quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Culto Material

Quando o inverno chegar
E não mais eu lhe ver
Me desculpe tentar
Procurar por você

Mas difícil é esquecer
De quem pude amar
Se pra ti já não dá
Só me resta sofrer

Então me deixo levar
A mentir pra você
Lhe dizer que se vá
Ficarei bem sem lhe ter

Só espero lembrar
De não se arrepender
Pois quando o sol me cegar
E o inverno acabar
Estarei com você
Sem comigo estar
Perdido em querer
Contigo voltar

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Prólogo

Dor nostálgica por um mundo imaginário. Amor por algo que criei a mim. Ódio do arrependimento pelo caminho escolhido. Saudade de tempos nunca sequer conhecidos. Lembranças forjadas de um sonho acordado. Um mundo inteiro diferente daqui, transmite uma dor sem causa nem fim, chamada Memórias da Outra Dimensão. Uma crônica prestes a ser escrita, baseada em fatos (quem me dera fossem) reais.

Escondido noutra vida, numa dimensão perdida, sofro a dor de uma saudade sem ligação com a verdade do passado ou do presente, mas de um mundo diferente que tornou-se indiferente pelo caminho não passado, desviado à tangente. É uma dor que não se explica, não se cura, nem se esvai, é uma paixão perdida, literalmente - esquecida por mim mesmo, desviada pelo meio, mas que ainda move meu consciente, me deixando louco, me faz chorar, por um mundo que nunca cheguei a conhecer, só imaginar.

Nostalgia pelo Caminho Nunca Passado

Por vezes pensamos
Em momentos distantes
Nunca alcançados
Caminhos diferentes desviados
Por outra direção

E o máximo que podemos imaginar
Já nos faz sentir fortemente
Uma dor que chega sem bater
Batendo muito em nosso peito
Mostrando que houve outro jeito

É um momento estranho
Nos desaproxima da verdade
Ou, na verdade, nos afasta
É um sentimento profundo
Que mistura arrependimento e nostalgia
Por uma vida para sempre desconhecida
Que só vive em nossa cabeça
E um dia pôde ser vivida

Nesse momento ficamos tristes por nada
Ou talvez fosse por tudo
E o nada em que vivemos o resume enfim
A tudo o que adoraríamos viver
Mas tomamos outra direção
A qual viemos conhecer

Queria poder saber a verdade
Se o que vivo é real ou é saudade
De um presente alternado
Num passado desviado

Queria ter me conhecido
Na mudança, no perigo
Com esses outros amigos
Com esse outro amor
Com essa outra vida
Diferente da minha cor
Escolhida

E se fosse tudo diferente?
E se a gente fosse apenas estranhos?
E se os estranhos fossem a gente?
E se eu mudei pra pior, pra melhor ou fui indiferente?

E se aquela pessoa a quem almejo é uma farsa?
E se a pessoa a quem vejo é minha verdadeira alma?
E se o mundo em que vivo fosse insignificante
Diante de uma outra vida emocionante?

Nunca irei saber
Mas posso sentir
A dor que me faz pensar
É o amor que eu fiz sumir
A saudade sem causa
É a causa do que sofri
Por não ter escolhido o caminho
Ao qual seria muito feliz

Mas não podemos ficar sempre pensando nisso
Nem fortalecendo esse sentimento
Porque é uma dor inútil
Criada pelo tempo.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Minha Jornada (música)

Mais uma vez
Entre versos diversos
Fez sua voz ao infinito
Pra alcançar o reverso
Do que já havia sido escrito

Mais outra vez
Deixou de esperar
Perdeu-se em desenhar
Ganhando a vida inteira num segundo
(Calou o mundo)

Se a procura é longa
E o destino é comum
O prazer de si
É a jornada e não o fim

É a jornada e não o fim (x4)


Mais uma vez
Entre versos diversos
Fez sua voz ao infinito
Pra alcançar o reverso
Do que já havia sido escrito


Mais outra vez
Deixou de esperar
Perdeu-se em desenhar
Ganhando a vida inteira num segundo
(Calou o mundo)


Se a procura é longa
E o destino é comum
Faça-me pensar
Faça-me agir

Pois é a jornada que eu quero seguir (x4)

É a jornada que me faz sorrir
É a jornada que me faz rir
É a jornada que me faz ir

Até onde só poucos conseguem viver
Num imenso prazer de glória
Na história
Mais uma vez.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Heroico Quebrado

Pra ti sou parte sua
Pratico a nossa vida
Então vê se não parte
Outra paixão perdida
Antes que essa ferida
Meu coração infarte

Errado Ego Regado

O galo galgou ao lago alagado e largou o largo gole de ego da guéla que havia guelado do gogó do gago por gula.

E assim se pôs a si acertado
Pois agora, enfim, estava curado
Da triste escória de não ser notado
Depois de roubar o certo do errado

Muitos de nós somos como o galo. Vivemos puxando ideias tortas, porque esquecemos de endireitar a nossa vista do horizonte. E assim continuamos: para sempre desalinhados.

Tentemos então
Antes de aceitar uma visão
Conferir se os olhos estão fechados ou não

Até que a verdade
Seja, por unanimidade
A linha correta da nossa razão

A via direta à realidade.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Daqui Pra Frente

No meu caminho se encontra
Eterna sede da lembrança
Dos passos já fincados
No desgaste da esperança

Passara há tempo e não me lembro
Nem me ponho a tentar
Lembrar do piso já andado
Ou do medo enfrentado

Se a angústia me devora
Para que voltar a ela
Quando o caminho já marchado
Vai embora e nem me espera

Sigo à frente, sem cuidado
Indiferente do futuro
Pois não há muro que tão duro
Nunca ceda ao meu recado

Se o passado fosse quente
Não estaria atrás da gente
E é assim que dou um passo
Só olhando à minha frente
Para não perder meu espaço
Ou tornar-me um indigente
Sem saber que é diferente
O farto do escasso.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ledo Início

Quando  estamos longe
Fico  bem diferente
Com  uma vontade de ter
Você  comigo

Me  desmancho em prazer
Sinto  a leveza entre a gente
Muito  suave por ser
Feliz  contigo

Quero  me perder em seu olhar
Lhe  dizer que almejo
Ver  nosso futuro
Agora

Vem  esquentar meu inverno
Me  tirar do inferno
Levar  minha dor
Embora

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Cada arte: uma arte.

É injusto comparar a abrangência expressiva do texto e do quadrinho. São duas linguagens com formatos bem diferentes, principalmente pela concepção. Criar uma cena em palavras é muito mais fácil do que criá-la em quadrinhos. Escreva "chuva" e tem-se a tempestade. Mas todo quadrinista sabe a dificuldade de conceber as várias gotas d'água. Um parágrafo que levou cinco minutos para ser criado pode descrever uma cena que demorou uma hora para estar num quadrinho. A profundidade expressiva, porém, é algo bem singular entre as duas artes. A leitura, a sensação e o enquadramento são aspectos específicos a cada um - além, óbvio, do formato.

Compará-los é o mesmo de comparar o sabor da maçã e do arroz. São alimentos diferentes. Cada um possui tipos diferentes. Cada tipo pode estar bom ou ruim e, acima de tudo, cada pessoa que os comem pode ter um paladar diferente. Enquanto o texto promove uma arquitetura de informação adequada à interpretação concreta de fatos e maior imaginação visual, o quadrinho realiza o contrário. A linguagem cartunista contém a interpretação concreta visual e maior imaginação de fatos. Isso significa, portanto, que apesar dos quadrinhos possuírem menor facilidade na leitura objetiva, eles possuem facilidade maior na leitura subjetiva. São duas formas de expressão diferentes, então não há como comparar a expressividade das duas linguagens. Agora, por exemplo, me expresso em palavras para ser interpretado de forma concreta e objetiva acerca do fato. Mas se quisesse fazê-los pensar por si mesmos esta situação, faria por quadrinhos. É uma questão de escolher a ferramenta certa para concluir seu objetivo com eficiência.

Isso inclui todas as onze artes. Paremos de compará-las, pois seremos automaticamente equivocados na mesma intensidade de comparar arrozes e maçãs. Podemos preferir uma a outra, mas nunca dizer que uma delas é simplesmente melhor ou pior. A Música não substitui a Dança, que não substitui a Pintura, que não substitui a Escultura, que não substitui o Teatro, que não substitui a Literatura, que não substitui o Cinema, que não substitui a Fotografia, que não substitui o Quadrinho, que não substitui os Jogos interativos, que não substitui a Computação Gráfica. Nenhuma arte substitui a funcionalidade da outra. São expressões diferentes, linguagens diferentes.

Então, a quem clama pela "cultura indagável" do livro, entenda o valor cultural do quadrinho tanto quanto as milhares de letras do texto. A quem esbanja a "expressão indiscutível" das pinturas, perceba, tanto quanto, a expressividade de uma arte montada no computador. A quem adora engrandecer a "belíssima e incomparável" peça de teatro, saiba que um filminho no cinema pode ser tão especial quanto. Valorizar antigas manifestações culturais (o famoso "retrô) é algo muito difundido atualmente. Contudo, não sejamos chatos, arrogantes e equivocados. Cada arte é uma Arte. Compreendê-las faz parte.

