No meu caminho se encontra
Eterna sede da lembrança
Dos passos já fincados
No desgaste da esperança
Passara há tempo e não me lembro
Nem me ponho a tentar
Lembrar do piso já andado
Ou do medo enfrentado
Se a angústia me devora
Para que voltar a ela
Quando o caminho já marchado
Vai embora e nem me espera
Sigo à frente, sem cuidado
Indiferente do futuro
Pois não há muro que tão duro
Nunca ceda ao meu recado
Se o passado fosse quente
Não estaria atrás da gente
E é assim que dou um passo
Só olhando à minha frente
Para não perder meu espaço
Ou tornar-me um indigente
Sem saber que é diferente
O farto do escasso.