Govreino

Figura explícita, alma implícita
Célebre cálice, divina côrte
Espadas longas, cavalos reais
Mortais cavaleiros, damas fatais

E o timbre da voz não cala o espanto
Corre-se o manto desse teatro fantasia
É de intensa harmonia a vil dor, o encanto
Que em desgraça se transforma em terrível agonia

Não se percebe as sombras do castelo glorioso
Que de estrutura pondera num sol tão formoso
E à noite se reserva para as artes do bondoso
Rei que clama a morte impiedosa de teu excluso

E não há justiça nem em pró do tribunal
Que tão se iguala aqui no século atual
Não há talvez primores em arte pela vida
Apenas a dor no peito, não de amor, de ferida

O sol escurece ainda mais cada dia
A alma endurece o coração da alegria
Os prantos emudecem o pano de sangria
A vida apodrece em intensa euforia

Já não há além do mais vida após morte
Resta-se agora enfrentar o castelo com espada
Enchendo-lhe de raiva e um orgulho em faixada
Pois agora a glória se resume na sorte

Não há mais castelos, nem cavalos reais
Apenas mistérios, desvios de capitais
São tantos valérios, senados federais
Que já não há mais a paz, apenas cartaz
Mostrando a face dos célebres reis
Tão vis falácias, ridículas leis
A fé se transformou em comércio legal
Esse é o castelo... do século atual