terça-feira, 30 de julho de 2024

Forra


Soa a Nau e entoa então
Aqui não venhas se impor medido
Sai da sua e vá-se em vão
Pagar-te arte ao ferir-me arbítrio

Tal delicada deliciosa
Maliciosa mal-educada
Cal ociosa me aliciava
Sua breja vil já me alvejava

Impugnante punho ferido
Punhal infante num bradar sofrido
Mal levara à cara sua párea praga
Cá sua infame tara enfim lhe apaga

Dê à nossa terra piedade
Não se enterre ao cair
Queima-te em pé
Deixe-te ao vento espalhar
Esse corpo unguento

Pra nunca alguém mais machucar
Pra verdade em fé prosseguir



quarta-feira, 17 de julho de 2024

Planejar Sem Ejar


Quão ao extremo nos opomos
Quando em cárcere privamos
Ao livrar-nos do que somos
Pra dos livros fazer planos

São verdades de um ensejo
Conceder-nos no que vejo
Não vir de vez como num beijo
Mas no ceder de um baculejo?

Ou são imagens de outrora
Vez do velho já de fora
Nos dizendo que, embora
Fosse o intuito um desejo
Só o plano faz a hora
Precisar por tão conserto

Mas se todos nos doamos
Terminamos já represos
Ao milagre não voamos
Em mil lacres do pé ileso

segunda-feira, 8 de julho de 2024

Quadro Negro

Trago um poema em dor
Jamais dela ser bem-vinda
Tampouco peso outro fardo
Ora cálculo do estrago
Destas fartas recaídas

Dado o árduo que fora dado
A mim trabalho de ornar cor
Sobre um quadro já tingido
Num escurecido preto fechado
Sem tom branco permitido

Toco à tela com rancor
Pois por ela fui senhor
Em cada tom ali havido
Até o carvão ter afundado
Pro meu quadro ser esquecido
Apagando-me da dor