quarta-feira, 30 de outubro de 2024
Guaporã
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
Certeza
Dois Cigarros
Minhas caminhadas diárias eram de lei. Todo santo dia eu ia, a qualquer hora. Pra onde não sei.
Caminhava até a orla, pra esquerda. Noutro momento, pra direita. E assim seguia. Na semana eu já tinha feito uns trinta quilômetros e nem sabia.
Mas de uma coisa eu sei. Bem lá na fachada da farmácia perto do restaurante chinês, um senhor havia. Ele era assim bem parecido com Raul Seixas, mas um tanto mirrado. E olhe que Raul já era meio mirrado (e birrado também). Mas esse senhor tinha o jeito contrário de Raul. Era calmo, sereno, humilde, simples. De poucas palavras, mas no bom sentido.
Pra mim, era um morador de rua. Estava quase sempre lá numa melancolia. Cabeça baixa. O bigode escondendo a boca. Sua expressão nua e crua como se não tivesse nada na memória a esconder de ninguém. E é aí que a história vem.
Logo na segunda ou terceira vez que o vi, dei-lhe um cigarro. Ele pegou com tamanha humildade e carência que eu disse “Tome logo dois”. Foi aí que, apois, ele abriu um singelo sorriso. Depois disso, toda vez quando eu passava por lá lhe dava dois cigarrinhos. Minha carteira sempre cheia. A dele nem existia. Mas isqueiro ele tinha. Como minhas caminhadas eram de lei, e ele estava lá quase todo dia, fui criando um laço.
A gente não falava nada. No máximo, eu dizia “Tudo bem”? E ele concordava com a cabeça, sem sequer dar a graça de sua voz. Foram manhãs, tardes e noites em que eu caminhava a qualquer hora. Pra onde, não sabia. Mas se passasse por lá, lá estava ele. Era só eu aprochegar e ele sorria. Seu sorriso singelo e sereno. Seus olhos humildes, com ar de quem já sofreu muito na vida e continua a sofrer. Mas, quem sou eu pra dizer? A gente nem sequer conversava pra saber.
A questão vem agora. O tempo ia passando e, cada vez mais, eu não o via. Demorou bastante pra chegar uma hora que ele estava lá, na mesma fachada da farmácia, do mesmo jeito. Deu-me até uma alegria. E eu nem sei por quê. Mas, novamente, abri a minha carteira e peguei dois cigarros. Entreguei na mão dele. A mesma sintonia. Só que nesse momento eu não sabia:
Foi ali nosso último dia.
Caminhei, caminhei. Nada. Nunca mais o vi. A todo momento que passo por lá, não mais o vejo. O ver era meu ensejo. Se eu soubesse que nunca mais o viria, teria dado minha carteira inteira. Todinha.
Olha que bobeira a minha. Achar que os cigarros eram o que nos unia. Que nada. Eu caminho porque tenho depressão. Faz parte do meu dia a dia. Não sei da história dele, porque ele nunca se abria. Mas sei que o que nos fazia sorrir um pro outro era a pura e simples atenção. Era o olhar e se entender. Era a ausência da agonia. Ou a presença da harmonia. A labuta do viver.
Nunca mais o vi desde então. Hoje, eu caminhei. Pra onde, não sei. Mas ao passar por lá, na fachada da farmácia, peguei minha carteira e dois cigarrinhos deixei. Até porque se, por acaso, ele ainda existir, nossa atenção um com o outro é de lei. Na minha cabeça construo a ideia de que um dia há de vir para nos reencontrarmos. Eu adoraria vê-lo de novo sorrir.
Tem coisas que a gente só aprende vivendo. Outras, nós morremos para aprender. Se um dia eu vê-lo, vocês vão ver: vou voltar rindo de alegria. E não será só pelo cigarrinho que dei. Será pela atenção. Pela simples e pura atenção e companhia que recebi e deixei.
segunda-feira, 21 de outubro de 2024
Sós Derrotas
quinta-feira, 17 de outubro de 2024
Rosa
quarta-feira, 16 de outubro de 2024
Há Desdéns Plutão (2)
Errara cara do cavalo
Ao azar deste modelo
Da justiça facciosa
Cordialmente sectária
Nua, crua, mas secreta
Faz o feio virar belo
Uma magia horrorosa
Ela bate o seu martelo
Justo ele, tão singelo
Tão injusto, tão sem elo
Não repara em quem zelo
terça-feira, 15 de outubro de 2024
Sai de Baixo
quinta-feira, 10 de outubro de 2024
Aparentes Enganam
domingo, 15 de setembro de 2024
Esquizoide
Faz de mim sua Pompeia
Deixa história ou destrói-a
Tal vassala a fazer sala
Na senzala a que encarcera
Salvaguarda mal pusera
Cria a tiara da Malévola
Ao meu controle tira ou gera Vem a mim como já vinhas
Me ferindo sobre pérgola
Há de vinho quem me dera Faz-me presa ou põe-me fera
Torça ou fira, aquém me importa
Feroz bata-me à urtiga
Na horta cure-me em arruda Qual da tua foz se define em luta
Atropela a minha voz ou a atrela à garupa?