Cuspi essa ideia após este post formá-la em minha cabeça.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A Arte é um Fardo

Dou a cara a beijo
Recebo tapa que não almejo
Continuo firme no desejo
Sacio a sede da opinião

Me rasgam a pele que ofereço
Batem minha cabeça ao chão
Bem quando estou disposto a usá-la
Para aprender com a discussão

De perto, uso a mão
Mas vêem apenas garras
Ao longe, pareço às farras
Daqui, é educação

Expresso aquilo que me apego
Pra criar um deserto no coração
Jogar fora minhas alegorias
Esvaziando o peito de emoção

Uns acham que arte serve pra emocionar
Serve não
A arte é um fruto puro da emoção
Serve mesmo para esfriar o calor da criação
Tirar essa agonia, essa aflição
De dentro do peito de quem se expressa
A arte tem uma relação inversa
Quanto mais permanece no artista
Mais é perversa

Por isso tento tirá-la daqui
Deixá-la livre, enfim
Sentir o frio refrescante
Após me expressar

O resto guardo para me resguardar
Pois a guarda dos opostos a mim
É maior do bem que tento passar
Bem maior.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Açúcar Cristal, Refinado, Mascavo...

Vêem-se como donos da verdade
Disfarçados de humildade
Julgam tudo o que acontece
Mas não tecem nada que julgam

Dizem controlar a própria mente
Sem nem chegar à coerência
Acham que são pura inocência
Enquanto repassam falsos valores

Para eles, nada importa
É só isso, só aquilo, só somente
Dão um passo pra trás
E suas ideias pra frente

Acham que, distante, sairão ilesos
Por não pensar como a gente
Suas ideias buscam o equilíbrio
Sob fontes desequilibradas

Se baseiam no "calma, tem que dosar"
Mas só têm tipos de açúcar pra colocar
Ao sal, são indiferentes
Seguem o comum por conveniência
E ainda acham que têm controle de sua inconsciência

Pobres jovens telespectadores.
Enquanto 300 lutam por todos nós,
A mídia joga cuspe nos combatentes
E os náufragos do sofá engolem contentes.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Pare, Pense e Não Pare (Música)


Quem tem medo de sofrer
Vira o rosto e fecha a cara
Sai de baixo e sobe o vidro
Corre mais se ele nos pára

Não há dúvida em dizer
Que há uma inversa noção do saber
É incômodo um preto no chão
Mas tá de boa jogar bomba na prisão

Os maus costumes quem sou eu pra entender
Me dizem isso e aquilo, às vezes opostos
Mas os opostos se atraem, e nos ensinam
Que Deus nos ama e nos bota pra sofrer

Parece que tudo tá em crise de vontade
A existência das morais desconhecem a verdade
E essa realidade de ilusões despercebida
Só nos deixa sob uma alternativa:
Atividade

E a cidade nos impõe uma série de exclusões
Pra nós é muito, é pouco, um punhado de saguões
Quem nos dera ter um pouco de poder
Pra ver todo esse cárcere nas janelas dos aviões

Pare e pense, mas não pare por aí
Por que quem pensa, desenvolve
A arma branca do agir:
Conhecimento (Educação!)

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Sejamos Nós

Aos fracos serei franco:
Estou no mesmo barco.
E nesse estouro que a mim arco
Digo sim ao que é novo
Ponho fim no que estou farto.

Se a vida é um saco
É porque fiz ela de plástico
Sejamos mais de nós de fato
Do que viver a sós

Pois o castigo do iludido
É estar pra sempre arrependido
Enquanto pensa mas não faz
E faz o que não pensa
Daí por essa diferença
Vive eternamente sofrido

Por si mesmo,
Incompreendido.

sábado, 17 de setembro de 2011

Vazio de Mim

Estou incerto dos meus fatos
Não conheço a mim direito
Capaz de ver-me a raíz
Do que sofro infeliz

Estive morto por um tempo
Não conheço a mim mesmo
De um lamento, me desprezo
De alegria, menosprezo
De saudade, me acanho
De verdade, me disperso
De amor, me desconexo
De mim mesmo, estou perplexo

Sou quem sou ou quem eu era?
Nem sequer sei a resposta
Não estou com a vida exposta
Mas já sofro por outrem
Sem saber do que convém
Sem perder já sou ninguém
E se ganhei não vi de quem

Tento lutar mas não consigo
Desconhecer-me é um perigo
Já não mais sei se estou ferido
Ou se procuro por abrigo
O que me importa está esquecido
O que me aquece foi perdido
O que me esfria, proliferou
Estou com frio, sem cobertor

O diferente interessante
Hoje é só um estranho
Falo cego, prego e calo
O que eu era antes
Em mim tornou-se raro

Tudo é simples, burro e chato
Tudo é pouco, muito ou caro
Eu costumava ver a frente
Hoje escondo-me na lente
Suja e distorcida
De um universo sorridente
À mim, decadente

Quem eu era me fazia feliz
Me fazia feliz pelo que eu era
Hoje travo-me uma guerra
Entre mim e a mim
Minha sanidade eu perdi

Estou longe do que sou
Preso a um corpo desorientado
Estou certo de que há algo errado
Mas estou errando por algo já consertado
Tranquei-me em outro por um desagrado
Sou menos de mim, e me degrado
Sobre meu corpo, sou condenado
Não encontro a chave, encarcerado
Pelejo a ver quem sou de fato

Salvo eu era, indeciso e curioso
Hoje, sujo e furioso
Prego mal aos meus próximos
E o bem ao meu novo osso
Que, de cálcio, está escasso
E nem por isso eu o almoço
Porque meu corpo fala mais baixo

Quero apenas um caminho
Um atalho, uma saída
Que me leve, ou não, sozinho
Por uma alternativa
De voltar a ser quem era
E não sofrer por ser mim mesmo
Assim, de agora, insatisfeito
Quero viver direito

Ninguém é só perfeito
Nem também é só defeito
Mesmo assim rotulo e queixo
Sou mais voz que coração
Vivo em plena escuridão
Sem saber qual é o eixo
De toda essa lamentação
E o rancor deste meu peito
Consome em mim a minha razão
Faz de quem sou um resmungão
Me empobrece a paixão
Que antes vivia sem desleixo

Mal digo quem sou eu agora
Porque a mim eu desconheço
Queria muito a luz do atalho
Me dizer no que eu falho
Me mostrar o meu caminho
Que pra sempre andei sozinho
Sem preocupar-me com o vazio.

Ao Vento de um Lamento

Seja a verdade inconclusa
Seja diferente
Daquilo que se acusa
Ou daquilo que se tente

Não haverá por si a dúvida
Nem se houver algum vidente
Capaz de ver-lhe indiferente
De uma nova branda fúria

Quem mais dirá da gente
Senão a própria estória
Contada em glória
Contada à frente

Quem mais verá o dia
Nascer demente

Ninguém mais terá agonia
De crer-se imponente
Diante da mais louca euforia
Dum sol estridente

Salve a dúvida da alegria
Ou culpe a dor do indigente
Romances morrem sem amor
Tragédias vivem sem rancor

E ninguém se importa com a gente

Poderia ser diferente?

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Um Limite à Criatividade

Pior que estar Cego, Surdo e Mudo, é resistir à visão da realidade, deixar de ouvir o que outros têm a dizer e esquecer de compartilhar aquilo que lhe dá prazer. Aí sim, tenha certeza, a sua pequena grandeza nada mais é do que pura ilusão - banhada no ego da própria compaixão. Contudo, não se preocupe. A humildade está aí para curar sua doença mental. Faça mais do que a cabeça lhe diz e, enfim, estará livre de sua prisão medíocre, entre o medo e a falta de vergonha. Se estou errado, continue a deixar de ouvir e boa noite. Se não, disponha.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Salvador, a terra do acarajé caro.

