sábado, 15 de junho de 2024

Para Nós

Num calabouço intangível
Jaz aflita em condição
Minha memória sem censura

Pois só ouve quem sussurra
Sem dar voz ao concebível
Deixa em mim o inexplicável

Faz meu mundo maleável
E eu que já de tão sensível
Deito fácil ao imaginável

Perco torto a minha noção
Vivo ausente à sensação
De conforto e confiança

Todo apego à coincidência
A ignorância ela semeia
Por cada análoga ideia
A que me ilude uma plateia 

Neste escárnio alegórico
Fardo fato que estou farto
Já cansei de, tão eufórico
Até quase ter um infarto

Nesta busca inalcançável
De uma paz tão razoável
Vivo como um invisível
Só minha falha é notável

Mas um dia há de vir
Curar-me do que for possível
E a minha voz será a única
Que irei ouvir de mim