Já que jamais conseguirei zerar o findo da minha conduta
Ao menos forneça-me a verdade sem que me importune
Pois absorto jaz eu morto à dor aguda que me pune.
Nova Era
Calmo vos declamo:
Ao ir me deixo nu um tanto
Pois há, meu eixo, de vir, no entanto
Virá a seguir daqui, portanto
Dado por ti o brio encanto
Mal pude discernir
Sentir seu eu a me ouvir
Pra lhe despir hoje enfim
Contanto que com tanto amor
Sem julgar culpa a rigor
Nem feri-la por rancor
Notei logo meu placebo
De todo modo, sou eu mesmo
Quem vos fala já sem medo
Laço Apertado
A gente até parece um só
Descalço em areia quente
Caço sombra em meio ao sol
Sua beleza à minha frente
Viu uma ilha onde era atol
Na surpresa da paisagem
Tanto cerco em tal viagem
Que me perco do farol
A sós ficamos tão melhor
O que há de nós ainda é pouco
Sem sua voz me sinto louco
Ao deixar-me muito rouco
Nosso amor, eu acredito
Vai deixar nós tão mais fortes
Há Desdéns Plutão
No estourar de um martelo
Justo ele, tão singelo
Errara a cara do cavalo
Ao azar deste modelo
Da justiça facciosa
Cordialmente sectária
Nua e crua, mas secreta
Não repara quem fez zelo
Negligente como gelo
Ela bate o seu martelo
Tão injusto, mas singelo
Perdoai-vos
Ao giz algoz, ferir-me quis
Alto em nós há já um triz
Do mal tal diz secar raiz
Dar fim só ao que já fiz
Por lá trazerem a foz sem fim
Simples seria sua fé em mim
Livrar do atalho a que conduz
Fazer do erro a sua luz
Em duplo sopro faz de nós
Agulha prega do problema
Queimosia
Dá-se a toda teimosia
Um fio de perseverança
Linha tênue entre agulha
Que labuta num pavio
Brincadeira de criança
Que lá surta se não viu
Ser favorito na infância
Como agulha no palheiro
Desfazendo-se em cheiro
Incendiando a fazenda?
O algoz do travesseiro
Dando giro num isqueiro
Com o gás dessa oferenda?
Ou lhe implode e faz seguir?
Em Gratidão
Liberto-me em ser
Ao abrir-me pra Você
Quando laço Sua paixão
À eterna gratidão
Do Seu meu bem querer
Descalço do meu chão
Me apego ao prazer
Que livrai-me do querer
Ser-Lhe filho e escrivão
Faz-me só retroceder
O cuidado à construção
O poder de me manter
Sempre a salvo, com noção
Ter a chave da prisão
Ter Você no coração
À Rua Minto
Faço firme quem não sou
Mas que sim me reconheço
Noutra face que me dou
Me detém a tanta dúvida
Me atenho na criança
Só brincando em sua dádiva
Pois minha pele já restou
Sem a roupa que deixou
O meu corpo pelo avesso
Porém todos dão apreço
Que talvez eu não mereço
Faz de mim um endereço
Deste meu tal recomeço
Por ser grato a teu feitiço
Que me põe logo a serviço
De viver naquele poço
E me deu este avanço
Na minha vida que mudou
É só meu e vou sozinho
Porque meu ser acordou
Desse berço onde ninho
Mar Asmo
Que o marasmo me aponte
Esta ponte da minha via
Justo eu sem dor amarga
Fui querer a enseada
Do seu mar que jaz defronte
Da minha nobre empreitada
Tira a mim da sua frente
Ou terei que dar a largada
Que desfaz a sua alçada
Por Ti Oro
Fez de mim um iludido
Contornou-se o que de fato
Resta em tempo ser saudável
Dou a luz ao impossível
Que se perde em meu traço
Ao ceder pro inconcebível
De julgar-me falecido
Ao querer ferir-me um cato
Sem sequer ter merecido
Aos nós firmes do meu braço
Quando já eu me desgraço
Quando o fim for concebido
Ilumina meu sensível
Coração a que infarto
Tão quebrado e sofrido
Tão megero invisível
Esfinge
Aqui faço-lhe poema
A que estou por ter pecado
Ao fracasso da resposta
Finge ti que a mim tenha
Salva-me de ser abestado
Recupera o meu estado
Que em guerra se empenha
Meio humana e meio leoa
Sua forma já me doa
No prazer de ser chamado
Por aqui ter caminhado
Queime a mim de suas graças
Às desgraças em minhas costas
Pela dúvida ter errado
Na minha estúpida resposta
"Ele sempre, sempre corre,
Mas nunca sai do seu lugar"
Ela "o vento" espera
E eu, poxa, quem me dera
Não dizer à essa fera
Que o certo é o "pensar"
sábado, 3 de agosto de 2024
Acha Que Eu Não Sei?
Desço à rua só pra crescer
O que em mim foi renascer
Lei de um fim que desmontei
Sobre um reino sem um rei
A pele nua eu deixo ver
Cê acha o quê? Que eu não sei?
Sua mente crua tá tão na lua?
