Pretérito Imperfeito

Tão meio termo, mas tão comum, mas tão normal. Sua mediocridade, motivo de orgulho. Seu medo do extremo, de tão extremo, um medo de si mesmo. Numa imagem padrão, dessas de porta-retrato, o seu espelho. E no espelho, nenhum retrato sequer da sua imagem padrão. Míseras palavras, ínfimos momentos. Muitos nãos para tão poucos sins. Tudo dos outros em vão, tampouco de si. Olhos acesos à multidão, apagados no despir. Imitação do caráter de outrem. Sem atitude, como um ninguém. Petrificado aos olhares da Medusa socionormativa. Tantos limites no agir, que - à escassez da sua persona em demasia - um único verbo presente no seu texto (tal qual ele mesmo, um pretérito imperfeito): inexistia.