O Ano me Contou

O ano passa, mas ainda há fome
O ano passa, mas cadê as glórias?
O ano passa, mas guerra não some
O ano passado me contou histórias...

O ano passado me contou
Que um simples crime comum
Pode se tornar a única notícia em todo o país
Triste jornalismo brasileiro infeliz.

O ano passado me contou
Que a prefeitura investe na propaganda
Muito mais do que na cultura e educação
Triste governo de imagem (sem) ação

O ano passado me contou
Que a esquerda ficou rouca ao entrar no poder
Porquê gritara muito antes de vencer
Triste paradoxo implícito na tevê.

E agora vem o ano novo
Cheio de esperança, paz e alegria
Não falta amor, prazer e harmonia
Mas falta realidade no meio desta euforia

Não se prenda em um apertado cinto
Não se deixe levar pelo que ouve
Pois o ouvido é SOMENTE um sentido
Não se esqueça que existem cinco
Que podem lhe explicar o que realmente houve
No jornalismo infelizmente extinto.

Seja sempre o próprio Deus
Não se ajoelhe e reze por desejos
Não espere por uma estrela cadente
Pois ela só brilha na sua mente.

Ande, não fique aí somente
Conquiste o sonho com seu suor
Enfrente a guerra com muito amor
Pois assim estará sorrindo para um ano melhor

O segredo do feliz ano novo
É calçar um novo sapato brilhante
E nunca deixar de lado
Aquele sapato velho sufocante
Mas sim consertá-lo e lustrá-lo novamente
Para que além do calçado novo
Você possa ter uma oportunidade diferente
De calçar novamente
Aquele sapato que sempre brilhou intensamente.

Estrela Cadente

Há quem peça um brilho
Da estrela cadente
Que cai à lua nascente
Transformando meia-bocas em um sorriso transparente

Mas não há, realmente
Uma teoria concreta
Para explicar o porquê

A estrela apenas passa
Brilha, cai e some
Cria esperança à dor escassa
Mas não mata fome do prazer

De fato, não há como progredir
A esperança cria a escada do sucesso
Mas sem acreditar e confiar em si
Não tem como subir e sentir o progresso

Muitos tentam se iludir
Com uma sorte que promete chegar
Então uma estrela cadente vem surgir
Para, sem querer, a situação piorar

Ninguém tenta
Ninguém enfrenta
Só deixam-se levar
E aguardar a sorte

Ninguém pensa
Ninguém agüenta
Só querem se esquentar
No colo de alguém mais forte

Estrela cadente só brilha por beleza
Não há, de fato, um poder na natureza
Capaz de realizar sonhos de quem deseja
Sonhos só tornam-se realidades
Quando são alcançados com vontade
E refrescados pelo suor da intensidade

Deve-se continuar andando, seguindo seu caminho
Correr é andar mais passos sem pensar
Chega-se mais rápido, porém tende a tropeçar
E o tropeço vem para lhe deixar caído, sozinho

Ande, em passos largos e resistentes
Pois quem pára é indiferente
Às perspectivas ao seu redor

Ande, continue seguindo seu caminho sempre
Pois quem corre é inconsciente
Às estratégias de um pensar melhor

Ande, não fique aí somente
Conquiste o sonho com seu suor
Enfrente a guerra com muito amor
Pois assim estará sorrindo para uma vida melhor

Enquanto os outros continuam à espera
De uma estrela cadente chegar à terra
E sumir por brilhar menos intensamente
Do que a verdadeira Lua que nos guia à frente.

Febre do Apaixonado

Da calmaria à excitação, o meu
Corpo relaxa e agita felizmente
Com euforia e emoção, eu sei
Que sou feliz novamente

Por ter alguém para chorar
E viver à frente da união
Para com o dedo poder secar
As lágrimas quentes da paixão

Renovado eu sinto-me inteiro
E sento-me à cama satisfeito
Por completo sei que estou perfeito
Por amor me deito livre no seu leito

Protejo-lhe com as minhas palavras
Acolho-lhe com meus abraços
Sinto-lhe desejar-me

Protege-me com sua alma
Acolhe-me com seus amassos
Sinto-me desejar-lhe

Febre do Solitário

Sinto a febre do solitário
Carente em meus desejos
Mas satisfeito pelo recebido
Inicio um novo diário vivido

Sinto a dor da dúvida
Do que ocorreu não tenho certeza
Este sentimento me corrói
Trocando a felicidade pela tristeza

Confio demais para desconfiar
Mas desconfio que está faltando
Algo para o quebra-cabeça completar

Suspiro demais para deixar pra lá
Preciso conter minha respiração
E me libertar dessa união
Entre a solidão e o irritar

Seria mais fácil eu
Esquecer de quem já me esqueceu
E seguir por onde puder andar
Por onde souber correr
E por onde me apaixonar.

