Há Males Que Não Me Têm


Mal digo quem sou eu agora
Porque a mim eu desconheço
Muito queria a luz do atalho
Me dizer no que sou falho
Ensinar-me este caminho
Onde sempre andei sozinho
E hoje já não reconheço

Mal vem a dor que me devora
Derrete em mim toda essa lágrima
Cedo ao chão sem que a hora
Me desperte em solidão
Me derrube sobre a dádiva
De pensar que houve outrora
Uma emoção ainda ávida
A vibrar meu coração

Mal que vem talvez pro bem
Deixa em mim a sua proposta
Levanta o corpo e me encosta
Nesta parede que lhe intervém
Que alguma luz nos venha à mostra
Iluminar o meu alguém
Esclarecer a minha aposta
Desdizer o meu desdém