Estou incerto dos meus fatos
Não conheço a mim direito
Capaz de ver-me a raíz
Do que sofro infeliz
Estive morto por um tempo
Não conheço a mim mesmo
De um lamento, me desprezo
De alegria, menosprezo
De saudade, me acanho
De verdade, me disperso
De amor, me desconexo
De mim mesmo, estou perplexo
Sou quem sou ou quem eu era?
Nem sequer sei a resposta
Não estou com a vida exposta
Mas já sofro por outrem
Sem saber do que convém
Sem perder já sou ninguém
E se ganhei não vi de quem
Tento lutar mas não consigo
Desconhecer-me é um perigo
Já não mais sei se estou ferido
Ou se procuro por abrigo
O que me importa está esquecido
O que me aquece foi perdido
O que me esfria, proliferou
Estou com frio, sem cobertor
O diferente interessante
Hoje é só um estranho
Falo cego, prego e calo
O que eu era antes
Em mim tornou-se raro
Tudo é simples, burro e chato
Tudo é pouco, muito ou caro
Eu costumava ver a frente
Hoje escondo-me na lente
Suja e distorcida
De um universo sorridente
À mim, decadente
Quem eu era me fazia feliz
Me fazia feliz pelo que eu era
Hoje travo-me uma guerra
Entre mim e a mim
Minha sanidade eu perdi
Estou longe do que sou
Preso a um corpo desorientado
Estou certo de que há algo errado
Mas estou errando por algo já consertado
Tranquei-me em outro por um desagrado
Sou menos de mim, e me degrado
Sobre meu corpo, sou condenado
Não encontro a chave, encarcerado
Pelejo a ver quem sou de fato
Salvo eu era, indeciso e curioso
Hoje, sujo e furioso
Prego mal aos meus próximos
E o bem ao meu novo osso
Que, de cálcio, está escasso
E nem por isso eu o almoço
Porque meu corpo fala mais baixo
Quero apenas um caminho
Um atalho, uma saída
Que me leve, ou não, sozinho
Por uma alternativa
De voltar a ser quem era
E não sofrer por ser mim mesmo
Assim, de agora, insatisfeito
Quero viver direito
Ninguém é só perfeito
Nem também é só defeito
Mesmo assim rotulo e queixo
Sou mais voz que coração
Vivo em plena escuridão
Sem saber qual é o eixo
De toda essa lamentação
E o rancor deste meu peito
Consome em mim a minha razão
Faz de quem sou um resmungão
Me empobrece a paixão
Que antes vivia sem desleixo
Mal digo quem sou eu agora
Porque a mim eu desconheço
Queria muito a luz do atalho
Me dizer no que eu falho
Me mostrar o meu caminho
Que pra sempre andei sozinho
Sem preocupar-me com o vazio.
sábado, 17 de setembro de 2011
Ao Vento de um Lamento
Seja a verdade inconclusa
Seja diferente
Daquilo que se acusa
Ou daquilo que se tente
Não haverá por si a dúvida
Nem se houver algum vidente
Capaz de ver-lhe indiferente
De uma nova branda fúria
Quem mais dirá da gente
Senão a própria estória
Contada em glória
Contada à frente
Quem mais verá o dia
Nascer demente
Ninguém mais terá agonia
De crer-se imponente
Diante da mais louca euforia
Dum sol estridente
Salve a dúvida da alegria
Ou culpe a dor do indigente
Romances morrem sem amor
Tragédias vivem sem rancor
E ninguém se importa com a gente
Poderia ser diferente?
Seja diferente
Daquilo que se acusa
Ou daquilo que se tente
Não haverá por si a dúvida
Nem se houver algum vidente
Capaz de ver-lhe indiferente
De uma nova branda fúria
Quem mais dirá da gente
Senão a própria estória
Contada em glória
Contada à frente
Quem mais verá o dia
Nascer demente
Ninguém mais terá agonia
De crer-se imponente
Diante da mais louca euforia
Dum sol estridente
Salve a dúvida da alegria
Ou culpe a dor do indigente
Romances morrem sem amor
Tragédias vivem sem rancor
E ninguém se importa com a gente
Poderia ser diferente?
Assinar:
Comentários (Atom)