segunda-feira, 28 de abril de 2025

Passe (ajustado)


Nem tudo é sobre nós.
Também é sobre laços.
Saudades que me doem
Convêm do embaraço.

Meus laços me destroem.
Em nós eu me desgraço. 

Deus que nos perdoe
Deixar que um sonho soe
Pros outros: meu fracasso.

Problema, já não ligo.
Fosse bom, já tinha sido.
Se vão for, foi merecido

Sofrer sem ter vivido,
Morrer sem dar um passo.

domingo, 27 de abril de 2025

A Destemida IA

 

À IA, faço arte.

Me doo e expresso. 

Regresso eu soo,

Mas digo-lhe o inverso:

Seu prompt é o léxico

De um ser reconvexo.


Então não descarte

O meu próprio verso.

Pois somos, em parte,

Donos do contexto,

Leais à verdade.

Reais no pretexto.


Nossa criatividade

Endossa o que peço.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Levantas-te


Na vida, se há mágoa
Por ser ressentida
Por que cargas d’agua 
Tu sofres, querida?

Se fostes mais árdua
Estarias perdida
Terias já largo-a
Em tese, morrida

Pois preze-te, amiga
Cá calo-me e, contida
Tu me falas sofrida
Ter se arrependida

Por ti deves ser erguida
No abalo da caída
Sem uma mala que te pese 
Em cada dor a que se lida

Peito Vazio (2)


Só me resta a fome
De, como todo homem
Ter um belo amor

Enfim, eu já não sou
Tanto quanto antes
Igual um Beija-flor

Se prego todo dia
Tal qual minha euforia
Eu dou-lhe a mentira
Como quem já lhe surtou

Se rego o plantio
De um jardim senil
Meu peito suspira
Como quem eu mesmo sou

Ponho tudo a perder
Porque já me perdi
Se hoje perco a sofrer
É porque me feri

Então não venha dizer
Se eu me arrependi
De matar fome outrora
Com tudo o que eu vi

Pois posso garantir
Assim como a fome
O que eu como agora
Depois volto a pedir

Um amor que em mim desperte
A vontade de sentir

sábado, 12 de abril de 2025

Amanhecer


Ego à luz da voga 
Alego-me afogado
Nego estar largado
Ao lago nado imerso

Navego cá disperso
Vago-me sem lado
Divago desconexo
No poema que lhes trago

Um eu bem mais complexo
Isto é, se for possível
Confunde o imprevisível
Em afago já alagado 
Há de mim em cada verso