Reflexão Instantânea

Eu sigo ouvindo vozes
Mas não sei de onde vêm
Eu caminho passos lentos
Para aguentar meu peso além

Esperei um minuto de minha vida
Atravessando a dor da lembrança
Parado ao vento, sem esperança
Parado no tempo, desde criança

Escrevi diversas palavras sem nexo
Desenhei na areia para sumirem
Recriei em terra o azul do mar anil

Depois escrevi na pedra para fincar
E ao reler me senti perplexo
Com tal maturidade infantil

Eu tive a certeza de um futuro
Como se conhecesse o tudo além do muro
Eu nunca me liguei de verdade ao agora

Eu criei uma destreza em sussurro
Como se assobiasse o tudo como um mudo
Eu nunca me peguei olhando as horas

Hoje me pego sensível ao redor do mundo
Mesmo no melhor dos sentimentos eu choro agudo

Eu choro agudo.