Senti (música)

Fujo dos teus olhos como fujo do alto mar
Pois eu tenho medo de me apaixonar
Sempre que te vejo me perco de emoção
Só tenho um desejo: conquistar o seu coração

Mas sempre que tento fugir
Me apego mais então
Nem tudo que eu quero consigo
Mas não será em vão

Se eu puder continuar a nossa história
Juro que haverá muita coisa pra contar
O tempo não espera, mas passa devagar
Sempre que beijo sua boca, não consigo parar


Eu não vou desistir, não
Seguirei o caminho dessa paixão
Quando estou perto de ti, perco o chão
Quando estou perto de ti, perco o chão

Senti que não posso viver sem ti
Senti que não posso viver sem ti
Senti que não posso viver sem ti
Sem ti não posso viver, senti.

Reflexão Instantânea

Eu sigo ouvindo vozes
Mas não sei de onde vêm
Eu caminho passos lentos
Para aguentar meu peso além

Esperei um minuto de minha vida
Atravessando a dor da lembrança
Parado ao vento, sem esperança
Parado no tempo, desde criança

Escrevi diversas palavras sem nexo
Desenhei na areia para sumirem
Recriei em terra o azul do mar anil

Depois escrevi na pedra para fincar
E ao reler me senti perplexo
Com tal maturidade infantil

Eu tive a certeza de um futuro
Como se conhecesse o tudo além do muro
Eu nunca me liguei de verdade ao agora

Eu criei uma destreza em sussurro
Como se assobiasse o tudo como um mudo
Eu nunca me peguei olhando as horas

Hoje me pego sensível ao redor do mundo
Mesmo no melhor dos sentimentos eu choro agudo

Eu choro agudo.

Culpa e Suicídio

Quando ele chegou no topo
Escreveu seu nome num casco
Salientando sua história de vida
E então desceu o penhasco

Desceu tão rápido e forte
Como se estivesse caindo
Desceu tão veloz o monte
Enquanto seu pensamento ia sumindo

Caiu numa estrada ao longe
Percebeu no braço um corte
Rasgou em si a própria memória
Tatuou no rasgo a imagem da sorte

Mesmo tendo esperanças
Ele parou ao meio da estrada
Pedindo morte

Vindo um caminhão, abriu os braços
Tal estrutura que não era seu porte
Levou um trombo e ficou em pedaços

Justamente por suas lembranças
Ele parou no meio da estrada
Pedindo que o nada
Venha lhe buscar

Foi-se mais um indivíduo ao além
O que aconteceu ninguém sabe
Mas foi numa noite calada
Que ele aprendeu a matar

Matou a si mesmo e virou assassino
Do próprio amar

Viveu a si mesmo e tornou-se egoísta
Com seu familiar

Ninguém merece, no suicídio, manter a culpa
De um outro alguém
A quem, com desdém
Jogou-se pro ar

Terráqueos

Há tipos de pessoas da qual, não se espante,
São quem a verdade constrói sob gélido frio
E não espera alimentar aquele, certeza,
Que está (pura avareza) tão distante
Do vazio

Estas pessoas procuram moeda no ar
Se enrijecem ao sentir na rua
Que passaram rente a uma criança nua
E esqueceram (?) de olhar

Tais pessoas preferem não argumentar
Com indivíduos baixa renda
Pois sentem a dor de uma encomenda
Sem correio a colocar

Mas nem por isso saem andando
Param à frente e olham por cima
Levantam o papo e erguem a crina
Para mostrar um ângulo diferente
De demente

São estas pessoas que preferem não dizer o nome
Fingem haver uma solidariedade interna
Mas então depois de visitarem a 'guerra'
Logo o prazer da humildade some