Tremo, fujo, escondo também
Mas a vontade de ser vai além
Do medo dum olhar de quem vê
Vaidade é, da idade, via ou vaia
Esse segundo, leigo sujo de maldade
Por isso eu desço a rua pra crescer
Numa exposição que não é sua
Então não se preocupe se estou bem
Porque a minha vontade de ser
Vai muito, mas muito mais, além
Do quão aquém era a verdade do meu viver
Lar de fora, faz da rua
Ora embora, ora agora
Hora afora vai-se embora.
terça-feira, 30 de julho de 2024
Forra
quarta-feira, 17 de julho de 2024
Planejar Sem Ejar
Quão ao extremo nos opomos
Quando em cárcere privamos
Ao livrar-nos do que somos
Pra dos livros fazer planos
Conceder-nos no que vejo
Não vir de vez como num beijo
Mas no ceder de um baculejo?
Ou são imagens de outrora
Vez do velho já de fora
Nos dizendo que, embora
Fosse o intuito um desejo
Precisar por tão conserto
Mas se todos nos doamos
Terminamos já represos
Ao milagre não voamos
Em mil lacres do pé ileso
segunda-feira, 8 de julho de 2024
Quadro Negro
sexta-feira, 28 de junho de 2024
Buraco Negro
Quase que dissolvo
Faço que não solvo
Caço e'inda salvo
Laço, como, assusto
Luto, mas não, salto
Tanto, mas tão alto
Pago mesmo, o custo
Gasto, pois desgasto
Base que desgosto
Gosto quando parto
Mês que me arrumo
Desde que desabo
Fez em mim, um amarro
No mesmo cabo, em que fumo
Louça a que eu lavo
Beijo, a paz de quem me doo
Mago sei que não, galgo
Ouça o que vejo, e trago
Antes de falar, quem sou
Desses versos acabo
Dos outros, deixo guardado
Mas lembrem sempre, um fato
Onde houver rio, e mato
terça-feira, 25 de junho de 2024
Não Me Leve Ao Mal
O poder que é tão sublime
De saber a hora certa
A frase correta
De se comunicar
Há quem diga que o ciúme
Se valida com quem sente
Sem saber que anteriormente
Dá-se luz ao que se teme
Faz-se jus ao que se entende
Pra depois estar presente
E poder se dialogar
Há quem diga que se sabe
Como se relacionar
Há quem faça até poema
E chegue até a publicar
Fingindo tanto quanto todos
Depois de ter tanto problema
Do aprendizado, crio um lema:
Não me arrependo de amar.
Ser Ou Não Sei
Firo a pira da pelúcia conhecida da infância
Calha malha cá sarada, cura em si lá transformada
Vem demais tão transparente, torta sã capaz dormente
Lista a luz de um quadro ausente
Soma em paz, devassa sente, gera em transe fácil lente
Sem girado o galho ofício, deixa à palha agulha em frente
À procura não descrente, mente e falha o artifício
Faz da usura a própria mente, goza impura a tal serpente
Corta e fura como sempre, vaidade outrora a nós sofrida
Calor de agora a sós amiga, joia rara a quem penhora
Nobre mágoa a lama afora, noz amarga apodrecida
Voz calada ensurdecida, busca a morte aonde mora
quinta-feira, 20 de junho de 2024
Adormerecida
quarta-feira, 19 de junho de 2024
Então Que Seja
Tampouco o ar que me renova
O que me muda ou me transforma
É a realidade da nova guia
Sou o mesmo de sempre, e não importa
Se há controvérsias do meu estilo
Sou um pouco aqui e um pouco ali
Eu me contorno a qualquer presença
Me faço igual ou diferente
Minha face é máscara de tanta gente
Mas mesmo assim não me comporto
Com o coração sou eu mesmo sempre
Para uns há luz, outros escuridão
Para poucos há raiva, outros paixão
Para muitos há névoa, outros viagens
Para todos há o mesmo, mesmo que pareça invenção
Não é a cor que me rotula
Tampouco a voz que me inova
O que me muda ou me transforma
São as amizades da minha vida
terça-feira, 18 de junho de 2024
Sem Prendimentos
Do prazer de um sono amado ante o gozo duma ideia
Significa que sou grato ao destino concedido
Pela arte tão presente a correr em nossa veia
Já não fujo àquele medo de sofrer pelo ocorrido
Ao sentir-me abatido por perder um tanto cedo
Um futuro planejado neste ensejo tão sofrido
Nem mesmo choro sem sentido o fracasso surpreendido
Por estar um tanto longe de um destino não esculpido
Previamente imaginado porém num alívio admitido
Sobre o que fora acordado e hoje vejo quão fui salvo
Larguei mão do brio nocivo se o processo eu mesmo faço
Dou cara a tapa a cada etapa com cara limpa sem desculpa
Muito agradeço ter logo errado pra cedo ver o revés da luta
Pois aqui pago a minha multa ao receber régua e compasso
sábado, 15 de junho de 2024
Para Nós
Jaz aflita em condição
terça-feira, 11 de junho de 2024
Tianmelus
Derradeira morte em vão
Que despeço-me então
Faço vil a sua ausência
Pela sua luminescência
Cai a noite e sigo em frente
Deixo este caminho e volto
Mas tampouco estou envolto
Já que sou tão diferente
Outra aurora diz-me outrora
Que afora foi-se embora
Deixou-me à hora tão confusa
Na raiz de outra vara
Mas, que pena, joguei fora
Quando vi tão firme tora
Tal como disse-me Cazuza
O tempo não para
terça-feira, 30 de abril de 2024
Penúltimo Ato
À depressão dei endereço
Desabei-me sob um hospício
Fiz do fim um grande apreço
Dispensei um recomeço
Só dei valor ao que tem preço
Que mereço, eu confesso
Essa dança reconheço
Não descanso, nem almoço
Tão somente me desfaço
Traço em mim um passo em falso
Ao escasso me ofereço
Mas se passa em sua cabeça
O que penso e o que passo?