Em Salvador tudo é mais caro.
Aqui a inflação chegou e decidiu ficar. Parece que encontrou sombra e água fresca. Buzão, litrão, fogão num preço que só paga quem não tem opção. E a galera nem se rebela. Se tá caro, fazer o quê? Aqui o caro é sinônimo de chique e não de prazer. Mas quando você cai fora, meu amigo, percebe que esta cidade não faz sentido. Lá fora é tudo barato, fácil, e a mulher do caixa não cospe no chão. Eu vou-me embora, porque cansei da inflação. Meu bolso não é grande nem pequeno, mas a calça é justa. E essa injustiça de preços abusivos vai continuar para sempre, nesta cidade pouco exigente. E digo mais uma vez, minha gente: posso parecer pobre, pão-duro ou indecente - ao menos não sou ignorante, hipócrita e indolente. Se querem pagar caro, vão na frente. Eu fico aqui mesmo, detrás - e não me lenho! Pois o que feliz me faz não é ter tudo que gosto, e sim gostar de tudo que tenho.

domingo, 29 de maio de 2011

Devaneios de Um Segundo

Pra mim chega.
Não é possível que toda esta maresia engula a minha vontade de crescer. Ninguém me dirá o que preciso para me tornar quem eu quero e posso ser. Se há frutos escondidos nesta árvore de decepção, que eu os encontre e me delicie sob um sabor de motivação. Não houve em sequer algum momento sinal de euforia neste desprezo que me amargura por pura melancolia. Se me entendo, talvez, por gente inocente, sedenta de mudanças, quem dirá quando eu me tornar alguém com quem não me importe a lembrança. Aquilo que sou se estende agora naquilo que penso viver. Mas vivo ainda pobre do que almejo conhecer. Procuro outra luz que ilumine a minha visão, sobre o caminho por qual eu ando sem que me ocorra a indecisão. O importuno que me agrada não se encontra mais em mim. Talvez eu julgue cedo demais o que parece ser o fim. Quem me dera, sinceramente, estar à frente da realidade e conformar-se de repente com a minha sensibilidade em intuir aquilo que me corresponde à precisão: onde estou não há mais frutos que me satisfaçam a digestão. E se houver ali tampouco algo que forneça claridade, me jogo em cima e sonho alto, pois estou à margem da insanidade. Quero, de vez, encontrar a mim bem como sou, sem que o fim me cumprimente, mas que enfim a minha mente esteja sana e consciente do que vier daqui pra frente. Pois meu indiferente coração pede triste por um motivo que me levante da escuridão.
Pede um caminho transparente.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu tenho um coração

Eu tenho um coração
Despedaçado entre grãos
Que já voaram ou se lançaram
Sob toda a multidão

Eu tenho um coração
Que nem parece de verdade
Deixado à promiscuidade
Se enfraquece por vaidade

Eu tenho um coração
Que não bombeia o meu sangue
Apenas espera que se estanque
Esta minha sede de paixão

Eu tenho um coração
Divido entre mil grãos
Perdidos sob o ar

Que se espalhou à sociedade
Sem me deixar a emoção
De amar

Quem me dera o coração
Voltar ao meu controle
Dizer-me que sou livre
Para você encontrar
E pra sempre lhe mostrar
Que não há sequer um alguém
Mais forte que detém
O meu amor a se fechar

Por você e mais ninguém.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Criação (Música)

Pode ser a luz ineficaz
Para iluminar o seu dever
Por um momento
Porém nunca será demais
Esse tempo

Por isso jamais
Se conforme em lamento
Pois a ideia virá
Com o vento
E iluminará todo o seu sofrimento
Em paz

A ideia, quem faz realmente
É o nosso pensamento inconsciente.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Humanos Líquidos

A ideia de que o ser humano adulto, por sua idade, concretiza a própria personalidade a partir do molde juvenil é incorreta, burra mentira. O homem é uma peça líquida que desenvolve sua ideologia a cada momento, mesmo que haja conceitos presos eles sempre estarão susceptíveis à mudança - que na maioria das vezes é inconsciente.

O que faz a infância se tornar o principal momento de educação do ser humano é simplesmente a vasta ignorância. Quando sabemos pouco sobre algo sempre estaremos vulneráveis às primeiras ideias oferecidas sobre este algo. Isto é facilmente compreendido quando tomamos como exemplo um cabra do sertão ignorante do contexto urbano que acaba por se assemelhar a uma criança quando frequenta a capital, vulnerável a qualquer explicação simples do que ainda não sabe.

A obviedade desta conclusão se fará clara a medida que abrirmos nossos olhares para os ajustes que fazemos conosco quando acontecem determinadas ocasiões, capazes de moldar o nosso estilo de vida. Mas não se preocupe se pouco perceber tais mudanças, pois, como disse anteriormente, muitas vezes elas são inconscientes e, infelizmente ou não, temos controle apenas de nossos atos, mas não de nosso psiquê.

segunda-feira, 21 de março de 2011

A Nostalgia me fascina

A nostalgia me fascina. Não que seja importante ou necessária, mas por ser tão carregada de emoções, sejam elas boas, ruins ou vagas. E digo vago porque, tenho certeza, existem emoções vagas. Para mim, quando uma emoção não parece ser boa nem ruim, ela é simplesmente eloquente: expressiva pela natureza de despertar em nós uma sensação diferente do comum, sem trazer felicidade ou tristeza, mas simplesmente um sentimento estranho - como a descoberta de uma resposta para aquela antiga pergunta que já veio a nos perturbar e, hoje, sua resposta apenas traduz um momento de "olha, era isso!".

Nostalgia é isso, e um pouco mais. Não é somente aquela boa ou má lembrança, mas também aquela memória vaga de uma peça de quebra-cabeça que lhe faltava. Li alguns textos e alguns falam sobre a sensação nostálgica ser perigosa. Para tal acredito que sim, quando medida sob experiências extremas, como uma perda grandiosa a qual ocasionou um chato sentimento de vazio. Porém, quando medida sob experiências mornas e interessantes, a nostalgia se torna construtiva, nos desenvolve e nos prepara para o que vier pela frente. Até porque, com quebras-cabeça montados podemos definir melhor o que somos, por que viemos e para onde vamos. Através da nostalgia trazemos fontes esquecidas para preencherem o vazio de nosso presente dúbio e completá-lo com informações deixadas em nosso inconsciente.

Memorizar é viver, pois vivemos pelas lembranças. Por mais difícil que possamos compreender, o futuro não existe. Há, em nossas vidas, somente o passado e o presente. O futuro se caracteriza apenas como um plano imaginário. Já o passado se traduz como um fato, uma situação concretizada, este sim é digno de conhecimento, pois como diz o ditado: o futuro a deus pertence (apesar de não acreditá-lo, e, talvez, por isso mesmo acreditar na expressão). E o ponto em que temos a chance de transformar nosso imaginário em concretização é justamente o presente.

Porém, ao contrário do que muitos pensam, o presente não é um espaço de tempo, e sim um ponto único, sem comprimento. Neste momento em que vou escrevendo as palavras, por exemplo, estou automaticamente levando o ponto do presente a criar uma linha de passado, e ela é contínua (como Cazuza diz: o tempo não pára). Da mesma forma, você que está lendo move o seu ponto presente criando uma linha de pretérito. A questão é que nosso cérebro é incapacitado para guardar sob o consciente toda a extensão desta linha concretizada do passado e, por isso, pega apenas "pedaços" da corda para implantá-lo em nossa consciência. O resto da corda fica embolado, dentro de nossa cabeça, apenas esperando o momento de ser finalmente resgatado para mumificar os nossos atos - e é aí que entra a nostalgia.

A nostalgia, portanto, é um ótimo meio psíquico que temos para laçar cordas esquecidas a fim de amarrar o atual consciente e poder puxar para si a verdade de nosso futuro. É assim que vamos completando o quebra-cabeça e, pouco a pouco, definindo uma imagem a qual nos dirá a resposta de nossa dúvida. Devemos sim pensar no futuro, planejá-lo. Contudo, para planejar o que vem pela frente é preciso compreender o que houve no passado. Antes da expiração sempre haverá a inspiração. E as melhores expirações vêm de um repertório bem inspirado.

O que vos digo, enfim, é base do processo criativo. É a explicação do porque os criativos são, em sua maioria, emotivos: justamente porque são aqueles que buscam inspiração para transformá-la em ideia. São quem busca perguntas antes mesmo de procurar respostas. São simplesmente nostálgicos, porque (uns nem sabem) transformam fios embolados, cheios de nós, em linhas - a partir de laços de memória unidos com os laços do presente. São quem carrega o fardo de lembrar do que não mais existe para dar luz a um novo mundo, seja de si próprio ou de todos outros. São, em sua maioria, diferentes da maioria, pois para eles os hábitos da massa são apenas consequências - o bolo da sociedade é feito de ingredientes, e eles são tais ingredientes. São quem move a humanidade a novas ideias, novos caminhos, novas ideologias.

E é por isso, meus amigos, que a nostalgia me fascina.

terça-feira, 15 de março de 2011

Dois Somos Um (Dois)

Arde o peito quando um desejo
Vem ao seu leito entregar-se à paixão
Tal como uma esfera de luz se libera
Novamente ao seu corpo explodindo emoção

A leveza de um livre e límpido beijo
Mostra-se quente por dentro da gente
Quando conhecemos a nossa união
Verdadeira posse do fruto paixão

A certeza de um futuro não precisa ser lida
Pois conforme o destino seguiremos então
Livres em conjunto na fé de estar junto
Sem corda, só ritmo de prazer e gratidão

O apego é forte, mas não combate à posse
O melhor se faz com nossa asa aberta
Hoje lhe pego, lhe vejo e desejo
Um contínuo laço com paz em oferta

Não existe união baseada em diferença
Acaba adquirindo a indiferença incerta
Daí a tristeza corrói falsos sentimentos
Destrói todo o apego do relacionamento

Mas a relação que se faz à base do igual
Será ideal pelo fato da semelhança
Que nos calça de amor, liberdade e esperança
Justo por partilhamos boas lembranças

Sou muito feliz por lhe ter afinal
Igual como eu, só existe você
Que o nosso prazer seja imortal
Porque sempre me encanto ao lhe reconhecer

sexta-feira, 11 de março de 2011

Preste a Saber (Música)

Há um tempo você me pediu
Para entrar na luta
Como se houvesse fim
E o fim dissesse a mim
Que venci

Fecho os olhos pra esquecer
Se à minha frente está você
Quem diria sucumbir
Neste chão frio

Abro a mente pra entender
Se é a gente então pra quê
Dizer que estive aqui
À margem do rio

Preste a saber
Se a dúvida lhe envolver
Estou por si
Como está por mim

Preste a saber
Se a dúvida lhe faz crer
Já resolvi
Lhe explicar o porquê
Não estou aqui

Enquanto muitos olham para cima
Eu só olho pra você.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Sangue Frio


Queria ter sangue frio
Para dizer-me que sou forte
Salgar a morte com desprezo
Enriquecendo sem perdão

Queria ter sangue frio
Para esquecer qualquer desejo
Não chorar com qualquer corte
Selar a dor pela razão

Queria ter sangue frio
Pra não arder o meu lamento
Ao simplório sentimento
de mágoa, pena ou solidão

Queria ter sangue frio
Pra congelar minha emoção
E concentrar-me no vazio
De uma história sem paixão

Queria ter sangue frio
Porque o quente me destrói
Me amargura de rancor
Me enfraquece de amor

Me despedaça o coração.


