segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Penúltimo Ato (Resumo)

Ao cair por um tropeço
À depressão dei endereço
Fiz do fim um grande apreço
Dispensei um recomeço
Dei valor só ao que tem preço

Que mereço, eu confesso
Essa dança reconheço
Tão somente me desfaço
Traço em mim um passo em falso
Ao escasso me ofereço

Mas se passa em sua cabeça
O que penso e o que passo?
É só isso que lhe peço

Ao avanço me disperso
Já cansei-lhes meu disfarce
Minha face sempre sonsa
Tão sem graça já não desce

Mas se a mim cê reparasse
Num olhar tu me adentrasse
E a minha dor então sofresse
Meu agir reconhecesse

Na origem da ofensa
No assédio insistente
No meu câncer padecido
Na distância fluminense
No meu coração partido

Aí, sim, então somente
Cê veria meu sangue quente
Tão espesso e aderente
De emoções tão permanentes
Em memórias displicentes
Que, por escória, só as más
Eu me lembro infelizmente