São donos de terra
Que amam o que come
São o lado contrário da serra
E o lado errado da fome

Violão (música)

A história do Universo está vazia
Em um desconexo
A alma jovem se complica
Nas noites de sexo

A lua morna
Se esquenta
E orienta
Quem namora

Tudo o que avançou
É magia
Da pureza
Da ciência

Tudo se transformou
Na folia
Da tristeza
E da clemência

A vida tão esperta
Tão nua e tão deserta
Cria sombras que calam o infinito
Do sol mais bonito

O desejo de quem apaga as velas de aniversário
É algo secreto
E o olho de quem vive mais um ano à frente
Se fecha e espera ser atendido

O beijo que eu roubei dela
Foi falsário e discreto
E o molho que dá sabor à minha mente
Seca a minha cabeça quente
No inferno

Geração

Os minutos tão lentos passam
Como se o o tempo parasse
A velocidade se torna um disfarce
Dos segundos que se laçam

Nada é tão veloz quanto o pensamento
Nem tão lento

Os enamorados vivem como um só
Prendem-se um ao outro
Como se prende um nó
Mas nem sequer passa um mês
E esquecem de vez
O sentido do casamento

Os jovens alados vivem como
Se nunca fossem morrer
Fincam-se num conceito ilusionário
É como se esquecer de quem és
Olhando ao espelho o próprio disfarce
Sem um sentido passado que o realce

Os velhos casados vivem como
Se estivessem à espera da morte
Fingem esquecer da sorte e do prazer
De deliciar-se com mais um ano de velejo
Fingem não ter mais forças para sonhar
Mas se surpreendem com o último beijo

Ninguém se prepara para amar
Mas vivem a espera do desejo
De encontrar alguém para se prender

Ninguém sabe ao certo o que é estar
Ao lado e tão perto do seu bem querer
Mas tão longe e deserto do próprio conhecer

Não Me Deixe Aqui (música)

Os meus sonhos desaparecem
Na ilusão do falso verdadeiro
Querendo encontrar um destino
Que me ame por inteiro

A minha alma envelhece
E meu coração continua quebrado
Teria eu mais outro possível amor
Que termine errado?

A lua se desfaz na escuridão
E eu a procuro numa imensidão
As sombras se tornam luzes
E a luz se esvai sob o chão

Me segure agora
Não me deixe cair
O vai e vém da nossa crise vai nos atingir

Não me importa a hora
Não me deixe sozinho aqui
Fique comigo até a lua sucumbir

O prazer se torna algo invisível
Como uma utopia da realidade
Eu ainda espero encontrar um você
Que entenda o meu bem-querer

Me segure agora
Não me deixe cair
O vai e vém da nossa crise vai nos atingir

Não me importa a hora
Não me deixe sozinho aqui
Fique comigo até a lua sucumbir

Eu ainda espero transformar a utopia
Numa verdade em que eu possa ver
Sem sofrer

O Nada Pra Fazer

Caminho e frio se cruzam
Num inverno tão quente
Uma estrada vazia
Dormente

Casebre e madeira são
a arte do marasmo
Um simples eixo
Desleixo

Família pobre e luz fraca
Num verão chuvoso
Leitão à faca
Saboroso

Poesia e tédio combinam
Mas não se completam
Os versos nem sequer rimam

Espontaneidade,
palavra difícil de falar,
É a desculpa de toda verdade
É a verdade que vem se desculpar.

Em Vão

As armadilhas do seu corpo
Prendem o meu coração
A luz que brilha dos seus olhos
São como estrelas na escuridão

A verdade é que sofro por não ter
O seu beijo, sua paixão
E tento não enlouquecer
Por saber que é em vão

Todo o meu amor por você
Não passa de uma ilusão
Um sonho surreal

Todo o arco-íris do querer
Não têm mais cor
Se tornou vagal

A nossa relação se desfaz
Como areia de praia
Toda a emoção jaz
Numa utopia de falha

Nunca alguém me olhou tão triste
Ao espelho
Não sabia eu que podia estar tão morto
Na vida
Sempre tive chances de consertar
Meu coração
Não sabia eu que toda tentativa
Era em vão