É só isso que lhe peço
Antes de maçar o meu maço
Ao avanço me disperso
Já cansei-lhes meu disfarce
Minha face sempre sonsa
Tão sem graça já não desce
Mas se a mim cê reparasse
Num olhar me adentrasse
E a minha dor então sofresse
Meu agir reconhecesse
Na origem da ofensa
No assédio insistente
No meu câncer padecido
Na distância fluminense
No meu coração partido
Cê veria meu sangue quente
Tão espesso e aderente
De emoções tão permanentes
Porém memórias displicentes
Que, por escória, só as más
Eu me lembro infelizmente
E se cê visse a enorme pedra
Entenderia essa minha queda
Um tombo em combo que te quebra
Pisei falso pois havia...
Um amor que não me ouvia
Um dó que me impedia
Um nó que amarraria
E esse nó, xô lhe contar porquanto
Agarrara, coçara, tensão que me cegava
Agarrava, coçava e você não observava
Agarrou, coçou, um nó que me enfrentava
Entretanto
Agarrei, cocei, estarei sempre lutando
Agarraras, coçaras. E você, me observando?
Agora agarrará, coçará, sem mercês me ajudando
O tal nó vai me enfrentar com vocês sequer estando
Logo rogo toda praga a esse amor
Esse dó e a minha dor
Entre tantos
Afinal será um assombro
Das noias que aqui vejo
Quando volto por ensejo
Permanência do meu tombo
Ou minha ânsia, meu desejo
Dos viés a que me cobro
Dos papéis a que pelejo
Desequilíbrio do meu ombro
Quem mexeu neste meu queijo?
Agora sem quem aponte o dedo
Mora em mim um grande medo
Ora, eu vim um tanto cedo
Embora andei com esse segredo
Há muito tempo em meu enredo
Quem irá me visitar?
Sou muito de conjecturar
À expectativa de quem dá
Ou de quem vem pra retirar
Sofrerei com sá distância?
Sem todas suas tolerâncias
Sem todas suas paciências
Sem todas suas consciências
De toda essa minha desgraça
De tudo que eu faço graça
Do mudo que eu sou em casa
Do surdo que me faz bocejo
Do surto em mim de um assobio
Quem lembrar vem dar-me um beijo
Ou um abraço ou o queijo
Também isso eu ensejo
Pois desde cedo que eu velejo
Nessas águas tão longínquas
Em que crio tantas ínguas
À distância do que almejo
Meu longevo ato final
Será sem um sequer lampejo
Ou nenhum saco de sal
Que até hoje eu fraquejo
Farão, sem ignorância, linha extensa?
Explorarão a minha infância?
Numas sãs ações sensatas consciências
Dumas áreas pátrias páreas em parar minha frequência?
Parei nos vários bares solitários e aleatórios do Rio
Que fui à toa e soei pária nest’outro império em que suamos
Pois vim de apenas outr’afluência bem acima do que somos
Serásse esse sanatório
Sarará o meu suplício?
Parará o que tem sido?
Curará esse meu vício?
Nadará em meu dilúvio?
Que não é nem tão difícil?
Talvez porque falar é fácil
Sem viver o meu Vesúvio
Será que esse ambulatório
Deixar-me-á sem o que faço?
Saberá o quanto eu calço?
Mudará a minha sina?
Refará meu triste laço?
Para eu poder parar e parar
Nas garras da minha menina?
A quem tanto me ensina
A conviver sem precisar
De qualquer maneira
Sei que estou à beira
Deste presídio
Pois essa pedra traiçoeira
Fez-me jus ao suicídio
Fugi da ribanceira
Que me foi tanto alívio
Só que segui indo à feira
Por pedir seu benefício
Num momento não propício
Fiz de mim um desperdício
Sem que a mim próprio eu queira
Vem desde adolescência
Meu sangue tão espesso
Por isso teço verso intenso
Pra fazer ordem e progresso
Ao inverso do que penso
Do que peco eu compenso
Por estar já muito imerso
Vou girando o terço tenso
O tornando uma espada
Como num conto de fada
Caço esse mostro imenso
Pra libertar a princesa amada
Festejar com minha família
Dar o monstro como presa
E brindar com meus amigos
Que me ajudam com proeza
A me afastar desses perigos
Porém, a vocês eu lanço:
Não me esforço ou não alcanço?
