Acordado De Verdades

Se acordo há um instante
Percebo o vão tão agravante
De um sonho transparente

Vivo a fé do militante
Ou a crença do engenheiro
Num navio de cabo armeiro

Vivo a dor da alegria
Piso em mar na rodovia
Me encolho na estante

Não há lúcida utopia
Que me acenda a luz farsante
De uma vida sem veleiro
Que me leve ao consciente

Vivo à flor da meia idade
Mas não digo a muita gente
Meu sintoma da verdade
É o próprio inconsciente

E se luto ferozmente
À defesa do atacante
Fico sempre mais distante
Desta pobre realidade

Já que pronto eu estou
De acordar da minha mente
Dormirei daqui pra frente
Abrindo os olhos com vontade

Cegando à luz do mundo inteiro
Descrente da Sociedade