Não Permita

Dê-me pouco pra viver
Ou viva sempre sem saber
O que me resta a dizer
Não cabe a mim lhe responder
Mas tente ao menos compreender
Se o infinito vai trazer
O imortal do seu prazer
Ao se fundir quando me ver
Ou separar o que há pra ser
Sem me zelar e me perder
O que ficar não vai morrer
Mas não terá como fazer
Continuar o nosso amor
Que se destrói pelo rancor
Ao construir a nova dor
Que me separa de você

Ao saturar a nossa cor
Com o neutro do mal querer.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Que Seja

Que seja mais forte
O que for leal
Que seja verdade
O óbvio afinal

Que seja uma parte
Pra sempre
Que seja agora
Inocente

Que seja muito
Por tão pouco

Que seja a gente
Simplesmente

De novo.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Pra Quê Palavras?


Quando grande é o sentimento
As palavras nos limitam
São pobres ou muito curtas
São faces nunca desnudas
Da verdadeira expressão

Quando grande é o sentimento
O alfabeto é muito pouco
As frases viram um sufoco
Sem nos dar rumo ou direção

É aí que entra o olhar
O sorriso, o corpo quente
Para dizer que entre a gente
Há muito forte a emoção

Quando os olhos se encontram
E o brilho nos reflete
A verdade se esclarece
Sob a forma de paixão

Quando o sorriso se equipara
Tanto ao meu quanto ao seu
Sabe que se compreendeu
O firme elo desta união

Quando os corpos se encontram
Aquecem juntos frio de saudade
Não se desfazem da liberdade
Tampouco divergem a compaixão

Palavras são poucas demais
Nem sequer focam o meu sentido
Preciso lhe mostrar bem mais preciso
De fato o que sente meu coração

Por isso cruzo olhar contigo
Sorrio, lhe aqueço, lhe desejo
Pois quando grande é o sentimento
Nunca escute o que eu digo
Espere a voz que sai por dentro
Lhe dizer, em seu ouvido
O quanto doce é seu beijo
O quanto é bom cada momento

O quanto é forte a emoção



terça-feira, 23 de novembro de 2010

Paixão Profissional

Se aqui estou acordado
Sem que doa o meu refúgio
Do prazer de um sono amado
À delícia da ideia surgida
Significa que sou grato
Ao destino concedido
Pelo fruto já colhido
De um trabalho compensado

Já não fujo deste medo
De sofrer pelo ocorrido
Ao qual senti-me abatido
De perder um tanto cedo
Um futuro planejado

Já não choro sem sentido
Por fracasso surpreendido
Nem por estar pouco mais longe
Do meu destino ontem esculpido
Previamente desenhado

Agora sou mais que desejo
Larguei de mão meu iludido
Sou processo e satisfação
Por um enorme aprendizado
Perdi o infantil da esperança
Porém ganhei educação
De certa forma, o que era criança
Em mim tornou-se superação

Eu agradeço por ter errado
E condenado à perseverança
Pois sei que agora em mim avança
Um sentimento de ter lutado
E compreendido a relevância
Da coerência e da relação
Que agora unidas desde então
Criaram um perfil de liderança

Confirmando a base da minha paixão
De amar minha carreira, e muito obrigado
Mesmo que pese o resultado
Sei que eu já venci
Por ter um maior controle
De tudo que está por vir

Então me sinto relaxado
Mas nem um pouco desleixado
Se perdi músculo noites acordado
Ganhei neurônios eletrificados
Que servirão para dar a luz
A brainstorms mais apurados

E o novo destino eu já propus
Mas nem por isso esperarei sentado
Lutarei sempre para poder crescer
Tornar-me gigante pelo que me conduz
Tornar-me forte pelo carregado
Fazer da sorte somente um agrado
Abusar do corte como a cicatriz
De quem já teve com o que sofrer

Hoje aprendi,

Que só depende de mim,

Fazer acontecer

O que eu havia sonhado.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Acordado De Verdades

Se acordo há um instante
Percebo o vão tão agravante
De um sonho transparente

Vivo a fé do militante
Ou a crença do engenheiro
Num navio de cabo armeiro

Vivo a dor da alegria
Piso em mar na rodovia
Me encolho na estante

Não há lúcida utopia
Que me acenda a luz farsante
De uma vida sem veleiro
Que me leve ao consciente

Vivo à flor da meia idade
Mas não digo a muita gente
Meu sintoma da verdade
É o próprio inconsciente

E se luto ferozmente
À defesa do atacante
Fico sempre mais distante
Desta pobre realidade

Já que pronto eu estou
De acordar da minha mente
Dormirei daqui pra frente
Abrindo os olhos com vontade

Cegando à luz do mundo inteiro
Descrente da Sociedade

domingo, 7 de novembro de 2010

Mudar Um Desafio

Se alcanço o topo desconfio
Da possível pedra lisa
Que fará cair sob o vazio
O meu corpo

Se estou no alto sinto frio
Não percebo a delícia
De sentir que me surgiu
Da vida, um sopro

Por este árduo desafio
Espero são continuar de novo
A minha fé não padeceu
Mas mereceu mudar um pouco

O que me aflige é não estar só
E mesmo assim carecer abrigo

Só não quero criar um nó
Num laço tão bonito.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Duas e Meia do Amanhã

Hoje eu tive um sonho
Muito fácil de entender
Que não me deixou dormir

Não sei bem se era sonho
Na verdade, quero dizer
Não sei nem se eu sorri

Ou a fantasia me fez crer
Que, no meu sonho, eu vivi
Tão mais feliz ao conhecer
Tão mais sincero ao me iludir

E acordei sobre o vazio
Não entendendo a amplidão
De tanto amor, por que sozinho
Me sinto agora ao meu colchão?

Já foi mais fácil viver a mim
Sem quem firmar elo união
Mas com esse sonho, redescobri
Que o meu desejo é um coração
Capaz de ouvir e me sentir
Sem intuito de me possuir
Mas possuindo minha paixão

Eu acordei e não entendi
Se sorri ou lacrimejei
Porque, de fato, eu mesmo sei
O quanto espero por ser feliz
Com um alguém que eu sempre quis
Mas nunca ao menos encontrei

Agora volto a dormir
Sem medo do que irei sonhar
Pois a emoção que me faz rir, também me faz chorar

E, não que chegue a incomodar,
Mas é tão chato esperar aqui
Por um coração capaz de ouvir, me possuir
Me apaixonar

domingo, 26 de setembro de 2010

Expresso Amigo

Se é difícil de pensar
Atue às horas em que for feliz
Quando é difícil de agir
Pense naquilo que você sempre quis

Porque é mais fácil refutar
A própria vida quando ela não diz
Os caminhos que lhe fazem procurar
Por um atalho inexistente aqui

Se o poder do seu instinto
Saber olhar sem se perder
Lhe fará tudo conhecer
Desde uma nota a consoante

Se o almejo da luxúria
Fazer do pobre uma lamúria
Já não és rico de entender
O quanto o nada é bastante

Se falta luz para você
Não culpe a lâmpada queimada
Que continua sempre acesa
Mesmo aparente apagada

Pois fora a própria ansiedade
Sua que ligou com intensidade
A luz tão forte da verdade
Tornando cegos os seus olhos
E surda a sua capacidade
De intuir

Já não demora a possibilidade
De arcar com os erros da sua idade
De olhar pra frente sem ansiedade
Deixando pra trás a sua estante
Cheia de fotos de farsantes
Que irá ruir

Se for mais fácil pra mudar
Prepare tudo antes de olhar as horas
Para não agir sem demora
Para entender o que o aflora
E saber crer no que lhe salva
De todo perigo que, lá fora
Parece doce mas lhe salga
Ou de tão vil já lhe devora
Sem tempo para reagir

Se perde o fruto da saudade
Esquece as mágoas que permutam
Entre a tristeza que lhe dão
E a certeza que lhe roubam

Se ganha o fruto da amizade
Floresce as mãos que lhe ajudam
Bem carregadas de paixão
Capaz de amarem a quem lhe encantam

Com muita dó e piedade.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Braço Amigo