Fosse a fossa um falso poço
Mesmo a força mais intensa
De um coço tão colosso
Não sairia nem com coça
Você mesmo sempre diz
Que não há ninguém que possa
Sair de toda essa joça
Sem fadar à diretriz
De amizades como a nossa
Mas saiba:
Foi todo o mal
Se torcem, dão remorso
Põem berço, me contorço
Sem intenção, me lançam ao fosso
Por pouco, deixam-me a um triz
Antes fosse assim tão fácil
Na coerência e fala mansa
Com bom senso e paciência
Resolver a minha lambança
Minha bagunça na despensa
Não lhe peço condolência
Nem presença com veemência
Se em sua crença permanece
O nonsense da minha ausência
Pois nem tudo é o que parece
Mas fizeram da minha tosse
Um sinal de estar em posse
Sem sequer se ter prudência
Pra ter pulso e constância
Tal Virgulino no Cangaço
Na desgraça em iminência
Nessa ardência de percalços
Na vigência do que passo
Dos meus laços, me despeço
O que sou será lembrança
Camus fez estardalhaço
Em paz, jaz e já descansa
Sá versão que em mim morreu
Sobrou quem sou de preferência
Pro último ato ter relevância
Para que toda essa sofrência
Seja só passado meu
Que o futuro prometeu
Pra limar minha arrogância
Retirar minha inconstância
Restaurar-me cada membro
Vou reaver minha elegância
Fragrância que, nascida em julho
Com orgulho ainda lembro
Por guardar cada embrulho
Dos presentes que nos demos
Tão presentes quanto somos
Pois presentemente eu posso
Considerar-me um sujeito de sorte
Neste Norte em que deleito
Sem que em leito deite à morte
Sigo vivo e imperfeito
sexta-feira, 12 de abril de 2024
Bárbaros em Guerra
Neste clichê tão óbvio
Faço questão de expressar
Que me atiro pro seu mar
Seu olhar me deixa imóvel
Seu sorriso tão amável
Faz meu corpo fraquejar
A relação que me impõe
Pude enfim compreender
Só de ti recebo um tanto
Mesmo que eu deixe em poucos
Pois os outros são os outros
Depois de você
Nunca esqueça da certeza
Que à sua nobre realeza
Serei sempre um cavaleiro
Mato e morro em nossa Guerra
Pois você, ó minha alteza
Conquistou-me por inteiro
Libertou-me desta cela
Desde lá em fevereiro
Ao notar com mais clareza
Sua interna e externa
Maravilha de beleza
Que me deixa tão cabreiro
sábado, 23 de março de 2024
Mal digo quem sou agora
Mal sei quem sou agora
Criei-me como alguém
Matei e joguei fora
A luz que em outrora
Fazia-me sentir bem
Maltrato com desdém
A vida que apavora
Ao fato de também
Ferir-me sem porém
Fugir sem ir embora
À noite eu perco a hora
Meu corpo em si ignora
Sinais que não intervêm
O luto então demora
O surto me devora
Eu curto há mais de cem
E o amor, que ironia
De verdade só piora
Mas trato com desdém
A dor que em mim mora
Destrato com desdém
Fui muito mais além
Isso que me apavora
Me faz perder a hora
E o tempo jogar fora
Foi muito mais além
Do medo que apavora
Da luz que vivo sem
A luz me ignora
O amor que jogo fora
Não mais em mim mora
Mal sei quem sou agora
Criei-me como alguém
A dor que em mim mora
Destrato com desdém
Fui muito mais além
Isso que me apavora
Me faz perder a hora
E o tempo jogar fora
E apago com desdém
A luz que jogo fora
Na dor que me devora
Despeço-me de outrora
fora, mora, chora, hora, apavora, demora, melhora, piora
bem, sem, intervém, além, cem, vem, porém, tem, amém, porém, ninguém, contém
Mal sei quem sou agora
Criei-me como alguém
A dor em mim devora
Foi muito mais além
Do medo que apavora
Da luz que vivo sem
Mal digo quem sou agora
A mim já desconheço
Segui por um vil atalho
Irrompi no que já sou falho
Ensinar-me este caminho
Onde sempre andei sozinho
E hoje já não reconheço
Mal vem a dor que me devora
Derrete em mim toda essa lágrima
Cedo ao chão sem que a hora
Me desperte em solidão
Me derrube sobre a dádiva
De pensar que houve outrora
Uma emoção ainda ávida
A vibrar meu coração
Mal que vem talvez pro bem
Deixa em mim a sua proposta
Levanta o corpo e me encosta
Nesta parede que lhe intervém
Que alguma luz nos venha à mostra
Iluminar o meu alguém
Esclarecer a minha aposta
Desdizer o meu desdém
sexta-feira, 22 de março de 2024
Há Males Que Não Me Têm
Mal digo quem sou eu agora
Porque a mim eu desconheço
Muito queria a luz do atalho
Me dizer no que sou falho
Ensinar-me este caminho
Onde sempre andei sozinho
E hoje já não reconheço
Mal vem a dor que me devora
segunda-feira, 3 de abril de 2023
Ressurgir
Quando cansa a calmaria
Se transforma em furacão
Não nos vê com empatia