Não temia a dor da ilusão
Agora temo a saudade
E me afogo num mar de solidão

Não queria essa vida
Agora tenho de conviver
Com os retalhos de minha paixão

A cada momento desta agonia
Me perco ao solo sem um chão
Que sustente as falhas da utopia
E devolva a minha antiga emoção

Não me contento
Não me contento em continuar
Não me sustento
Nem mesmo tenho chances de voar
Não me aguento
Não aguento mais o meu chorar
As lágrimas que descem dos meus olhos
Pesam tanto quanto pesava o seu amar

Não há solução
Para a solidão
Não há e nem haverá
Uma paixão

Amar você foi como pescar
Num deserto
Foi um sonho acordado
Um apelo discreto sem voz
Foi um mal armado, errado e veloz
Um caos amado, lento e correto
Uma ilusão ao longe
E ao mesmo tempo
Tão perto

Minha alma finge ser completa
Mas está em plena destruição
A verdade cada vez mais aperta
Meu coração

Minha sina hoje é viver
Sem sonhos, sem calor
Pois o arco-íris do querer
Está incolor

Eu sobrevivi à mais cruel dor
Mas morri de solidão

Eu não perdi só a tua paixão
Perdi o teu amor.

O Menino

Dorme filho à pedra fria
Tanto dorme que esquece de acordar
Vivia preso à maresia
E agora ao leito frio vem cochilar

O que será da armação desse menino
Se desde pequeno senta beira-mar
Canta o sono e vem sonhar
Pesca e dorme sem peixe catar

O que será da criação desse menino
Se nasceu sem voz nem zuvido
Nem o mais fino do zumbido
Há de ouvir ou de falar

O que será desse menino?
O que será?

Já muita gente veio a lhe visitar
Oferecendo erva-doce e vatapá
Queriam todos que o menino fosse
voltá'falar

Mas nem se zuvia um sequer zumbido
Por isso foi-se pouco querido
Ninguém lhe soube amar

Sem amor o menino chorou grunhindo
Mas nem mesmo lágrimas vinham a lhe molhar
Queria a Deus só um pedido:
Me dê voz e ouvido, quero poder falar

Por ironia do destino
Passou uma estrela negra no céu
E, atendendo ao seu pedido,
Deus lhe respondeu:

Levanta-te menino
Pois dormiste à vida inteira
E, deitado, não há como falar
Levanta-te e abrirei tua voz
Pois só há cordas vocais
Em quem acorda os pés

Anda, cria teu caminho
Faz teu próprio ninho


Então num brusco levantar
O menino pôs se a andar
E andou tanto,
que esqueceu de falar

Correu pelas corredeiras
Correu sob o mar
Cavalgou ao próprio quadril
E aprendeu a amar

A amar a si mesmo

Pois não basta ter voz para falar
Nem mesmo pernas para andar
Basta seguir o seu caminho
Sem medo de cair

Esta foi a história do menino
Que tinha medo de acordar
Mas por mudança do destino
Hoje tem medo de dormir

Sombras Das Estrelas

Eles se vestem de pessoas
Que não são
Eles se tornam outra gente
Por pressão
Da cultura pop que atinge
O coração

Eles se fincam no que brilha
Eles só brilham por reflexão
Porque fazem jus à uma imagem
Que não são

Eles são plásticos de imagem
São cópias da verdade falsa
São falsos verdadeiros
São os últimos dos primeiros

Eles se baseam no que predomina
Eles só predominam um baseado
Porque fazem jus ao seu amado
Ídolo

Eles adoram ler livros feitos
Mas não aprendem nada
Eles criam redações colegiais
Apenas por nota
Não fazem jus às suas palavras
Mudam a rota
Dos próprios conceitos
E continuam escondendo os defeitos

Eles se dizem originais
Poupados na marca do pós-conceito
Eles nem mesmo conhecem direito
O valor das ideologias reais

Eles sentem necessidade
Por viver à sombra da ilusão
Bloqueando qualquer passagem
Da verdade
Eles se baseiam na virtualidade
Eles só brilham por reflexão
Porque fazem jus à uma imagem
Que não são

Te Conhecer Novamente

Quando eu penso em você
Me sinto livre, leve, feliz
Queria lhe ver só mais uma vez
Queria te conhecer de novo

