A Brisa

Ao alcance da paz espiritual
Corre em minhas veias um sangue morno
Sangue leve, mas não quente
Sangue livre, dentro da gente

Como uma brisa vem e refresca
Nos deita ao leito de um leite branco
Nos beija um beijo de puro encanto
Nos livra o sono em um manto duro
Transforma-o em fofo colchão de santo
Transmite-nos sonhos em um sussurro

Não mais com pés pisa o chão
Não mais as mãos cerram punhos
Somente só nunca mais será
Somente só, nunca mais então

Pouco vale a fé neste sentimento
Tal qual não resume um único momento
Tal tipo de brisa, diferente do vento
Compõe a nova era, um renascimento

Impossível taxar com pouca descrição
Efeito este que é tão simples, genial
Impossível atar agora livre as mãos
De quem sentiu a brisa do prazer imortal

Impossível, afinal
Não há como prender-se ao que se foi
Não há como render-se ao que virá
Não existe quem seja contra
Ao sensacional

Sinto as minhas asas e tenho pena
Daqueles não crentes deste prazer
Vejo a minha alma viver um dilema:
Nesta vida, Ser ou não Ser?

Eis a questão, já resolvida
Sinta a brisa
Para entender

Não Deixe

Não deixe de seguir seu caminho
Rasgar livros mal escritos
Impedir os gritos do vizinho
Livrar-se do mal sozinho

Não deixe de sentir frio
De sentir o calor do vazio
De esvaziar as águas do rio
De viver por um fio

Não deixe de pensar
De plantar, deixar crescer
Reproduzir e morrer
Não deixe de amar

Não deixe de resolver
Seus piores medos, problemas
Ou deixe para depois resolver
Mas não esqueça-os debaixo da cama

Não perca por esperar
Um novo caminho a trilhar
Não deixe de andar
Enquanto se deixa levar
Pelo ar.

Ando, Sigo

Não sei ao certo
Se há realmente
Uma vida na gente
Capaz de preencher o deserto

Estendo o complexo
Da razão ao desconexo
Do vago ao repleto
De um deserto incompleto

Não entendo o consciente
Me confunde, brinca comigo
Me desentende, finge de amigo
E depois some completamente

Estendo a minha mão para o ar
Em busca de algo encontrar
De algo aparecer
À minha personalidade

Enfrento o coração, tento acelerar
O ritmo do batimento
Só para evitar
Que ele pare em algum momento

Tento conhecer a verdade
De como sopra o vento
Da minha vida

Tento resgatar a saudade
Da minha memória esquecida

Tento dar a face desentendida
Ao prazer
Tento argumentar com uma cor desconhecida
O quanto estou cego pra ver

Apago as chamas do comodismo
E reacendo a fogueira do risco
Pois este estou pronto para correr

Me surpreender
Comigo.