Nem nos poupa a heresia
De controlar sua direção
Se eu soubesse que um dia
Neste ponto chegaria
De tão livre expressão
Mais verdades mostraria
Minha vaidade é fantasia
Na realidade, uma ilusão
Minha intensa obsessão
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023
Sucumbir
Que hoje vivo em agonia
quarta-feira, 7 de dezembro de 2022
Reflexões
quinta-feira, 1 de setembro de 2022
Pra Vocês
Levo em mim o que de mim sobrou
Resta em mim o que de mim prestou
Pesa em mim o que você deixou
Volto a mim como quem eu sou
Quando olho pra trás
E vejo vocês
Percebo que estou
Num colchão de retalhos
Minha primeira certeza
quinta-feira, 25 de agosto de 2022
Luto em Paz
Cabe numa poesia
Há de contar sem nostalgia
A circunstância desse mérito
Com denso teor de angústia
Faço verdade a cada verso
Num acúmulo em que imerso
Um passado de alegoria
A história que lhe conto
Vem de um santo indigesto
Vem de um canto sem manifesto
Vem da memória que em mim desconto
Tantos foram os caminhos
Que de longe planejamos
Mas por fora caminhamos
Tantas luzes acendemos
Tantas sombras escondemos
Tanto nos distanciamos
Sem que a dor da despedida
Valha mais que o nosso alívio
Já mergulho num dilúvio
Minha lamúria expedida
Sinto o mal ser tão apenas
Uma ruim recordação
Que de mim foi tão pequena
Quem de nós tem a razão?
Sinto a luz chegar tão plena
Esclarecer a escuridão
Desvendar o que houve em cena
Iluminar um drama em vão
Quem de nós tem mesmo a culpa
Se ela em si é uma ilusão?
A verdade é que houve luta
No que era pra ser paixão
E hoje vivemos em luto
Após essa conclusão.
terça-feira, 16 de agosto de 2022
Vera Cruz
E ao fim de tarde assisto em pé
Vai muito além dessa maré
Além do céu que nos engole
Se me deito em suas águas
Que mesmo rasas aprofundam
Os sentimentos me inundam
E sobrepõem o que estiver
Cada dia sua vista muda
E feito folha de arruda
Me remedia a dor profunda
Sem nem cobrar da minha fé
Queria eu só mais um banho
Que me acolha em sua maré
Que me engula com seu sol
E me leve pra onde quiser
Queria mais um banho só
Nesse lugar que sei de cor
Cada caminho e cada canto
Faria jus à calmaria
Que me acolhe e anestesia
O ardor desse meu pranto
Com sua vista em demasia
Me renovo aos seus encantos
Com sua leve correnteza
Dispo a minha natureza
Pois sua beleza é poesia
E na leveza que me guia
Ó Baía de Todos os Santos
Faz de mim uma fortaleza
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
Seu Zelo à minha Sina
Novas Histórias
segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Minha Madrugada
Pra quem não dormiu
É o fim do sereno
Que acorda o vazio
Digo isso porque vivo
Ao silêncio da madruga
Como um copo sem água
Que se preenche de ideia
E o barulho do dia-a-dia
À rotina da euforia
Cria a confusão
Que encandeia a minha fuga
E destrói minha epopeia
terça-feira, 11 de novembro de 2014
Peito Vazio
O saciar de todo homem
Como um amor
Enfim, eu já não sou
Tanto quanto antes
Como um Beija-flor
Se prego, dia após dia
A ti, uma euforia
Dou-lhe a mentira
Como quem já surtou
Se rego o plantio
De um jardim senil
Estou à deriva
Como quem se esquiva
Ponho tudo a perder
Porque já me perdi
Se hoje vou sofrer
É porque já estou no fim
Não venha me dizer
Se eu me arrependi
De matar a fome outrora
Com tudo o que já comi
Pois posso lhe garantir
Assim como a fome
O que eu como agora
Amanhã volto a pedir
Um amor que me desperte
A vontade de sentir
Pretérito Imperfeito
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
Dinheiro Não Lhe Faz Feliz
Sim.
Você tem grandes chances de estar desesperado andando por um caminho infinito sem ter uma ideia exata do que alcançar. Você está confundindo uma meta com uma ferramenta. Seu objetivo, na verdade, não passa de um meio. Cada hora do seu dia, cada dia da sua semana, você sai em busca da ferramenta. Mas nunca em busca da meta. É por isso que, toda vez que você tem a ferramenta em mãos, fica na dúvida do que fazer com ela. Você a procurou sem antes saber como ou no que usá-la. A sua vida inteira pode acabar se baseando no meio e não nos seus objetivos. Você pode se tornar mais uma daquelas pessoas frustradas que, em poucos momentos da vida (como uma sexta-feira ou um filme emocionante) consegue uma faísca de felicidade. Tudo isso simplesmente porque você está objetivando um meio, em vez de usar um meio para atingir seu objetivo.