Minha vida é mais aberta com teu sorriso
Estou feliz sempre contigo

O som da sua voz me avisa um amor
Queria lhe ver só mais uma vez
Queria te conhecer de novo, por favor

Minha vida é sempre uma alegria
Quando estou perto dos seus olhos

Sinto a doçura da calmaria
Quando lhe colo aos meus braços
Sinto a doçura da ventania
Quando lhe abraço
Queria viver novamente o seu espaço
Só mais uma vez
Queria te conhecer novamente
Queria me encantar pessoalmente
Com o teu sorriso em minha frente
Com o teu corpo liso e quente

Queria viver de novo
Só com a gente

Quando durmo, sonho diferente
Tenho medo dos pesadelos
Fico sempre mais contente
Ao alisar os seus cabelos

Quando acordo, me sinto ausente
Tenho medo do para sempre
Fico pensando na dura dor
De saber que já não me apaixono pelo seu amor

Queria tanto, mudar meu coração
Sentir de novo a sua paixão
Mas já não tenho aquele ardente desejo
Do seu beijo

Por isso queria te conhecer de novo
Como se nada tivesse acontecido
E viver simplesmente como um amigo

E viver somente como amigo
Pois estou sempre feliz contigo

Temporal

Ninguém entende
O tempo muda a gente
O tempo não se prende
Ao pessoal
O tempo é originalmente
Imortal
Termina o temporal
Mas o tempo não tem fim

Ninguém independe
Do tempo
As horas passam e eu só lamento

As horas passam
Tão como o tempo

Ninguém se prende ao vento
O tempo leva as folhas
O tempo lava as ruas
Do presente

Ninguém entende
O tempo não é gente
Mas é consciente

Os olhos são as janelas
Da mente
O tempo não mente
O tempo passa
Todo mundo sente

O tempo se espalha nas noites nuas
Como vento
O tempo leva as folhas e lava as ruas
Do presente

O tempo não é gente
O tempo não é a gente
O tempo é agente
O tempo é consciente

O que é Paixão

Paixão é o que te exclui
Do real
Paixão é o que seduz
Ao natural
Paixão é a pouca luz
Ideal
Paixão é quem faz jus
Ao temporal

Por isso eu prefiro a liberdade
De poder sentir
Quem eu quero, quando quero
Enfim, sorrir
Pra quem desejo, com meu beijo
Pois há em mim
A esperança da confiança
Em quem não segue o fim

Queria

Queria encontrar
A porta do saber
Queria esquecer
Que sou visto

Queria emendar
Todo o meu viver
Pra assim entender
O infinito

Queria me jogar
Ao colo do meu ser
Para me fazer crêr
Que existo

Vai e Vem (música)

É de mania que eu mando meu verso
Eu me completo
Eu me disperso
Eu, mim, deserto

É de alegria que eu mando meu amor
Eu me estudo
Eu me escudo
Eu, mim, surdo

É de euforia que eu mando minha sorte
Eu me esqueço
Eu me desejo
Eu, mim, forte

É de folia que eu mando o meu peito
Eu me nego
Eu me apego
Eu, mim, Ego!

É em você que eu penso todo dia
E me descubro pensando em harmonia
Do nosso corpo
Da nossa alma
Tou absorto
Por tua calma
Me vejo morto
De paixão
No seu conforto
Nossa união

É com certeza que não há mais beleza tão bela
Quanto a sua natureza
É de verdade a minha saudade que hoje bate
Procurando a sua pureza

E é de mentira a minha solidão
Eu me atiro sob a felicidade
A minha vida é pura liberdade
E é por isso que eu canto esta canção

Vai amor, vem paixão, me trata com carinho
Eu sou o teu destino
A tua emoção

Vai amor, vem paixão, me pega com jeitinho
Me enche de palavras
Me manda um cartão

Vai amor, vem paixão, me deixa coladinho
Me leva ao seu ninho
Ao teu coração

Verdade Ilusória

A reconstrução do corpo se torna difícil
Quando as cicatrizes abrem cada vez mais
A restauração da mente se torna impossível
Quando o inconsciente mistura guerra com paz

Ninguém aceita a verdade, jamais
Ninguém pede pra chorar mais

O ilusório se torna presente
Quando o sonho se instala na mente
O sóbrio não existe no dicionário da gente
O sóbrio não sente