A vontade que me agarra
Muitas vezes é de praxe
Saber de amores e desastres
Dos meus grandes amigos

Queria sentir, à amizade
O que aflige meus corações
Para ajudá-los a todo momento

Falo em plural, pois é verdade
Meu peito bate várias canções
Tanto amor quanto sofrimento

Quero estar sempre por perto
Quero pode viver contigo
Se eu não sei quando estou certo
Só saberei num braço amigo

Não pense nunca em esquecer
Todo o bem que já vivemos
Se for difícil entender
Basta ver
Que nós crescemos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Flecha Sem Direção

Quero uma ocupação
Que me faça esquecer
Do cotidiano resquício
Quero um coração
Que bata mais forte
E não sofra o explícito
Momento de afastar-se do vício
Momento de arraigar-se à sorte

Sinto estar repleto sem o completo
Sinto-me dizer que sinto me dizer
Sinto olhar à frente e esquecer
Porque já não sinto mais prazer

Penso estar ao norte quando o sul vem atrás de mim
Confunde-me o caminho que já desisti
A ordem entre o querer e precisar desequilibrei
Já me perdi

Queria um coração forte para me fazer seguir
Queria não arcar com a fragilidade do sentir
Podia deixar de lado o que já sofri
Mas a flecha insiste em me ferir

Se eu soubesse onde estão os atalhos
Para chegar mais rápido ao longe
Não escolheria o mesmo rumo de sempre

Se eu esquecesse os retalhos
Para não embelezar o monte
Escolheria um rumo diferente

Queria um sinal
Que me aponte você
Queria descobrir
Onde lhe conhecer

Estão me atingindo com flechas, sem ponta nem direção
Queria ao menos um rumo para encontrar seu coração.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Cegueira

Senso não há, mesmo que refutem
Para uns é infinito, não muda, não pára
Por mais que queiramos é incoerente
Amar e pensar que o amor é pra sempre

Nascemos ligados à união da família
Em maioria amamos a quem nos concebe
Porém é errado pensarmos num elo
Infinito e imortal, mesmo tão sincero

Calçamos de paz, harmonia e desejo
O fruto do amor como a maior natureza
Ilusão que nos cega por sua beleza

Pensamos que não há, na vida, maior cortejo
A emoção do amar parece de extrema pureza
Ilusão que nos cega por sua certeza

Esquecemos que amar, de tão belo é passageiro
Floresce no inverno por abraçarmos os quentes
E termina ao verão quando não somos carentes
Ou acaba quando conhecemos as diferenças da gente

A paixão nos encanta, domina e esquenta
O amor nos consagra, confia e acalenta
E a possibilidade de ambos aluírem
Pode ser pouca, baixa ou lenta
Mas existe
Não há como escapar

A emoção nos cega, renova e inova
Parece maior que a própria razão
O fato é que há a dualidade sublime
Entre o racional e a nossa paixão
Que insiste
Em desequilibrar

Por mais que queiramos, o amor nos oprime
De entender a emoção como ela é, passageira
Se quisermos conhecer a verdade por inteira
Devemos calçar razão à nossa maneira de amar.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Poderia haver

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Para Os que Têm.

Tão nobre por tão pouco
Acorrentado ao preço
Faz-se de solto mesmo preso ao mundo

Tão novo já tão rouco
Grita por desejos, pede e perde tudo

Fala sem entender a própria mudez
Não por incapacidade
Sim pelo que na verdade todos amigos
Demonstram a surdez
Daquele que fala sem pedir vez
Daquele que ergue-se acima dos desnutridos

Cospe no chão do egoísmo
Calça brasa e pisa nos descalços
Compreende o narcisismo
Por não haver motivos de laços

Já está amarrado
Em um elástico
Que segura dez, vinte, cem

Já está derrubado
Sonhando com o drástico
Momento de dizer que tem
tem, tem, tem.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Em Festa de Penetra não entra Convidado (Canção)

Ninguém me avisou do possível
Inventaram festejar assim
Ganharam um minuto a mais
E perderam muito mais de mim

Joguei toda a minha fé no invisível
Acreditei no que investi
Só mesmo a sorte me diria como se faz
Para poder fugir

Me disseram o caminho
Me mostraram o perigo
Me chamaram de amigo
Mas eu não queria ouvir

Hoje fecham o abrigo
Me transmitem o sofrido
Se acordo vão dormir

Alcancei o topo do baixo nível
Aumentei pernas, mas sequer subi
Na fila que havia à minha frente
Eu nem mesmo via o fim

Me disseram o caminho
Me mostraram o perigo
Me chamaram de amigo
Mas eu não queria ouvir

Hoje fecham o abrigo
Me transmitem o sofrido
Se acordo vão dormir

Se acordo vão dormir
Se eu durmo falam mal de mim
Se acordo todos vão dormir
Mas juro, juro, juro
Eu não queria ouvir

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sono Lento

Hoje vou dormir bem
Não porque estou cansado demais
Nem porque trabalhei o dia inteiro
Muitos menos por puro desespero

Hoje vou dormir bem
Não porque perdi a sorte
Nem porque estou à beira da morte
Tampouco pelo excesso de esporte

Hoje vou dormir bem
Não porque livrei-me da tristeza
Nem porque minha cama é realeza
Banhada a ouro da nobreza

Hoje durmo bem, porque preenchi a minha essência
E sem desdém agradeci a natureza
Por conceber-me a riqueza da alma

Hoje durmo além do que as seis horas diárias
Pois sei que estou seguindo o rumo
De todas minhas várias
aspirações

Hoje durmo bem, pois meus objetivos alcancei
E sim eu sei que haverão outras missões
Mas nem por isso bato palma

Hoje eu durmo bem, mesmo sabendo o que me falta
Pois sei que hei de usufruir
Toda esta paz que me acalma

E só por isso eu dormirei
Sem medo do que virá a mim
Pois sei que força adquiri pelo suor

Se hoje amei ou se sofri
Mesmo esquecendo de sorrir
Não me importo, eu entendi
Que sempre há a possibilidade
De fazer um amanhã melhor

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Não é

Não é a dor que me disseca
Tampouco o ar que me renova
O que me muda ou me transforma
É a realidade da nova guia

Sou o mesmo de sempre, e não importa
Se há controvérsias do meu estilo
Sou um pouco aqui e um pouco ali
Eu me contorno a qualquer presença

Me faço igual ou diferente
Minha face é máscara de tanta gente
Mas mesmo assim não me comporto
Com o coração sou eu mesmo sempre

Para uns há luz, outros escuridão
Para poucos há raiva, outros paixão
Para muitos há névoa, outros viagens
Para todos há o mesmo, mesmo que pareça invenção

Não é a cor que me rotula
Tampouco a voz que me inova
O que me muda ou me transforma
São as amizades da minha vida

domingo, 30 de maio de 2010

O Desentendido

Parte a fúria com desdém de quem amou e odiou alguém
Do mesmo prato a que convém comer, de fato, a sua lamúria
Da mesma forma que à fúria se rasga o que já não mais tem

Reage em pró da congruência de amor e penitência
Faz-se entendido no discurso a quem se ouve mesmo mudo
Esquece a voz do já sofrido pelo orgulho exacerbado

Queima em brasa o seu ouvido, apenas à gosto do odiado
Não há sequer o percebido olhar do pobre conhecido
E se quiser o ardor sentido, faz-se de desentendido

Chama-o de fardo
Quando consumido
E de amargo o doce
Recém-surgido,
Descontrolado.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Por Mais Sempre Haverá

Por mais que haja desilusão
Sempre há um motivo para sonhar
Seja uma lembrança ou algo que nos faça imaginar

Por mais que haja solidão
Sempre há alguém para contar
Seja conhecido ou não, só precisa compartilhar

Por mais que haja má intenção
Sempre há uma escolha a se fazer
Seja ela fácil, difícil ou impossível de compreender

Por mais que haja a dúvida
Sempre há repostas
Mesmo que elas demorem de chegar a você

Por mais que haja o abismo
Sempre haverá um atalho a se cruzar
Mesmo que seja perigoso, longo ou cansativo

Por mais que haja escuridão
Sempre há uma luz para nos guiar
Seja ela o sol, a lua ou o brilho do seu olhar

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Num, somos Dois

Arde o peito quando um desejo
Vem ao seu leito entregar-se à paixão
Tal como uma esfera de luz se libera
Novamente ao seu corpo explodindo emoção

A leveza de um livre e adoçado beijo
Mostra-se quente por dentro da gente
Quando conhecemos a nossa união
Verdadeira posse do fruto paixão

A certeza de um futuro não precisa ser lida
Pois conforme o destino seguiremos então
Livres em conjunto, na fé de estar junto
Sem corda, só ritmo - de prazer e gratidão

O apego é forte, mas não combate à posse
O melhor se faz com nossa asa aberta
Hoje lhe pego, lhe vejo, lhe tenho e desejo
Um contínuo laço entre a paz de oferta
E a demanda de uma junção correta

Não existe união baseada em diferença
Acaba adquirindo a indiferença incerta
Daí a tristeza corrói falsos sentimentos
Destrói todo o apego do relacionamento