Essa confusão está se tornando cada vez mais normal em todos nós. Se você for uma dessas pessoas que objetiva ganhar dinheiro acima de tudo, se encaixa perfeitamente nessa crise. O dinheiro não é um objetivo. É um meio. É o meio do século de se atingir vários objetivos. Quando objetivamos ganhar dinheiro estamos seguindo um caminho sem fim. Ter grana, por si só, não garante momentos de felicidade. Na verdade, ninguém sabe definir "felicidade". Mas todos a reconhecemos quando sentimos. A felicidade vem do cumprimento de nossos desejos. Para consegui-las, usamos diversos meios que facilitam o caminho até ela. Uma pessoa que adora tocar num luau, antes de mais nada, precisa de um instrumento ou coisa parecida - um violão talvez. Mas ter um violão sem tocá-lo não servirá de nada à sua felicidade. Assim como ter dinheiro sem usá-lo será igualmente inútil.
Inclusive, há outras formas de se conseguir o que quer além de dinheiro. Se você gosta de música e ganhou um violão de seu tio, vai deixar de ser feliz porque ele não foi comprado? Pois é. Além disso, ter um violão e não tocá-lo não lhe fará feliz. Tudo o que nós buscamos são momentos, não coisas. Nós não queremos dinheiro, nem queremos objetos. O que nós realmente queremos é usufruir dos momentos que passamos com isso, aquilo, ele ou ela. A Era do Capital nos transmite essa falsa sensação de que o dinheiro ou os ganhos materiais são nossas metas. Só que não. O problema é que, nesta era, essas ferramentas são muito úteis para conseguirmos recriar os momentos que nos fazem felizes. Mesmo assim, não podemos confundir o circuito com a linha de chegada, se não estaremos correndo eternamente em círculos.
Tenhamos isso em mente. Busquemos construir objetivos, determinar desejos, todos relacionados a momentos - para só depois pensarmos nos possíveis meios que facilitarão atingi-los. Se você acha que uma pessoa rica "não deveria reclamar da vida boa que tem" ou não entende quando vê um pobre feliz da vida, é porque ainda não compreendeu o quanto o dinheiro não é determinante de felicidade, mas sim os momentos que passamos com aquilo que gostamos. Espero muito que nossa geração consiga refletir mais sobre isso.
Portanto, de hoje em diante, desejarei a todos "Felicidades!" - pois o resto (dinheiro, amor...) são apenas meios de atingi-las. Você escolhe.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Vertigem Maria
Quente é o fogo em quem te ama
Frio desejo invade a trama
Quando à cama põe-se em coma
Noite a noite e nenhum dia
É o dia-a-dia desta senhora
Que vive em lua a toda hora
E só se cansa quando está fria
Perde a linha, esquece o rumo
Nem o fumo trouxe à tona
A tal saudade da sua memória
Vem sem dono, vai com tantos
Fica em prantos se algum chora
Porque relembra a sua história
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
Ação X Reação
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Genérico de Tarja Preta
É uma cura sofrida. Ele deixa a dor latejar sem anestesia. Envolve o corpo e domina a mente, mas nada faz para aliviar. A aflição é um sintoma. Faz-nos perceber o erro em nosso organismo social. A memória é um hematoma e dói bastante quando a tocamos. As lágrimas são possíveis efeitos colaterais. Porém, sortudo é aquele a quem elas põem-se a cair, pois acalma a dor física enquanto a consciência promete explodir.
O tempo é o mesmo para todos. Mas cada um de nós reage diferente. Não há relógio que consiga, na parede ou no pulso, fazer o tempo ficar ao nosso lado. Ele nos odeia. Odeia nossa incapacidade de aprender imediatamente. Odeia a desorganização em que o submetemos no dia-a-dia. Odeia nossa vontade de controlá-lo e a pouca vergonha de acharmos que o temos sob controle. Assim, ele revida. Passa veloz quando queremos pará-lo e lento quando queremos passá-lo. Consome cada gota de nossa resistência e desafia nossa paciência.
Apesar de cruel, é um cavalheiro. Quando reconhece a superação, ele deixa a dor passar. Se aprendemos a causa e a consequência do fato, o tempo resolve nos curar. Antes disso, muitos lamentam, outros enlouquecem, alguns se enfurecem e uns tentam ignorar. Contudo, tudo só passa quando questionamos o que fizemos e decidimos o que fazer. Paciência é a única virtude esperada pelo tempo. Pra chegar nela, sofremos. Tentamos ignorar, nos enfurecemos, enlouquecemos e lamentamos. É um processo longo, chato e dolorido. Entretanto, ele só libera o futuro e descansa o presente quando compreendemos nosso passado.