Quando uma faca rasga a pele
A cicatriz não se dissolve ao tempo
Ela permanece e nunca sai
A dor passa mas a marca não se vai

Os olhos são as janelas da alma
O tempo é anestesia do consciente

Ninguém aceita a verdade, jamais
Ninguém pede pra chorar mais

O sonhos se abrem ao infinito
Ninguém escolhe um sonho bonito
Eles vêm como obrigação do destino
Tomam o corpo e a mente

Sonhos não mentem
Sonhos só são misturas do passado
Com as verdades do presente
E os desejos do futuro

Olhos não sentem
Apenas observam o teatro
Não sabem o que é frio, ou quente
Nem mesmo se é macio, ou duro

Olhos apenas observam o teatro
Mostram-nos a verdade concreta
A razão

Sonhos teimam em nos fundir ao irreal
Mostram a saudade incerta
Ilusão

Ninguém aceita a verdade, jamais
Ninguém pede pra chorar mais

Sonhos misturam Guerra com Paz.

Inverno (Tradução de Winter)

Inverno

Folhas que decaem sobre a cidade

Neves que gelam a divindade

Árvores secas sem vida

Ruas sombrias, frias, calamidade

Se o certo concluir o real

E tudo o que houver se formar

Ideal

Se o certo concluir o real

E tudo o que virar

Surreal

Mais formas de vida

Atuando e marchando para ilusão

Sem coração, nem paixão

Justas formas despercebidas

Mas por concessões se transformam

E as livres grades estão queimadas

Pelas faces do inverno fortificadas

Chorando lágrimas de pedra gélidas

Inverno

Folhas que decaem sobre a cidade

Neves que gelam a divindade

Árvores secas sem vida

Ruas sombrias, frias, calamidade

Eu vejo o dicionário da ilusão

Vejo palavras sistemáticas da divindade

Eu vejo o dicionário da realidade

Vejo palavras sistemáticas de difusão

Decepção (2)

Vem, meu amor
Chora em meus braços
Chora o elo de seu amado perdido
Chore a dor dos prazeres escassos

Eu não lhe digo: Pare!
Pois por mais que eu fale,
Usas em mim a indiferença ardida

Ao meu ouvido: Chore!
Pois por mais que sare,
Não morrem aqui suas lembranças de vida

Agora largo meu ombro, Deixo-lhe ao chão
Rogo praga ao lembrar de tua ingratidão
Cuidei de ti, sofri, lhe ofereci paixão
Hoje não peça nem que aqueça o teu frio colchão

À tua morte, digo forte
Que por ti chorei em vão
Ninguém condena a própria sorte
Por medo de azaração
Mas a alma verdadeiramente forte
É aquela que cospe e não cai no chão
É aquela que usa o doce do mar
Para salgar a razão
É aquela que se faz de exata para amar
E se perde na mais vil ilusão
É aquela que se estreita no vasto deserto
E procura espaços num cerrado
O verdadeiro corpo não é o que se faz de esperto
É o que sabe a diferença do certo
E do errado.

Lágrimas de Granito

Queria, de fato
Comparecer à reunião
Das quatro estrelas
Do Apocalipse

Queria, de fato
Entender a razão
De nascimento e morte
Do crescimento à fonte

Queria, de fato
Conhecer os ideais
De quem sofreu por nada
E morreu na estrada
Do destino

Queria, de fato
Realçar meus desejos
De curiosidade
Saber a diferença de particular
E comunidade
De cidade... e distrito

Queria, de fato
Aprender a chorar
Para realçar minha lágrimas
De granito

Queria realçar minhas lágrimas de granito
Queria até demais
Queria abrir as portas do infinito

Winter (Alemão)

Blätter der Rückgang auf der Stadt
Neves, den sie die Göttlichkeit lähmen,
Trockene Bäume ohne Leben
Straßen schattig, kalt, Unglück

Wenn das Recht das Real schließt,
Und alles, was es gibt, wenn es sich bildet,
Ideal
Wenn das Recht das Real schließt,
Und alles der sich zu drehen
Surreal
Mehr Leben bildet sich
Das Handeln und das Marschieren für Illusion
Herzlos, noch Leidenschaft
Schöne unbemerkte Formen

