Deleite do Mesmo

Nunca se sabe como arde
Um simples sonho perdido
Do recriar de uma arte
Ao vazio do não lido

No que transparece leveza
Pesa a mais em natureza
Que um mundo imenso
Carregado de sangue tenso

E se desaparece a fortaleza
Vê-se a mim com clareza
Dói em si a tua surpresa
De me olhar à aparência

Descobre então um vil desgaste
De ideias nobres agora pobres
De pedaços ouro que viraram cobre
Sem nenhuma possibilidade de resgate

Descobre aqui a minha parte perdida
Escondida pela pele
No que ela a transfere
Amargo sabor de uma alma sofrida
Cheia de teias

E no mais triste encanto, ela morre
Sem esperanças de voltar a uma vida
Tal qual lhes fora desiludida
Pelo vermelho sangue que já não mais corre
Em minhas veias.