O tempo é um remédio que só cura seus pacientes.
segunda-feira, 9 de abril de 2012
A um Fio do Fim
Apertado ao nosso rumo
Sigo triste e tão ausente
Na calada me arrumo
Vou enfim, mas não ao fim
Despacho-me, então sumo
Protegido, mas descrente
Peço a mim ser diferente
Desapego do consumo
De um vício transparente
Que me afoga neste mundo
Onde mora a minha mente
terça-feira, 27 de março de 2012
Prefácio do Futuro
Porque se há pouco quem me dera então se fosse muito
No vago eu vago e não sei se é pleno
O desejo que mata a minha boa vontade
Ela vem sempre antes me falando somente
Dessa triste dor de quem espera a saudade
Como um soco que avisa o que há pela frente
Mas nunca acalma o susto da realidade
Não conheço o desespero
Nem espero trazê-lo
A mim eu só confio em ter a certeza
Que estão por vir muitos bons momentos
Se não houver clareza
Me apego a terceiros
Que expliquem a proeza de meus sentimentos
E me indiquem o melhor fim destes tantos meios.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Esgoto-me
Falo antes e escuto
Ouço claro e me atenho
Um percurso curto e culto
Curto a voz do inimigo
Ouço ideias já dispostas
Faço a mim um novo amigo
Quando expressa uma resposta
Já não aceito mais o surdo
Nem que esteja só ouvindo
Minha paciência tá sumindo
A quem preza pra ser mudo
Na intriga me acanho
Saio são de quem é vão
Quando falta opinião
No calor de meu deserto
Dou valor só ao esperto
Que respeita a discussão
quarta-feira, 7 de março de 2012
Calado, estás errado
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Culto Material
E não mais eu lhe ver
Me desculpe tentar
Procurar por você
Mas difícil é esquecer
De quem pude amar
Se pra ti já não dá
Só me resta sofrer
Então me deixo levar
A mentir pra você
Lhe dizer que se vá
Ficarei bem sem lhe ter
Só espero lembrar
De não se arrepender
Pois quando o sol me cegar
E o inverno acabar
Estarei com você
Sem comigo estar
Perdido em querer
Contigo voltar
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Prólogo
Escondido noutra vida, numa dimensão perdida, sofro a dor de uma saudade sem ligação com a verdade do passado ou do presente, mas de um mundo diferente que tornou-se indiferente pelo caminho não passado, desviado à tangente. É uma dor que não se explica, não se cura, nem se esvai, é uma paixão perdida, literalmente - esquecida por mim mesmo, desviada pelo meio, mas que ainda move meu consciente, me deixando louco, me faz chorar, por um mundo que nunca cheguei a conhecer, só imaginar.
Nostalgia pelo Caminho Nunca Passado
Em momentos distantes
Nunca alcançados
Caminhos diferentes desviados
Por outra direção
E o máximo que podemos imaginar
Já nos faz sentir fortemente
Uma dor que chega sem bater
Batendo muito em nosso peito
Mostrando que houve outro jeito
É um momento estranho
Nos desaproxima da verdade
Ou, na verdade, nos afasta
É um sentimento profundo
Que mistura arrependimento e nostalgia
Por uma vida para sempre desconhecida
Que só vive em nossa cabeça
E um dia pôde ser vivida
Nesse momento ficamos tristes por nada
Ou talvez fosse por tudo
E o nada em que vivemos o resume enfim
A tudo o que adoraríamos viver
Mas tomamos outra direção
A qual viemos conhecer
Queria poder saber a verdade
Se o que vivo é real ou é saudade
De um presente alternado
Num passado desviado
Queria ter me conhecido
Na mudança, no perigo
Com esses outros amigos
Com esse outro amor
Com essa outra vida
Diferente da minha cor
Escolhida
E se fosse tudo diferente?
E se a gente fosse apenas estranhos?
E se os estranhos fossem a gente?
E se eu mudei pra pior, pra melhor ou fui indiferente?
E se aquela pessoa a quem almejo é uma farsa?
E se a pessoa a quem vejo é minha verdadeira alma?
E se o mundo em que vivo fosse insignificante
Diante de uma outra vida emocionante?
Nunca irei saber
Mas posso sentir
A dor que me faz pensar
É o amor que eu fiz sumir
A saudade sem causa
É a causa do que sofri
Por não ter escolhido o caminho
Ao qual seria muito feliz
Mas não podemos ficar sempre pensando nisso
Nem fortalecendo esse sentimento
Porque é uma dor inútil
Criada pelo tempo.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Minha Jornada (música)
Entre versos diversos
Fez sua voz ao infinito
Pra alcançar o reverso
Do que já havia sido escrito
Mais outra vez
Deixou de esperar
Perdeu-se em desenhar
Ganhando a vida inteira num segundo
(Calou o mundo)
Se a procura é longa
E o destino é comum
O prazer de si
É a jornada e não o fim
É a jornada e não o fim (x4)
Mais uma vez
Entre versos diversos
Fez sua voz ao infinito
Pra alcançar o reverso
Do que já havia sido escrito
Mais outra vez
Deixou de esperar
Perdeu-se em desenhar
Ganhando a vida inteira num segundo
(Calou o mundo)
Se a procura é longa
E o destino é comum
Faça-me pensar
Faça-me agir
Pois é a jornada que eu quero seguir (x4)
É a jornada que me faz sorrir
É a jornada que me faz rir
É a jornada que me faz ir
Até onde só poucos conseguem viver
Num imenso prazer de glória
Na história
Mais uma vez.