Aber für Zugeständnisse, die sie sich verändern,
Und das freie Knirschen wird verbrannt
Für die Gesichter des Winters befestigte
Das Bedauern von gefrorenen Steintränen

Winter
Blätter der Rückgang auf der Stadt
Neves, den sie die Göttlichkeit lähmen,
Trockene Bäume ohne Leben
Straßen schattig, kalt, Unglück

Ich sehe das Wörterbuch der Illusion
Ich sehe systematische Wörter der Göttlichkeit
Ich sehe das Wörterbuch der Wirklichkeit
Ich sehe systematische Wörter der Ausbreitung

Luxúria

Em minha pele arde o seu desejo
De sentir o inexplorável
Em meus olhos cega-me a vista
Do imaginário óbito muro
Teu cheiro estiga uma paixão quente
Em meus ouvidos: um sussuro
Meu tato se torna freqüente
Num crescente sonido fino
A sua voz tende a fraquejar
Tal como quando as badaladas do sino
Se tornam fortes e voltam a parar
Em um ritmo conjunto e único
Se liberta o segredo da maternidade
Que morre sem destino
Interrompidas pelo prazer da mocidade
Que vão secando... sumindo.

Ir Mão

Me diga, irmão
O que te aflige afinal?
Me mostre a razão do seu mal
Me mostre sua história
O que destrói a sua glória?

Me diga, irmão
Quem sabe eu não aprove
As lágrimas que escorrem desde ti
Ao meu coração
Me diga, então

O que lhe dói também me destrói.
Sua pele te cobre apenas o superficial
Não te cobro nada, apenas me diga
O que te aflige, afinal?
Meu irmão.

Quando você se expressa, eu me estresso
Por saber que algo lhe incomoda
Posso sentir que estás triste
Me mostre a razão do seu mal. Te peço
Me mostre a destruição de sua glória
A causa da sua lamúria.
O porquê da tua fúria.

Quando você se perde, eu lhe encontro
Mesmo sem saber o caminho, mostro-lhe e sigo
O vazio para nós é muito melhor juntos
Eu me perco apaixonado por você, amigo.

Me perco quando te olho, e me sinto bem
Me perco quando te ouço, escuto a tua voz
Me perco pensando em um dia: só nós
Juntos na maresia, juntos nas folias
Juntos no infinito que passa veloz.

Eu te amo, irmão.
Pelas mãos e contramãos
Por estarmos sempre sãos
Por sabermos que, na amizade, há paixão
E, de verdade, eu sinto sofridão
Quando fica semanas, meses, fora.

Às vezes estás tão perto fisicamente
Mas tão longe psicologicamente
Às vezes quero te dizer pessoalmente
Só para estar contigo, novamente.

Você está na minha mente, irmão.
Sempre.
Portanto,
Me mostre a razão do seu mal
Me mostre sua história
O que destrói a sua glória?
O que te aflige afinal?

Conte comigo,
Me conte, amigo
Eu não sigo o caminho sozinho
Quando você se perde, eu me perco também.
Pois és as minhas pernas,
E eu não vou mais além do que a sua ida
Eu só estou bem se estás sem ferida
E posso curar sua vida
Apenas com o olhar da amizade
Portanto, me diga...
O que te aflige de verdade?

Não aguento a sua dor
Arde em mim o que lhe destrói
Posso curar o que te dói
Com Amor.

Me diga, irmão.
Nada será em vão.
Quero saber o que lhe faz mal

Me diga, então.
O que há em seu coração
O que te aflige, afinal?

Ventania

O vento se move, não por instinto próprio
Para cada ventania, há o balanceio de uma mão
Que da simples calmaria, se torna um furacão.

Não se iluda à melodia
Da mais triste e vil canção
Cante alto... E sorria
Por ter voz e coração.