Mas a relação que se faz à base do igual
Torna-se imortal pelo fato da semelhança
Que nos calça de amor, liberdade e esperança
Justo por gostarmos de um mesmo ideal

Sou muito feliz por lhe ter afinal
Igual como eu, só você: ponto final

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Brisa

Ao alcance da paz espiritual
Corre em minhas veias um sangue morno
Sangue leve, mas não quente
Sangue livre, dentro da gente

Como uma brisa vem e refresca
Nos deita ao leito de um leite branco
Nos beija um beijo de puro encanto
Nos livra o sono em um manto duro
Transforma-o em fofo colchão de santo
Transmite-nos sonhos em um sussurro

Não mais com pés pisa o chão
Não mais as mãos cerram punhos
Somente só nunca mais será
Somente só, nunca mais então

Pouco vale a fé neste sentimento
Tal qual não resume um único momento
Tal tipo de brisa, diferente do vento
Compõe a nova era, um renascimento

Impossível taxar com pouca descrição
Efeito este que é tão simples, genial
Impossível atar agora livre as mãos
De quem sentiu a brisa do prazer imortal

Impossível, afinal
Não há como prender-se ao que se foi
Não há como render-se ao que virá
Não existe quem seja contra
Ao sensacional

Sinto as minhas asas e tenho pena
Daqueles não crentes deste prazer
Vejo a minha alma viver um dilema:
Nesta vida, Ser ou não Ser?

Eis a questão, já resolvida
Sinta a brisa
Para entender

domingo, 11 de abril de 2010

Não Deixe

Não deixe de seguir seu caminho
Rasgar livros mal escritos
Impedir os gritos do vizinho
Livrar-se do mal sozinho

Não deixe de sentir frio
De sentir o calor do vazio
De esvaziar as águas do rio
De viver por um fio

Não deixe de pensar
De plantar, deixar crescer
Reproduzir e morrer
Não deixe de amar

Não deixe de resolver
Seus piores medos, problemas
Ou deixe para depois resolver
Mas não esqueça-os debaixo da cama

Não perca por esperar
Um novo caminho a trilhar
Não deixe de andar
Enquanto se deixa levar
Pelo ar.

domingo, 4 de abril de 2010

Ando, Sigo

Não sei ao certo
Se há realmente
Uma vida na gente
Capaz de preencher o deserto

Estendo o complexo
Da razão ao desconexo
Do vago ao repleto
De um deserto incompleto

Não entendo o consciente
Me confunde, brinca comigo
Me desentende, finge de amigo
E depois some completamente

Estendo a minha mão para o ar
Em busca de algo encontrar
De algo aparecer
À minha personalidade

Enfrento o coração, tento acelerar
O ritmo do batimento
Só para evitar
Que ele pare em algum momento

Tento conhecer a verdade
De como sopra o vento
Da minha vida

Tento resgatar a saudade
Da minha memória esquecida

Tento dar a face desentendida
Ao prazer
Tento argumentar com uma cor desconhecida
O quanto estou cego pra ver

Apago as chamas do comodismo
E reacendo a fogueira do risco
Pois este estou pronto para correr

Me surpreender
Comigo.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Use o Cinto

Não há brilho mais no céu
Se de tudo já me perdi
Em um minuto que não vi
Aquilo próximo a mim

Não há mais o que viver
E já me pego a mentir
Que não pensei, mas sei que sim
Antes mesmo de sofrer

Acidentei-me e caí
Levei comigo o bem querer
Que a todo o tempo eu colhi
E hoje sei que destruí

Insegurança, só por isso
Relaxei e desmenti
Ri, gargalhei, muito bebi
Sem perceber meu sacrifício

Parei, sentei e fui sair
Voltar a quem quis mais de mim
Que um saco podre na estrada

Chorei, chorei, daí senti
Mas não posso me redimir
Agora sou uma vida passada

Vivo sempre ao seu lado
Ouvindo fraco a sua voz
Não mais casal, mesmo que sós
Este é o meu triste e longo fardo
Que guardarei sempre a mim

Eu sinto muito, muito mesmo
Sei que não era a hora do fim
Criei em ti a dor da mágoa

Me desespero, me desprezo
Sei que falhei quando morri
Ao misturar álcool e estrada

Eu me ignoro, mas lhe desejo
Espero mais uma chance, na esperança
De outra vida sem que eu me esqueça
De um simples cinto de segurança

Não mais eu choro, mas lacrimejo
Perdi você e as crianças
Hoje lhe olho e lhe almejo
Digo "te amo" mesmo calado
Tento um beijo, Sinto o seu cheiro
Mesmo sem você nunca mais ter usado
A nossa fragrância.

Perdi meu amor, por ignorância.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Deleite do Mesmo

Nunca se sabe como arde
Um simples sonho perdido
Do recriar de uma arte
Ao vazio do não lido

No que transparece leveza
Pesa a mais em natureza
Que um mundo imenso
Carregado de sangue tenso

E se desaparece a fortaleza
Vê-se a mim com clareza
Dói em si a tua surpresa
De me olhar à aparência

Descobre então um vil desgaste
De ideias nobres agora pobres
De pedaços ouro que viraram cobre
Sem nenhuma possibilidade de resgate

Descobre aqui a minha parte perdida
Escondida pela pele
No que ela a transfere
Amargo sabor de uma alma sofrida
Cheia de teias

E no mais triste encanto, ela morre
Sem esperanças de voltar a uma vida
Tal qual lhes fora desiludida
Pelo vermelho sangue que já não mais corre
Em minhas veias.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Semiologia

A visão de uma realidade
Posta à prática da verdade
Comum se encontra entre indivíduos

Relacionada ao signo
Trazem consigo
O significado de leitores assíduos

Destes que compõem o real
Ao próprio método usual
De si

Destes que recriam o natural
Tendo como base
O aqui

São eles que dissertam seus testamentos
Desenvolvem conceitos do vento
Para abranger a dor de um furacão

São os mesmos que só por dizer já lamento
Fazem parte do afirmamento
De um significado atrelado à ilusão

E de seus próprios ancestrais
Julgam o ritmo do conhecimento
Não pelos signos astrais
Mas sim pelos signos amostrais
Do que têm como entendimento
Eficaz.

Formigas Gigantes

Ínfimas de percepção, elas escondem
O grau de um gigantismo colossal
Aos olhos comuns do pobre homem
Escurecem a luz de uma força descomunal

Recebidas sem dor nem pena
São esmagadas sob pena de morte
Acusadas de simplesmente viver
Perto da humanidade

Às comidas todas fazem cena
Levam felizardas sobras da sorte
Armadas para simplesmente viver
Perto da tempestade

Diferente de outros animais
Que comem sem pensar
E morrem sem comer
Após o inverno começar

Com o passar dos anos evoluem
Tomam forma e tamanho
Equivalente ao raciocinar

Gigantes, destroem o mundo
Pisam o pé forte e fundo
Nos pequenos humanos indefesos
Criando uma verdadeira lambança
Desta vez, os homens, não sairão ilesos
Desta vingança.

O Negócio

Qualé da boa, diga aí irmão
Levante esta sua marra de negão
Qual é o negóxio?

Qualé de mermo, sabichão
Mostre sua cara e me fale então
Qual é o negóxio?

O negóxio, o negóxio...
Num sei o que é não.

Tá com medo, seu fudido?
Se perdeu desiludido?
Fale logo qual é o negóxio
Senão vai tomar uma porrêta!

Ok ok, não quero treta.
Sabe qual é o negóxio?

É CUMÊ CÚ E BUXÊTA!

O Dia de Amanhã

Seria preciso
Um dia sequer no tempo
Vinte e quatro horas de lamento
Para me entender

Um dia consigo
Perder a face no vento
Sentir brisa num sopro lento
Para conhecer
A mim

Resgato o lírico
Mas o Eu já não tento
Supero um sofrimento
Mas volto a saber
Que perdi

Se um novo dia surgir
Quem dirá o que virá a mim?
Quem virá e o que dirá de mim?

Se o amanhã falir
Não suportarei meu passado
Triste caminharei sobre o fim
Esperando que o chão volte a pisar em mim

Se o amanhã sucumbir
Não enfrentarei outros passos
Triste cortarei os laços
Para esquecer que nasci.

Invasões Intergaláticas

Enquanto o verde for composto
De composto químico industrial
A natureza sempre sofrerá
Frente à humanidade irracional

Carentes do próprio contexto
Esquecem de seus eixos
E continuam a devastar

Doentes do próprio ego
Prevalece o desejo
De matar

E quando menos esperarem
Virá de bem longe a voar
Uma estranha máquina à margem
Do pior ambiente de cada lugar

A Terra finalmente conhecerá
Personagens de uma galáxia distante
E gritarão, sem titubear: Avante!
Com suas armas apontarão para o ar
Distribuirão células de gás hilariante
Farão os homens rirem de si mesmo
Como sempre riram, até nunca mais parar
E o sarcasmo adulterado nesta arma
Rasgarão das faces uma careta
Transformarão em pó toda alma
Humana no planeta.

