma pura
Têm o poder da cura
Desta saudade

São estes olhos
Da fruta pura
Que adoçam a amargura
Da oportunidade

Queria eu me conectar à distância
Para novamente sentir a fragância
Do seu perfume corporal
Do seu sabor

Queria ter pernas mais longas
Para correr por estradas
E novamente beijar
O meu amor

Queria voar sem nem ter asas
Para re-colorir o arco-íris
Que a saudade descoloriu
O fazendo incolor

Quem sabe a lembrança seja um caminho
Para que eu aguente sozinho
Toda esta dor

Talvez nem precise do seu carinho
Pelo menos enquanto me distancio
Por somente lembrar do repousar em seu ninho
Acalentado por sua beleza
Afogado por quem me apaixonou

Mesmo assim espero muito a sua chegada
Não suportarei, só, esta saudade
Quero ver de novo a sua verdade
Em seus olhos brilhantes

Quero abraçar de novo
Esta reciprocidade
E voltar como era antes

Diz pra mim
Que está perto
O seu colo aconchegante.

Introdução à Poesia Social

Me desculpem o texto no lugar de uma poesia. Mas digo que este é só o prelúdio de um poema social:

Fato é que mais da metade de nossos impostos pagos vão para grandes empresas e corporações e voltam para nós com mais taxas e mais impostos. Ou seja, pagamos para pagarmos de novo. Instituições que deviam ser beneficiadas com grande parte de nossos impostos têm suas verbas desviadas ou simplesmente mal administradas. Isto tudo é fruto de um paradoxo que gera a contradição de objetivos entre governo-mercado-população. Enquanto que serviços básicos humanos deviam ter o objetivo de educar (ensino), deslocar (transporte) e alimentar (cesta básica), eles estão sendo substituídos - na verdade JÁ foram substituídos - pelo objetivo mercadológico empresarial que se importa com somente o fluxo de capital.
Este é o preço que pagamos por tentarmos transformar o social em capital. Mas não digo que tudo deve ser desenvolvido socialmente. O capital é NECESSÁRIO (principalmente por sua concorrência) para a evolução da qualidade e teconologia de vários setores como engenharia e saúde. O ideal é que tudo se equilibre, que os objetivos capitais sejam base em instituições capitais (empresas de telecomunicações, aparelhos eletrônicos, saúde, móveis etc) e que os objetivos sociais sejam base em instituições de desenvolvimento social (ensino, transporte, alimentação e moradia).

Vozes mudas

É triste ouvir na rádio
As verdades das mentiras
Sentindo à pele o vão das iras
Confortando-se ao sofá

Seria hipócrita o idealista
Que, de costas, proclama
E, de frente, reclama
Para a tela de um computador?

Seria ideal uma hipocrisia
Que, de costas, cria capital
E, de frente, declama um ideal
À posse da rosa vermelha incolor?

É triste acreditar no jornal
E seguir a voz de um genial
Somente copiar as cordas vocais
Destruir pensamentos originais

Ninguém dirá que há violência
Se vossa excelência emissora
Não proclamar com insistência
O carrasco da masmorra

Há preguiça em todos
Para ativar a voz escondida
Que já se faz de muda
Na paixão ferida
Da orelha surda
De tanto ouvir na vida
A mentira de notícias absurdas
E a verdade de notícias suspendidas

O povo grita da dor de ouvido
O povo grita da dor de ouvido
O povo grita
A dor de ouvido aumenta
A cada grito
Mas o povo grita
A dor aumenta
O povo grita
E nem ao menos tenta
Calar a boca
Desligar a tevê
Esperar conhecer
Para depois agir
E então planejar
Um objetivo a seguir
Sem precisar idealizar
Mas sim garantir
A mudança que irá
Fazer a dor sumir
E o ouvido sarar

Para poder SE ouvir.