Diga (música)

Diga
Se o céu não mudou
A minha vida
Hoje recomeçou

Desde o dia
Que você me encontrou
Ficou colorida
Minha solidão incolor

Diga
Qual é o sabor
De ser preferida
Do meu amor

Então diga
Seja o que for
Você é a mais linda
Que comigo ficou

Se o céu vai mudar no futuro
Eu não sei, já mudou
Porque tudo pra mim é mais novo
Já não sou mais quem sou

E minha fé de prever o universo
Já se transformou
A minha dor de sofrer o incerto
Agora passou

E a luz dos seus olhos brilha
Como luar
A sua voz tão canora e doce
Me faz voar

Mesmo se você ouvir frases tortas no fim
Não escute
Porque a verdade eu nunca menti
E se sim não me culpe

Apocalipse da Fome

Não se cria passeatas
Para desigualdade
Só se cria movimentos
De legalização

Triste história
Pobre ilusão
Pois preferem fumar
Do que obter educação

Seria um caminho
Ou falta de carinho
Trocar nossas crianças do fome zero
Por um carrinho quilômetro zero!?

Então Pensem
Pensem nas mágoas sofridas
Dos desvios de comidas
Para o bolso dos barões

Então Lembrem
Lembrem das árduas guerras
Entre pedaços de terras
Por falsas plantações

Então Pensem
Nas mães ricas falidas
Porquê sequestraram seus filhos
E pediram milhões

Então Lembrem
Das mães pobres iludidas
Que sequestraram filhos
E ganharam milhões

Então Pensem
No assaltante de feijão
Que roubou da injustiça
E acabou na prisão

Então Lembrem
Do Deputado da Nação
Que roubou da justiça
E recebeu mais votação

Apenas Pensem
Mais sobre o que se passa
Para não fazerem parte da massa
Que apodrece à traça da soberania

Apenas Lembrem
De como se caça
A paz, sem utilizar caças
E salvarão vários Joãos e Marias

De bruxas dos doces
Dos gigantes de castelos
Que crescem no pé-de-feijão

Queria que a vida fosse
Uma fantasia
E que existisse elo entre raças
Paz e harmonia
Mas não me iludo ao imaginar
Que poderá algum dia
O Povo se beirar
À Rebeldia
Daí não haverá
PM nem PIT
Para Parar
O Apocalipse.

Nós (2)

Nós dois somos um destino
Criado sem começo
Nem fim

Nós dois somos o rascunho
De uma história
Sem fim

Nós dois somos o futuro
Da esperança
Que em mim

Não será lembrança
Pois eu me lembro
Quando te conheci

Naquele dia
Minha mágoa se transformou em alegria
Refloresci

Estarei contigo
Para sempre
Até dizer-me sim

Mesmo que o pra sempre não exista
Mesmo que seja inevitável o fim
Buscarei de diversas formas
Consagrar este começo
Para continuar sem normas
Pois à ti eu lhe forneço
O meu colo, o meu berço.
O meu solo, o meu beiço.

Nós

Não adianta olhar pra frente
Sem esbarrar com lembranças
E fortalecer a memória
Para enriquecer esperanças

De mudar seus conceitos
Adquirir glória nos defeitos
O destino é só desejo
Como um sonho de criança

Não há nó que não desate
Até ao cego é possível
E eu não nego, é incrível
Criar um novo laço

Não há coração que não infarte
Mesmo com ou sem dor
E eu não me apego a qualquer amor
Tenho meu espaço

Não há cachorro que não late
Mesmo mudo de seus direitos
E eu não nego os meus defeitos
Os transformo em qualidade

Não se descobre o escondido
Sem procurar e se perder
Não adianta entender
Sem perguntar ou debater

É preciso ser inocente
Mas nunca admitir a falsidade
Para poder seguir com a mente
Liberta de qualquer vil crueldade

Não se faz o que se deve
Porque ninguém deve a ninguém
O dever vai ainda além
Dos direitos que já não servem

Pague tudo e nada leve
Esse é o lema de alguém
Que cria em si a lamúria do egoísmo
Taxado na hipocrisia do narcisismo.

Não há "nós" que não desate
Mesmo que pareça invencível
O "para sempre" não existe
Só existe o concebível
Mas não se iluda à realidade
Pois ela mesma é ilusão
Conhecer a paixão (de verdade)
É impossível.

Lua

A vida muda, porque ninguém é mudo o bastante para não ter voz.
A vida é muda, porque ninguém muda tão pouco nem tão veloz.
A vida só é justa quando percebemos que a injustiça é feita por nós.

Há pessoas na minha vida que nunca poderei esquecer
Nem se quisesse

Há pessoas com as quais queria sempre estar a conviver
Mesmo se não pudesse

Há pessoas como você
Vê se não me esquece...