Só então, ao voltar
Esta tribo intergalática entenderá
Que depois dos homens usarem demais
A fauna e flora ambientais
O mundo estará livre finalmente
Da pior das pragas nascentes:
O ser humano.

quinta-feira, 4 de março de 2010

JR

Os anos preenchem uma grande questão
A questão se há no mundo algo tão forte
Capaz de moer uma amizade sem corte
Como a nossa que sara pela compreensão

Sem medo nem dor, juntos estaremos
Como sempre vivemos distantes ou não
Pois a força que temos em nossa união
Sela o amor dos momentos bons que passamos

Não há, tenho certeza, acontecimento
Que promova algum discernimento entre nós
Desde o inicio reconheci o ideal da nossa foz:
Recomeça no ciclo do próprio nascimento

Há vinte anos, nesta data, você nasceu
Cresceu e, aos treze, conheceu a mim
Desde esse dia percebo o quanto cresceu
E por estar ao seu lado, me desenvolvi

Sem sequer uma permuta, jogo-lhe o
Desejo de muito querer que você fique
Para sempre dentro do meu coração

E já que falamos em aniversário,
No meu, comprar presente: evite
Pois já sou grato de lhe ter como um irmão.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Toque Frio

Há momentos em que passa um vento
Abatendo sofrimentos e boas risadas
Colorindo uma vida cheia de lamentos
Contrastando a realidade de ilusões escassas

Nestas horas não há como separar
A verdadeira arte de viver, e descansar
É como se dormíssemos à sombra de nós mesmos
Esperando a felicidade chegar

Nestas horas as lágrimas decidem cair
Os olhos emudecem e libertam o que não esqueci
Vão descendo gotas até inundar o peito
E secar o coração de sofrimento

Para poder bater novamente, mais leve e vazio
Prestes a caber novos momentos felizes ou não
Assim vou vivendo, não me importo com este vento de solidão
Pois ele me esquenta do frio que congela a paixão
Ele me ensina a viver sem os erros que já cometi
Ele me ensina a ser o melhor de mim

Ele me diz o que ainda preciso conhecer
Mesmo que não haja razão.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Desligamento

Antes perdeste o tempo à utilidade
De algo que o faça crer na possibilidade
De em mundo novo transformar-se
Este vazio imenso da humanidade

Até ver além dos seus limites
Perderá tempo com o que só dizem
Não fluirá em mente aquilo que acredita
Pois de vísceras completa estará a sua vida

Imagens vem em ondas e não vão parar
Enquanto fechado esteja em seu conforto
Assimilando o que querem lhe assimilar

Desligue-se do mundo e verá
Quanto mais desligado, mais perceberá
A ausência do equilíbrio que estamos a enfrentar

Desligue,
Imagens vem em mais de mil cores a sustentar
Uma realidade tão verdadeira quanto o sonhar
E enquanto criam seus sonhos, você passa a acreditar
Em uma vida longe daquela que está perto de lhe sugar

Até um dia perder o tempo, a escolha e a respiração
Para colocar no lugar a morte de uma nação
Que podia viver simples sem titubear
Mas morreu triste por faltar (ou sobrar) coração.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Remi e Hzla

Se um dia eu a tinha, sei que perdi
Hoje não me lembro momentos que vivi
Não mais reconheço o que estão dizendo
Onde foram parar as lembranças que sofri?

Sei que a estou perdendo, ou já perdi
Pareço estar morrendo, mas sobrevivi
E vivo em pensamentos dos quais não conheço
Ou, se já os conheci, não me lembro.

Já sabia que ia perder-me um dia assim
Mas não sabia que tão rápido chegaria o fim
Hoje sei que estou perto de não mais lembrar
Nem sequer dos dias em que chorei ou que sorri.

Para os outros parece fantasia minha ou ilusão
Mas ninguém sabe mesmo o quanto estou sofrendo
As memórias que tanto prezava em estar lembrando
Estou esquecendo.

Para os outros isso tudo é fato da solidão
Mas nem a mim mesmo estou podendo ficar junto
Pois perto de mim já esqueci quem eu sou
Então o meu próprio ser eu mesmo estou
Desconhecendo.

Pode rir de mim, pode fazer graça do esquecimento
Nem vou lembrar mesmo deste sofrimento
Percebeu?

O que dói em mim é saber que tudo o que estou vivendo
Ficará guardado em seu pensamento
Não no meu.

Isto arde tão quente em meu sangue
Que me faz parar
De lembrar
Se já vivi

Hoje respiro um ar
E nem sei
Se morri.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Ao Longe de Mim

Suas mensagens confortam-me à saudade que me agonia
Mas eu na verdade queria você de verdade aqui
Pois não mais o vazio sentiria fixado à mim
Apenas a liberdade do nosso amor eu usaria

E, pode ter certeza, quando chegar enfim
Não farei sequer economia da sua beleza
Vou lhe mostrar quanta saudade senti
Sem usar as palavras, nem mesmo pureza

Você não faz idéia do quanto falta à mim
O seu corpo quente e a sua pele macia
Por favor, nunca me deixe mais assim
Sozinho, vazio, com saudade de ti

Sem o seu rosto eu esqueço quem sou
Esqueço a vontade
De um sonho que me chama

Sem a sua voz eu sei que surdo estou
Pois não ouço os desejos
De alguém que me ama

Sem o seu carinho eu sinto a dor de
Estar sozinho sem aquela
Que me acende a chama
Do amor.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Minhalice

Se o céu descolorido fosse
Voaria eu até a lua
Encontraria na sua pele nua
Brilho intenso de uma magia

Se o sol queimar o chão
Derretendo o teto da escuridão sombria
Andaria eu pela mesma rua
Debaixo da sua Sombra protetora de energia

Se o inverno calar a primavera
E abrir o calabouço da quimera
Enfrentaria eu qualquer criatura
Frente à sua sublime cidadela

Entenda, então, que não há mais solidão
Jamais lhe deixarei vagar sob o esquecido
Na paz estaremos sempre que eu estiver contigo
Pois desinibido é o fervor de nossa vontade

Não se preocupe, nem se ocupe
Em pensar na dúvida da pura verdade
Não perca a calma, nem siga contra
O verdadeiro sentido da felicidade

Triste seria eu se você não tivesse sido
A chama que me esquenta a alma
A luz que da escuridão me salva
A cura da minha saudade

Minha vida é cor quando estou contigo
E quem gozar desta realidade
Já disse,
Reclamo

Caminhos do amor, eu sempre sigo
E digo algo que você já sabe
Alice,
Eu te amo.

domingo, 30 de agosto de 2009

O que seria?

Se tudo fosse fácil, no inverno flores cairiam do céu
Bem como o amor reinaria forte no peito de todos
Enquanto a lua daria luz até demais na escuridão
Os pássaros não mais fugiriam da ventania
Nem o vento assolaria mais a calmaria da solidão
O vazio se preencheria com vida e alegria
Enquanto o tempo daria tempo para vivermos mais então

Mas nada disso sequer poderia acontecer
Porquê os desafios controlam toda a euforia
Dos sonhos emocionados escassos de razão

E por mais difícil que possa parecer
Não devemos escolher o desleixo como sabedoria
Pois ele mata toda a nossa sede de emoção

E o que seria do nosso destino
Sem sentimentos racionais
Ou razões de coração?

O que seria da Poesia
Sem o escrivão?

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Ingratidão

Se ao teu acalento
A resposta lhe vem com desprezo
Descarregue a mão que afaga
E, contra o vento
Ame a si mesmo

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Quando lhe ataca a Emoção

Quando você menos espera
A emoção lhe ataca a cabeça
E sua boca só expressa
Inverdades

Sempre que algo acontece
Por causa da emoção
O racional se destrói
E você não tem razão

Sempre que a mente adormece
E fala mais alto o coração
O seu corpo se enfurece
Da adrenalinda vem o furacão

É aí que você perde
Todas suas conquistas
E se transforma em um cão
Que vive de instintos

E morre na solidão.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sonho esquecido

Vai-se o tempo e só lamento
Fiquei somente na espera do vento
As tardes emotivas, pensei em movimento
Mas jaz minha força no gélido tormento

Vai-se a miséria da injustiça transparente
Tentei me manter firme, forte e consciente
Continuo na luta, mas desta vez, somente
À espera de que tudo mude do frio para o quente

Vai-se a certeza da minha ira contra os barbados
Contra os carecas, contra os pintados
Da tinta que colore o nosso arco-íris social
Alienado pelas cores da humanidade ideal

Vai-se o meu caminho de ataques aos putados
Morre a minha história indefinida e sem certeza
Penso assim que não, não seguirei até a masmorra
Se com uma simples espada não alcanço a multidão
Quem dirá a realeza?

Corra! Então,
Até onde não existir mais
Avareza.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

SAL dade

Olhos tão brilhantes
Não têm preço, nem pudor
Para pagar, basta amar
Para vestir, fazer amor

Destes olhos incandescentes
Eu retiro-lhe uma lágrima
Cavando a saudade no interior

Desta relação tão diferente
Eu me apego ao colo quente
Tapando a mágoa no seu frescor

Nem mesmo estas janelas
Da alma pura
Têm o poder da cura
Desta saudade

São estes olhos
Da fruta pura
Que adoçam a amargura
Da oportunidade

Queria eu me conectar à distância
Para novamente sentir a fragância
Do seu perfume corporal
Do seu sabor

Queria ter pernas mais longas
Para correr por estradas
E novamente beijar
O meu amor

Queria voar sem nem ter asas
Para re-colorir o arco-íris
Que a saudade descoloriu
O fazendo incolor

Quem sabe a lembrança seja um caminho
Para que eu aguente sozinho
Toda esta dor

Talvez nem precise do seu carinho
Pelo menos enquanto me distancio
Por somente lembrar do repousar em seu ninho
Acalentado por sua beleza
Afogado por quem me apaixonou

Mesmo assim espero muito a sua chegada
Não suportarei, só, esta saudade
Quero ver de novo a sua verdade
Em seus olhos brilhantes

Quero abraçar de novo
Esta reciprocidade
E voltar como era antes

Diz pra mim
Que está perto
O seu colo aconchegante.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Introdução à Poesia Social

Me desculpem o texto no lugar de uma poesia. Mas digo que este é só o prelúdio de um poema social:

Fato é que mais da metade de nossos impostos pagos vão para grandes empresas e corporações e voltam para nós com mais taxas e mais impostos. Ou seja, pagamos para pagarmos de novo. Instituições que deviam ser beneficiadas com grande parte de nossos impostos têm suas verbas desviadas ou simplesmente mal administradas. Isto tudo é fruto de um paradoxo que gera a contradição de objetivos entre governo-mercado-população. Enquanto que serviços básicos humanos deviam ter o objetivo de educar (ensino), deslocar (transporte) e alimentar (cesta básica), eles estão sendo substituídos - na verdade JÁ foram substituídos - pelo objetivo mercadológico empresarial que se importa com somente o fluxo de capital.
Este é o preço que pagamos por tentarmos transformar o social em capital. Mas não digo que tudo deve ser desenvolvido socialmente. O capital é NECESSÁRIO (principalmente por sua concorrência) para a evolução da qualidade e teconologia de vários setores como engenharia e saúde. O ideal é que tudo se equilibre, que os objetivos capitais sejam base em instituições capitais (empresas de telecomunicações, aparelhos eletrônicos, saúde, móveis etc) e que os objetivos sociais sejam base em instituições de desenvolvimento social (ensino, transporte, alimentação e moradia).

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Vozes mudas

É triste ouvir na rádio
As verdades das mentiras
Sentindo à pele o vão das iras
Confortando-se ao sofá

Seria hipócrita o idealista
Que, de costas, proclama
E, de frente, reclama
Para a tela de um computador?

Seria ideal uma hipocrisia
Que, de costas, cria capital
E, de frente, declama um ideal
À posse da rosa vermelha incolor?

É triste acreditar no jornal
E seguir a voz de um genial
Somente copiar as cordas vocais
Destruir pensamentos originais

Ninguém dirá que há violência
Se vossa excelência emissora
Não proclamar com insistência
O carrasco da masmorra

Há preguiça em todos
Para ativar a voz escondida
Que já se faz de muda
Na paixão ferida
Da orelha surda
De tanto ouvir na vida
A mentira de notícias absurdas
E a verdade de notícias suspendidas

O povo grita da dor de ouvido
O povo grita da dor de ouvido
O povo grita
A dor de ouvido aumenta
A cada grito
Mas o povo grita
A dor aumenta
O povo grita
E nem ao menos tenta
Calar a boca
Desligar a tevê
Esperar conhecer
Para depois agir
E então planejar
Um objetivo a seguir
Sem precisar idealizar
Mas sim garantir
A mudança que irá
Fazer a dor sumir
E o ouvido sarar

Para poder SE ouvir.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

O Ano me Contou

O ano passa, mas ainda há fome
O ano passa, mas cadê as glórias?
O ano passa, mas guerra não some
O ano passado me contou histórias...

O ano passado me contou
Que um simples crime comum
Pode se tornar a única notícia em todo o país
Triste jornalismo brasileiro infeliz.

O ano passado me contou
Que a prefeitura investe na propaganda
Muito mais do que na cultura e educação
Triste governo de imagem (sem) ação

O ano passado me contou
Que a esquerda ficou rouca ao entrar no poder
Porquê gritara muito antes de vencer
Triste paradoxo implícito na tevê.

E agora vem o ano novo
Cheio de esperança, paz e alegria
Não falta amor, prazer e harmonia
Mas falta realidade no meio desta euforia

Não se prenda em um apertado cinto
Não se deixe levar pelo que ouve
Pois o ouvido é SOMENTE um sentido
Não se esqueça que existem cinco
Que podem lhe explicar o que realmente houve
No jornalismo infelizmente extinto.

Seja sempre o próprio Deus
Não se ajoelhe e reze por desejos
Não espere por uma estrela cadente
Pois ela só brilha na sua mente.

Ande, não fique aí somente
Conquiste o sonho com seu suor
Enfrente a guerra com muito amor
Pois assim estará sorrindo para um ano melhor

O segredo do feliz ano novo
É calçar um novo sapato brilhante
E nunca deixar de lado
Aquele sapato velho sufocante
Mas sim consertá-lo e lustrá-lo novamente
Para que além do calçado novo
Você possa ter uma oportunidade diferente
De calçar novamente
Aquele sapato que sempre brilhou intensamente.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Estrela Cadente

Há quem peça um brilho
Da estrela cadente
Que cai à lua nascente
Transformando meia-bocas em um sorriso transparente

Mas não há, realmente
Uma teoria concreta
Para explicar o porquê

A estrela apenas passa
Brilha, cai e some
Cria esperança à dor escassa
Mas não mata fome do prazer

De fato, não há como progredir
A esperança cria a escada do sucesso
Mas sem acreditar e confiar em si
Não tem como subir e sentir o progresso

Muitos tentam se iludir
Com uma sorte que promete chegar
Então uma estrela cadente vem surgir
Para, sem querer, a situação piorar

Ninguém tenta
Ninguém enfrenta
Só deixam-se levar
E aguardar a sorte

Ninguém pensa
Ninguém agüenta
Só querem se esquentar
No colo de alguém mais forte

Estrela cadente só brilha por beleza
Não há, de fato, um poder na natureza
Capaz de realizar sonhos de quem deseja
Sonhos só tornam-se realidades
Quando são alcançados com vontade
E refrescados pelo suor da intensidade

Deve-se continuar andando, seguindo seu caminho
Correr é andar mais passos sem pensar
Chega-se mais rápido, porém tende a tropeçar
E o tropeço vem para lhe deixar caído, sozinho

Ande, em passos largos e resistentes
Pois quem pára é indiferente
Às perspectivas ao seu redor

Ande, continue seguindo seu caminho sempre
Pois quem corre é inconsciente
Às estratégias de um pensar melhor

Ande, não fique aí somente
Conquiste o sonho com seu suor
Enfrente a guerra com muito amor
Pois assim estará sorrindo para uma vida melhor

Enquanto os outros continuam à espera
De uma estrela cadente chegar à terra
E sumir por brilhar menos intensamente
Do que a verdadeira Lua que nos guia à frente.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Febre do Apaixonado

Da calmaria à excitação, o meu
Corpo relaxa e agita felizmente
Com euforia e emoção, eu sei
Que sou feliz novamente

Por ter alguém para chorar
E viver à frente da união
Para com o dedo poder secar
As lágrimas quentes da paixão

Renovado eu sinto-me inteiro
E sento-me à cama satisfeito
Por completo sei que estou perfeito
Por amor me deito livre no seu leito

Protejo-lhe com as minhas palavras
Acolho-lhe com meus abraços
Sinto-lhe desejar-me

Protege-me com sua alma
Acolhe-me com seus amassos
Sinto-me desejar-lhe

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Febre do Solitário

Sinto a febre do solitário
Carente em meus desejos
Mas satisfeito pelo recebido
Inicio um novo diário vivido

Sinto a dor da dúvida
Do que ocorreu não tenho certeza
Este sentimento me corrói
Trocando a felicidade pela tristeza

Confio demais para desconfiar
Mas desconfio que está faltando
Algo para o quebra-cabeça completar

Suspiro demais para deixar pra lá
Preciso conter minha respiração
E me libertar dessa união
Entre a solidão e o irritar

Seria mais fácil eu
Esquecer de quem já me esqueceu
E seguir por onde puder andar
Por onde souber correr
E por onde me apaixonar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Senti (música)

Fujo dos teus olhos como fujo do alto mar
Pois eu tenho medo de me apaixonar
Sempre que te vejo me perco de emoção
Só tenho um desejo: conquistar o seu coração

Mas sempre que tento fugir
Me apego mais então
Nem tudo que eu quero consigo
Mas não será em vão

Se eu puder continuar a nossa história
Juro que haverá muita coisa pra contar
O tempo não espera, mas passa devagar
Sempre que beijo sua boca, não consigo parar


Eu não vou desistir, não
Seguirei o caminho dessa paixão
Quando estou perto de ti, perco o chão
Quando estou perto de ti, perco o chão

Senti que não posso viver sem ti
Senti que não posso viver sem ti
Senti que não posso viver sem ti
Sem ti não posso viver, senti.